23 de agosto de 2014
A terceira idade é uma realidade para uma parcela cada vez maior da população. Estamos envelhecendo. As famílias têm tido menos filhos e estão preocupadas cada vez mais com a vida profissional. Mas, se estamos todos envelhecendo, quem cuidará dos idosos? Outros idosos. Uma pesquisa realizada recentemente pela Universidade de São Paulo (USP) constatou que 40% das pessoas que cuidam de idosos doentes são também idosas e, principalmente, mulheres.
Elas assumem este papel, pois não querem atrapalhar a vida profissional ou pessoal dos seus filhos, não pedem ajuda e, assim, agregam funções que muitas vezes são dolorosas e desgastantes. Mas o impacto na saúde do cuidador idoso é enorme. Com uma carga maior de estresse, ele está mais propenso a ter problemas físicos e psicológicos do que a população idosa em geral. Por causa do desgaste, ele acaba negligenciando a saúde do outro, não por querer, mas pelas condições em que se encontra.
De acordo com Eduardo Chvaicer, empresário e master franqueado da Right at Home no Brasil, líder mundial em cuidados com idosos em domicílio, só em São Paulo vivem 1,4 milhão de idosos acima de 60% (12% da população). “A maioria tem duas doenças ou mais (80%). Entre 80 e 90 anos, 20% deles apresentam algum tipo de demência – a partir dos 90 anos, esse número é de 40% e pode piorar.
Imagine ter de cuidar do marido que não tem nenhuma recordação? Acreditem, é triste e doloroso, pois os idosos com demência esquecem e voltam a ser crianças, e essa realidade é dura demais para quem não tem preparo profissional e psicológico.” De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Rio Preto, a população total de idosos na cidade é de 56.184, sendo 25.726 com 70 anos ou mais. O mundo está envelhecendo, e esse grupo precisa ser olhado com mais atenção.
Ajuda
Ainda de acordo com Chvaicer, é fundamental o auxílio de um cuidador profissional. “Quando não existe a figura desta pessoa qualificada para a função, quem assume a responsabilidade de cuidar do idoso tende a sofrer calado e pode ficar com depressão, fadiga, frustração, além de reduzir o convívio social e diminuir a autoestima.
Pode até se tornar intolerante e amargo, distanciando-se da pessoa cuidada e da família. Em casos extremos, pode morrer antes mesmo do idoso que está recebendo o cuidado”, alerta. Será que para o idoso ter alguém da família ao lado é mais importante do que ter um cuidador? O empresário acredita que nem sempre. “É importante para o idoso ter alguém que se dedique a ele, seja paciente e carinhoso, e que motive e dê maior qualidade de vida.
Nem sempre a pessoa da família poderá oferecer isso. Já me deparei com familiares que pouco ou nada se dedicam aos pais. Não julgo o comportamento desses familiares e não deixo meus funcionários julgarem. “Porque não sabemos o histórico daquela família”, diz.
Aos 77 anos, Maria Petrina Borges cuida do marido de 81 anos, que tem doença de Alzheimer. “Vou completar 60 anos de casada em dezembro desse ano. Há 8 anos que ele está bem doente, mas antes disso já não estava muito bem e, agora, está cada dia pior”, conta. A vida da idosa não é nada fácil. “Tive seis filhos, um faleceu e os outros cinco passam meses sem ligar ou aparecer em casa”.‘Faço tudo sozinha’, diz Maria
Acabam vindo quando precisam levar o pai ao médico, senão eu quase não os vejo. Cuidando do meu marido, tenho algumas vezes a sensação de que estou presa. A casa toda tem cadeado para ele não fugir”, diz. Além de cuidar do esposo, que não tem condições de fazer nada sozinho, dona Maria cuida da casa, faz faxina, paga as contas, vai ao supermercado, tudo sem contar com a ajuda de ninguém. “De manhã, ele dorme bastante. Então, aproveito as manhãs para ir ao supermercado ou pagar alguma conta.
Deixo sempre algo para ele comer, caso acorde antes, mas dificilmente isso ocorre. À tarde, enquanto ele fica sentado no sofá, sem fazer nada, porque nem ver televisão ele gosta, eu faço os afazeres de casa. É muito sofrido. “Criaria mais seis filhos pequenos para não ter que cuidar de outra pessoa idosa e doente, mas não tenho condições financeira de ter alguém para me ajudar”, reforça.
A dona de casa diz que sofre calada. “Cuido dele por amor a Deus. Ele nunca foi um bom marido, mas foi com quem eu me casei, então ficarei aqui até o fim, mas sinto falta de viver. Ele não sabe nem quem eu sou. Me chama de senhora. Precisa de cuidados o dia todo. Sou eu quem dou banho, comida, limpo as necessidades. São poucas as vezes que ele lembra de ir ao banheiro. Normalmente, faz onde está, e sou eu quem preciso limpar”, conta, com pesar.
Os riscos para o futuro
É pensando em todos os riscos que um idoso possa ter ao cuidar de outro idoso que nenhuma empresa profissionaliza alguém na terceira idade. De acordo com Chvaicer, muitos cuidadores familiares podem vir a sofrer de depressão. A pessoa se isola de sua vida social, não descansa e sofre com a situação. “Dessa forma, sim, acho que um idoso cuidar sozinho de outro idoso pode ser prejudicial. A ajuda de um cuidador profissional facilita isso. Então, sempre digo aos filhos: dê carinho aos seus pais, pois eles passaram grande parte de suas vidas cuidando de você. Além disso, sabemos que vamos também passar por isso.”
Fonte: Diário da Web
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abs
Carla
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