Dr Fábio de Oliveira Ferreira
Na linguagem médica moderna utilizada em centros de referência em oncologia, tornou-se comum o uso de expressões como: “é importante que você seja tratado em ambiente multidisciplinar”, “vamos discutir seu caso em reunião multidisciplinar” ou, simplesmente, “seu tratamento será multidisciplinar.” Mas o que é tratamento multidisciplinar e por que esse conceito é tão importante?
Sempre que um diagnóstico de câncer é feito, o passo seguinte é determinar o que os oncologistas chamam de “estadiamento”. Do ponto de vista prático, “estadiar” significa completar a avaliação com exames complementares para verificar a extensão ou o “estágio” da doença. Sendo assim, a doença pode estar localizada, ter alguma extensão regional ou, eventualmente, apresentar as chamadas metástases, que são focos de doença originados a partir de células que migraram pela corrente sanguínea e se depositaram em algum órgão, ou migraram pelos canais linfáticos e atingiram os gânglios (linfonodos).
A depender da extensão da doença, será importante estabelecer qual a melhor sequência de tratamento. De forma geral, para tumores iniciais, pequenos e localizados, o tratamento é mais simples, muitas vezes feito através de uma cirurgia oncológica ou radioterapia exclusivas. Já nos casos de tumores com extensão para os gânglios ou com metástases para algum órgão, ou mesmo nas situações de tumores localmente avançados, maiores, é comum a necessidade de associação de tratamentos para aumentar as chances de controle local e cura. Nesse sentido, a sequência ideal das modalidades de tratamento deve ser estabelecida em conjunto por diferentes especialistas, de forma multidisciplinar.
Esses princípios não são diferentes na abordagem dos tumores de pele, onde se torna importante a decisão conjunta sobre o melhor caminho a ser seguido, envolvendo oncologistas especialistas de diferentes áreas: dermatologista oncológico (dermatologista especializado em tumores), cirurgião oncológico (cirurgião com treinamento especializado nas operações de câncer), oncologista clinico (clínico especializado no tratamento do câncer com quimioterapia, imunoterapia, hormonioterapia e drogas alvo) e radio-oncologista (oncologista especializado no tratamento do câncer com radioterapia). Além destes, a participação de outros especialistas é igualmente importante para que o diagnóstico e os exames complementares sejam precisos e permitam uma decisão acertada: patologista, radiologista, médico nuclear, geneticista, psicólogo, fisiatra, fisioterapeuta e nutricionista, entre outros. No caso dos tumores cutâneos, além destes, o cirurgião plástico especializado em reconstruções oncológicas (cirurgia plástica reconstrutora) também tem papel fundamental para garantir uma reconstrução estética e funcional, aspecto importante para a preservação da qualidade de vida. Também o ortopedista oncológico participa das decisões em situações de comprometimento mais profundo, quando há acometimento de músculos e ossos.
Agora fica mais fácil explicar o que é tratamento multidisciplinar. Como seria possível oferecer toda essa integração de especialidades sem a existência de um ambiente de trabalho conjunto? Diversos estudos já demonstraram que as chances de sucesso são maiores quando o tratamento é feito nos chamados “cancer centers”, “centros de oncologia”, ou “núcleos de oncologia”, ou seja, locais especializados no tratamento de câncer, com recursos tecnológicos específicos, onde há interação entre os diferentes especialistas, a fim de garantir o melhor tratamento oncológico. A oncologia da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês é um exemplo dessa forma de atuação. Núcleos de especialidades foram criados para garantir que o paciente seja visto por profissionais dedicados a áreas específicas. É nesse contexto que atua o Núcleo de Oncologia Cutânea e Sarcomas do Hospital Sírio-Libanês (NOCS-HSL), um grupo de médicos de diferentes especialidades, envolvidos no tratamento de pacientes com tumores de pele, tumores partes moles (gordura, músculos, tendões, nervos, vasos sanguíneos) e tumores ossos. Os especialistas do NOCS interagem o tempo todo visando a melhor prática médica, através de decisões colegiadas, compartilhadas com o paciente e sua família, escolhendo o caminho de tratamento de acordo com a melhor evidência científica, ajustada às particularidades de cada caso, valorizando assim o conceito de medicina personalizada.
Tratamento multidisciplinar é, portanto, a abordagem que deriva de um plano terapêutico estabelecido a partir da interação de especialistas, atuando em conjunto em um centro de referência, preocupados com o melhor tratamento para cada caso. Se você precisar de tratamento, orientação, 2ª opinião ou simplesmente quiser tirar dúvidas sobre câncer de pele, tumores de partes moles ou tumores ósseos, teremos o maior prazer em ajudá-lo.
FONTE: https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/blog/oncologia/o-que-e-tratamento-multidisciplinar
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