Qual é sua principal dúvida sobre o tratamento da hemodiálise? Fizemos essa pergunta aos nossos mais de 3.600 amigos no Twitter, Orkut e Facebook, com o objetivo de levar informações relevantes para os pacientes renais. Todas as questões foram respondidas pelo médico nefrologista da Fundação Pró-Rim, Dr. Hercilio Alexandre da Luz Filho. Confira:
- Quais são os cuidados com a fístula antes e depois da hemodiálise?
A fístula é a ligação da artéria com a veia, que se dilata e cresce. No dia a dia, o cuidado deve ser não traumatizar aquele local, não bater, porque pode formar hematoma e comprimir a circulação, fazendo com que a fístula deixe de funcionar. Outro cuidado é não deixar infeccionar. Por exemplo, o paciente não deve tirar sangue em laboratório no braço da fístula, pois sua finalidade específica é puncionar durante a diálise. Para que não haja infecção de pele, o paciente deve lavar o braço muito bem antes da diálise (além da assepsia que é feita pela enfermeira).
- Quais os aspectos legais e regionais sobre a existência ou não de tratamento psicológico e terapia ocupacional para pacientes em hemodiálise?
Pela lei que regulamenta a diálise no Brasil, as três terapias associadas obrigatórias na unidade de diálise são psicologia, nutrição e assistência social. A terapia ocupacional, assim como a fisioterapia, são complementos não obrigatórios. Com relação à psicologia, deve haver, pelo menos, uma avaliação por paciente, sendo que os que necessitam de maior apoio devem ter assistência, se possível, em toda diálise.
- Considerando a técnica de diálise atual, qual a expectativa de sobrevida de um paciente em programa de hemodiálise, sem transplante?
Na Fundação Pró-Rim temos um paciente, o Sr. José Santana, que em dezembro de 2011 faz 30 anos de diálise. E durante todo esse tempo a mesma fístula foi puncionada, mas sabemos que essa não é uma situação comum. Pelos meus 30 anos de experiência médica, afirmo que o paciente vive muito bem nos primeiros 5 anos de diálise. A sobrevida média, segundo a literatura, é de 10 anos, mas sabemos que isso depende de muitos fatores, como serviço, atendimento, horas de diálise, etc.
- Quais as complicações esperadas para este paciente em consequência da hemodiálise?
As complicações estão principalmente relacionadas aos sistemas cardiovascular e ósseo. Por isso, o paciente pode dialisar sem problemas durante 5 anos e, após esse tempo, começar a se preparar para o transplante, justamente por causa dessas complicações. O paciente que não pode fazer o transplante terá que ter mais cuidado com a parte óssea e com a alimentação.
- Gostaria de saber o que realmente é proibido comer durante o tratamento de hemodiálise.
Não costumamos prescrever uma dieta rígida, mas é bom evitar alimentos que contenham muito sal (se o doente for hipertenso), e alimentos que contém muito potássio, como enlatados, banana e laranja. A restrição maior seria para alimentos que contenham potássio.
- Como funciona o fluxo, o capilar e o reuso?
Capilar é por onde entra e sai o sangue. O reuso do capilar é permitido por lei e regulamentado nas normas de diálise. Pela legislação, se houver máquina de reuso, o dialisador pode ser reaproveitado até 20 vezes. Quando o reuso é manual, 12 vezes. O capilar é um tubo com dois compartimentos e com um feixe de fibras de celulose por onde circula o sangue, que entra por um lado do capilar e percorre todo esse feixe até o outro lado. A troca se dá por difusão, que é a saída do mais para o menos concentrado. Então, ureia e creatinina, por exemplo, que estão altos, vão para o líquido de diálise. E o sódio e o potássio, presentes em nosso sangue e no líquido de diálise, se equilibram. Como esse fluxo é contínuo, as trocas ocorrem durante toda a diálise e o sangue é purificado dessa forma.
- Quantos por cento do sangue passa pela máquina na hora da hemodiálise? Até quanto sai de líquido em uma sessão?
Circula dentro do capilar em torno de 72 litros de sangue por cada sessão de 4 horas. A quantidade de líquido que sai por sessão depende do fluxo da bomba, do fluxo do dialisado, do tipo de dialisador, do tempo de diálise e da pressão negativa colocada pela prescrição da diálise. O paciente pode perder de nada até 10 litros, dependendo desses fatores. Mas a perda média é em torno de 1 litro por hora. Numa sessão de 4 horas, a pessoa perde de 3 a 4 litros.
- De que forma a síndrome nefrótica pode levar à hemodiálise? Essa doença atinge muitas crianças?
A síndrome nefrótica não é uma doença, é uma síndrome, ou seja, uma reunião de sintomas. Dá inchaço, perda de proteína acima de 3,5 gramas em 24 horas (a perda normal é de até 150 miligramas) e aumento de colesterol. Podemos dizer que a síndrome nefrótica se caracteriza por edema, perda elevada de proteína e hipercolesterolemia. Ela sempre tem uma causa, existe uma doença por trás, que geralmente é uma glomerulonefrite de lesão mínima. Na infância é benigna, na maioria dos casos. Com o tratamento à base de corticoide, a síndrome desaparece. No entanto, existem outras causas de síndrome nefrótica que não respondem a corticoide. A minoria delas pode evoluir, podendo se tornar uma doença renal crônica. No adulto, ela se comporta de maneira mais agressiva.
>Síndrome Nefrótica: causas, sintomas e tratamento. Tire suas dúvidas sobre essa doença.
- Além de insuficiência renal tenho problemas cardíacos. Poderia fazer transplante assim mesmo? Meus médicos disseram que terei de fazer duas cirurgias de ponte de safenas.
É muito recomendado que você resolva primeiro a insuficiência coronariana para depois fazer o transplante. Faça sua hemodiálise direitinho, fique compensado para a cirurgia, faça a cirurgia de ponte de safena e depois se submeta ao transplante renal.
- Não existe um tratamento que não seja tão demorado e tão difícil de suportar?
Infelizmente não existe. A duração da sessão de diálise pode durar em torno de 4 horas ou conforme prescrição médica. Segundo a literatura podem variar os parâmetros da sessão como tempo, frequência e outras necessidades conforme o quadro clínico do paciente e a análise da equipe médica. No entanto, os pacientes devem ter em mente o seguinte: quem tem uma insuficiência cardíaca ou hepática grave tem que fazer o transplante, senão corre risco de morte. Não existe máquina para substituir. Com a insuficiência renal crônica é diferente: existe o estágio da diálise, que prepara o paciente para o transplante e o mantém com uma qualidade de vida muito boa.
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs.
Carla
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