ABRALE – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia
Última atualização em 28 de julho de 2022
Essa infecção está em alta e a forma mais eficaz de evitá-la é por meio do combate ao mosquito Aedes aegypti
A dengue, em pacientes com câncer, é um quadro preocupante e que precisa de bastante atenção, especialmente quando se trata da dengue hemorrágica. De janeiro ao início de junho deste ano, o número de casos e de mortes por conta dessa doença já bateram os de 2021, por isso, é preciso estar atento e se prevenir. No caso de pacientes oncológicos, as medidas de proteção são as mesmas que as indicadas para a população em geral.
A dengue é uma doença infecciosa febril aguda causada por um vírus e transmitida por meio da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.
De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, entre 1 de janeiro e 4 de junho, foram registradas 504 mortes por conta da infecção e 1,1 milhão de casos prováveis. A quantidade de óbitos representa praticamente o dobro do número identificado durante todo o ano de 2021 e mais que o dobro de casos (544.460).
Prevenção da dengue
Como falado anteriormente, a forma de transmissão da dengue é por meio da picada do mosquito. Assim, segundo a UNICEF, a forma mais eficaz de prevenir essa doença é o combate ao mosquito.
Dessa forma, as principais medidas são evitar que esse agente transmissor apareça são:
- Verificar se a caixa d’água está bem tampada;
- Deixar as lixeiras bem tampadas;
- Colocar areia nos pratos de plantas;
- Recolher e acondicionar o lixo do quintal;
- Limpar as calhas;
- Cobrir piscinas;
- Tapar os ralos e baixar as tampas dos vasos sanitários;
- Limpar a bandeja externa da geladeira;
- Limpar e guardar as vasilhas dos bichos de estimação;
- Limpar a bandeja coletora de água do ar-condicionado;
- Cobrir bem a cisterna;
- Cobrir bem todos os reservatórios de água.
Além disso, algumas estratégias adicionais podem ajudar bastante também. Por exemplo, passar repelente e colocar tela em janelas e portas. O mosquito da dengue, geralmente, tem hábitos diurnos, especialmente ao amanhecer e ao entardecer, então, recomenda-se reforçar os cuidados nesses períodos. Mas, vale lembrar que ele também pode picar durante a noite também.
Dengue em pacientes com câncer
O Dr. Breno Gusmão, onco-hematologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, conta que uma pessoa com diagnóstico e em tratamento de uma neoplasia maligna é perigoso por dois motivos. O primeiro, é devido à queda na imunidade que esses pacientes costumam apresentar. Então, o corpo tem uma maior dificuldade para combater o vírus, podendo fazer com que um quadro mais grave se desenvolva.
Já o segundo motivo, é porque pode acontecer do momento do contágio coincidir com a queda de plaquetas – que pode ser provocada tanto pelo câncer, quanto pelo tratamento.
“Isso gera um maior risco de sangramento, de hemorragias. Ou seja, já sabemos que existe a variante da dengue hemorrágica, que é um caso grave e, se acomete um paciente que tem plaquetas mais baixas, isso pode agravar ainda mais”, o Dr. Gusmão diz.
No caso das leucemias, é importante lembrarmos que uma das alterações nas células sanguíneas que acontecem é, justamente, a queda nas plaquetas e/ou glóbulos vermelhos (anemia). Então, contrair a dengue pode intensificar ainda mais a baixa quantidade dessas células, causando eventos hemorrágicos graves.
Sintomas da dengue
No caso da dengue clássica, as manifestações mais comuns são:
- Febre alta (39ºC a 40ºC), de início repentino;
- Dor de cabeça;
- Cansaço excessivo e exaustão;
- Dores musculares, nas juntas e atrás dos olhos;
- Vermelhidão no corpo;
- Coceira;
- Náuseas, vômitos e diarreia não volumosa podem estar presentes, mas são menos frequentes.
Já na dengue grave, os sintomas mais comuns são:
- Alterações neurológicas (delírio, sonolência, depressão, coma, irritabilidade extrema, psicose, demência, amnésia);
- Sintomas cardiorrespiratórios;
- Insuficiência hepática;
- Hemorragia digestiva;
- Derrame pleural;
- Pintinhas vermelhas pelo corpo, hematomas ou sangramentos frequentes no nariz ou gengivas.
Diagnóstico da dengue
O primeiro passo que o médico realiza é avaliar os sintomas descritos pelo paciente. Em seguida, ele poderá solicitar alguns dos testes laboratoriais existentes. São eles o isolamento viral, o RT-PCR, e a detecção por ELISA ou por meio de testes rápidos do antígeno viral NS1 e de anticorpos IgM específicos contra o vírus.
Tratamento da dengue em pacientes com câncer
Para a população em geral, não há um tratamento da dengue específico. Os sintomas são tratados, porém não há um medicamento para combater o vírus em si. Para os pacientes oncológicos, o mesmo é feito, porém, é preciso ter uma maior atenção aos quadros de febre e sangramentos.
O Dr. Gusmão afirma que toda pessoa em tratamento oncológico que apresenta febre deve ser avaliada em um centro médico. Essa orientação é válida para qualquer situação que o paciente apresente febre, porém, no caso do diagnóstico de dengue, o cuidado deve ser reforçado.
“Na suspeita de dengue, todo paciente oncológico deve ser avaliado por um médico”, ele pontua.
Dentre as possíveis medidas para o tratamento da dengue estão terapias que forneçam suporte para lidar com os sintomas. Além disso, também pode ser preciso tratar as quedas no hemograma, por meio da transfusão de sangue e evitando medicações que favoreçam a hemorragia, como a aspirina.
No caso dos pacientes oncológicos, é um “contexto de maior gravidade pela fragilidade dos pacientes. Mas os tratamentos são os de suporte, tendo uma maior atenção para ser mais ativo na hora de dar o suporte adequado para os pacientes”, o Dr. Gusmão explica.
Existe vacina contra a dengue?
Sim, ela existe, porém não são todos que podem tomar. Ela é indicada somente para quem tem mais de 9 anos e já contraiu dengue algum.
Mesmo que o paciente oncológico já tenha contraído dengue em algum momento de sua vida, a vacina não está recomendada durante o tratamento. Isso acontece porque “na bula do próprio fabricante, a recomendação é para pacientes saudáveis”, o Dr. Breno Gusmão finaliza.
FONTE: https://abrale.org.br/
https://revista.abrale.org.br/saude/
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
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