22 de dezembro de 2020
Última atualização em 5 de outubro de 2022
Apesar da possibilidade, isso não deve ser motivo de pânico. Mas é preciso ficar alerta
O Dr. Felix Ramires, cardiologista e coordenador do Programa de Insuficiência Cardíaca do HCor conta que tanto os casos de doenças cardiovasculares, quanto de câncer estão em crescimento no mundo inteiro.
“Isso faz com que as curvas de incidência e prevalência comecem a se sobrepor. Então nós temos um aparecimento de novas doenças neoplásicas e a incidência de doenças cardiovasculares muito próximas. Como os fatores de risco são semelhantes, bom aí essas populações se aproximam muito”, diz.
As estimativas e estatísticas vão ao encontro da fala do cardiologista. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), entre os anos de 2018 e 2019, seriam diagnosticados 600 mil casos de câncer. Enquanto que para o triênio 2020/2022, são 625 mil novos casos. Já de acordo com o Cardiômetro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, em 2016 foram mais de 362 mil mortes por doenças cardiovasculares. No início de dezembro de 2020, a estimativa era de quase 390 mil mortes no ano.
“Essa prevalência muito grande dessas duas doenças associadas permitiu a criação de uma subespecialidade na cardiologia, que é a Cardio-Oncologia. Hoje nós temos essa subespecialidade dentro da cardiologia, que, justamente, vê o acometimento cardiovascular em pacientes oncológicos”, o médico explica.
Fatores de risco do câncer
Fatores de risco são componentes que aumentam a chance de uma pessoa desenvolver uma doença, nesse caso, uma neoplasia maligna. Os principais são: consumo de álcool, fumar, sedentarismo, diabetes, obesidade e má alimentação. Coincidentemente, esses hábitos também podem ser responsáveis pelo aparecimento de doenças cardiovasculares.
“Então, isso faz com que essas duas modalidades de doenças, as cardiovasculares e neoplásicas, coincidam muito em relação à população que é acometida”, o Dr. Ramires conta.
Considere que uma pessoa tem alguns dos fatores de risco mencionados, desenvolve um câncer e é submetida ao tratamento. Então, ela também já tinha maior probabilidade de ter doenças cardíacas, devido aos hábitos, e, é possível que ela seja submetida a um tratamento que tenha algum grau de cardiotoxicidade. Assim, ela terá uma chance ainda maior de ter disfunção cardíaca.
Cardiotoxicidade por quimioterapia
Na verdade, não é só a quimioterapia que pode causar esse quadro. A toxicidade para o sistema cardiovascular é variável e depende do esquema terapêutico utilizado.
Certas estratégias com quimioterápicos são diretamente tóxicas ao órgão, fazendo com que ele perca um pouco de força. Podendo causar, assim, insuficiência cardíaca. Outros protocolos podem levar ao aumento da pressão arterial, ou a uma maior incidência de trombose e tromboembolismo, ou alteração na circulação coronária – podendo causar infarto ou isquemia miocárdica.
“Essas situações são possíveis, dependendo do tratamento, prescrito para aquela pessoa. E dependendo também, obviamente, da doença neoplásica, nós temos diferentes formas de cardiotoxicidade Porém, sem alarmismo, porque isso, de fato, tem uma prevalência não tão grande”, salienta o especialista.
Já no caso da radioterapia realizada na região do tórax, pode causar um acometimento no pericárdio, que é uma membrana que envolve o coração. Dessa forma, ela pode ficar mais grossa e endurecer.
Da mesma forma, os imunoterápicos podem levar à miocardite, uma inflamação aguda no coração, e é possível que os anticorpos monoclonais causem uma lesão cardíaca.
“Sim, qualquer paciente pode ter risco de desenvolver cardiotoxicidade. Mas, aqueles que já tem fatores de risco para doenças cardiovasculares presente, então aquele que já é diabético, tem hipertensão, colesterol alto, que é tabagista , ou seja, que reúne fatores de risco para as doenças cardiovasculares, sem dúvida se mostra como uma população de maior risco”, o médico informa.
O mesmo vale para pacientes que já tiveram problemas prévios de coração. Por exemplo, já tiveram infarto ou fizeram ponte de safena.
Pessoas que realizaram o tratamento oncológico enquanto jovem, também têm mais probabilidade de desenvolver questões cardíacas quando mais velhos. Isso acontece porque, além da questão da terapia antineoplásica, pode passar a ter diabetes, hipertensão etc.
Cardiotoxicidade em pacientes de leucemia e câncer de mama
O estudo publicado no Journal of Clinical Oncology apontou que os pacientes com leucemia e câncer de mama são os que têm maior risco de desenvolver problemas cardíacos. O aumento é de 4,2 vezes para o primeiro grupo e 3,6 para o segundo.
“Isso acontece porque as estratégias utilizadas no tratamento antineoplásico dessas doenças são quimioterápicos, por vezes, mais cardiotóxicos. Além disso, quando falamos do câncer de mama, ao acrescentar a radioterapia na região da mama, que é a região torácica, aumenta ainda mais a chance de desenvolver a cardiotoxicidade”, o Dr. Ramires informa.
Ele reforça que não é motivo para pânico, mas sim que esse dado deve ser visto como uma necessidade de realizar monitoramento.
“Por isso, foi criada a Cardio-Oncologia que, justamente, monitora esses pacientes desde o início da sua terapia antineoplásica. Assim, podemos detectar qualquer sinal de toxicidade da maneira mais precoce possível para que seja feita alguma intervenção”, diz.
Sinais e sintomas de cardiotoxicidade
De acordo com o cardiologista, se o esquema provoca mais trombose, os sintomas são de trombose, podendo ser na perna ou uma embolia pulmonar. E assim por diante. Entretanto, o mais comum é que a cardiotoxicidade faça com que o coração perca sua força, por isso os principais sintomas de insuficiência cardíaca são:
- cansaço fácil
- passar a sentir falta de ar em atividades que antes eram realizadas normalmente
- fadiga crônica
Em quanto tempo a cardiotoxicidade pode aparecer?
Isso varia conforme o esquema terapêutico utilizado para combater o câncer. Algumas estratégias quimioterápicas podem levar a manifestações de cardiotoxicidade seis meses, um ano depois do final do tratamento. A radioterapia pode levar até 10 anos, 15 anos para ter essa manifestação.
“No câncer de mama e pulmão, por exemplo, quando não se usa associação de dois quimioterápicos é uma manifestação clínica mais tardia. Porém, com uma associação que é muito comum de ser utilizada hoje, principalmente com o anti-RER, as manifestações da cardiotoxicidade são mais precoces. Por vezes, durante o tratamento quimioterápico”, explica o médico.
Nessas situações em que o quadro se manifesta enquanto a terapia ainda está sendo realizada, a Cardio-oOncologia e a Oncologia passam a trabalhar juntas. Assim, analisa-se quais as opções para tratar coração e câncer ao mesmo tempo, sem que uma terapia interfira na outra.
A decisão, tomada pela equipe multidisciplinar, geralmente, envolve administrar medicamentos menos cardiotóxicos. Mesmo que a droga não seja mais efetiva contra aquele tumor. Com essa substituição seria possível continuar a intervenção terapêutica para o câncer e, ao mesmo tempo, tratar o coração.
“O grande papel do cardio-oncologista é justamente fazer o melhor possível na cardioproteção para evitar a necessidade de interrompimento. Entretanto, quando essa cardiotoxicidade atinge níveis em que o coração perde muita força, pode ser necessário interromper o tratamento antineoplásico”, o doutor conta.
É possível prevenir?
O primeiro passo é controlar os fatores de risco, ou seja, diabetes, pressão alta, suspender o tabagismo e praticar exercícios. Isso deve ser feito desde o início da terapia oncológica.
Também é fundamental que seja feito um monitoramento de perto, junto com a equipe multidisciplinar.
“E
essa monitoração faz com que nós consigamos detectar, de uma maneira
muito precoce, por meio de exames, as alterações da função do coração.
Dessa forma, podemos rever o tratamento oncológico, bem como iniciar um
esquema cardioprotetor com algumas medicações”, finaliza o Dr. Felix
Ramires.
CÂNCER BILIAR, LÚPUS, LEUCEMIA
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs.
Carla
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