20 de outubro de 2021
Última atualização em 23 de novembro de 2021
Apesar de ambas as doenças se desenvolveram nas células-tronco e estarem relacionadas com o sangue, elas são bastante distintas
Leucemia e mielofibrose são duas neoplasias que possuem diversas diferenças por conta das características genéticas de cada uma delas. Inclusive, há diferenças significativas entre os pacientes da mesma patologia. Ou seja, nem sempre duas pessoas com mielofibrose, por exemplo, têm a doença com aspectos idênticos. E o mesmo vale para as leucemias. Por outro lado, elas apresentam algumas similaridades, como os tipos de sintomas, e por isso devem ser analisadas por médicos especialistas.
A mielofibrose se encaixa no grupo das neoplasias mieloproliferativas crônicas, de acordo com a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela se desenvolve devido a mutações genéticas que ocorrem nas células-tronco, fazendo com que elas passem a se diferenciar e renovar de forma defeituosa. Por conta dessas mutações, as fibras que sustentam as células-tronco ficam mais grossas e endurecidas, como se fossem uma fibrose (cicatriz) na medula óssea.
Já a leucemia é um câncer que também tem início nas células-tronco da medula óssea e se desenvolve por conta de mutações genéticas. Mas, nessa doença, as anomalias fazem com que as células sanguíneas se tornem malignas e, com isso, elas passam a atrapalhar a produção de células do sangue saudáveis.
Diferenças entre leucemia e mielofibrose
O Dr. Renato Sampaio, chefe do Serviço de Hematologia do Hospital das Clínicas da UFG, ressalta que o termo “leucemia”, por si só, engloba doenças bastante diferentes entre si.
“Falando de maneira geral, nas leucemias agudas temos uma proliferação descontrolada de células imaturas, levando a uma insuficiência medular grave. Isso gera um quadro clínico de instalação mais severa e necessita manejo e tratamento urgentes, envolvendo quimioterapia intensiva”, ele explica.
No caso das leucemias crônicas, os sintomas são menos intensos e, em algumas situações, como na leucemia linfoide crônica (LLC), pode-se optar por conduzir o caso apenas com observação. Enquanto que na mieloide crônica (LMC), é preciso realizar tratamento medicamentoso, mas é possível controlar, com eficiência, a doença.
Enquanto que na mielofibrose, “embora os pacientes possam apresentar sintomas importantes e variados, o quadro clínico é menos exuberante, quando comparado ao das leucemias agudas, e seu manejo se dá ao longo do tempo, sem a necessidade de controle urgente da doença”, o Dr. Sampaio conta.
Ele complementa afirmando que mielofibrose e leucemia são patologias únicas e devem ser compreendidas e tratadas de forma específica e distinta.
Mas, também há semelhanças
A principal similaridade é que ambas são neoplasias hematológicas malignas. Além disso, elas também podem causar alterações nas células sanguíneas. Por exemplo, queda nos glóbulos vermelhos (anemia) e plaquetas (plaquetopenia), alterações qualitativas e quantitativas nos leucócitos e aumento de órgãos, como o baço. Por conta disso, alguns dos sintomas da leucemia e da mielofibrose são parecidos, sendo os principais cansaço, falta de ar e palidez.
“A mielofibrose pode ser confundida, principalmente, com a LMC em algumas situações. Isso acontece porque as duas podem ocasionar leucocitose à custas de neutrofilia com desvio escalonado para a esquerda e esplenomegalia”, o especialista comenta.
Entretanto, um hematologista ou um clínico treinado na análise do hemograma tem conhecimento para diferenciar as duas doenças nas primeiras consultas.
“A velocidade de instalação dos sintomas e sua intensidade podem sugerir uma ou outra doença, e o exame físico ajuda a direcionar o diagnóstico. Mas a análise molecular e citogenética é capaz de diferenciar ambas de maneira segura. Assim, é essencial que não sejam realizados, e comunicados aos pacientes, diagnósticos precipitados, bem como é muito importante o encaminhamento precoce destes casos ao especialista”, o Dr. Sampaio pontua.
Ele ainda salienta que na mielofibrose, a biópsia de medula óssea é imprescindível, sendo impossível fazer seu diagnóstico sem ela. Além disso, a análise molecular e cariotípica também são essenciais. Elas servem tanto para diferenciá-la da LMC, como para firmar o diagnóstico correto e também estabelecer, de maneira adequada, seu prognóstico.
A mielofibrose pode virar leucemia
Cerca de 20% dos casos de mielofibrose vão evoluir para a leucemia mieloide aguda (LMA). De acordo com o médico, o porquê isso acontece, ainda não foi perfeitamente compreendido e esclarecido. Mas, essa transformação aparenta estar relacionada com novas mutações genéticas que as células sofrem.
Quando isso acontece, o tratamento é alterado e os médicos passam a tratar a LMA em si.
“Como se trata de uma doença predominantemente de idosos, em boa parte dos casos os pacientes não são capazes de tolerar esquemas quimioterápicos intensos, e os esquemas menos intensivos de tratamento irão conferir controle temporário. Nos pacientes mais jovens, fazemos a indução da remissão com quimioterapia intensiva, seguida de transplante de medula óssea (TMO) alogênico. É a única maneira de se tratar definitivamente a doença”, o Dr. Renato Sampaio conta.
É importante saber que, no caso de pacientes de mielofibrose jovens, caso eles tenham alto risco de transformação e sejam elegíveis ao TMO, a indicação é realizar o transplante antes da evolução acontecer. As leucemias, por sua vez, não se transformam em mielofibrose.
CÂNCER BILIAR, LÚPUS, LEUCEMIA
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs.
Carla
https://revista.abrale.org.br/
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