23 de fevereiro de 2021
Última atualização em 28 de julho de 2021
São necessários alguns cuidados extras, porém o controle e até a cura da doença são possíveis
Antes de mais nada, é importante relembrar que a leucemia é um câncer que acontece na medula óssea quando as células, ao se multiplicarem, sofrem uma mutação genética e passam a se reproduzir de forma descontrolada. A produção de um clone, célula do câncer, chamada, nesse caso, de blasto, torna ineficientes a fabricação das células normais.
O Dr. Philip Bachour, onco-hematologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, conta que a leucemia mais comum em idosos é a leucemia mieloide aguda (LMA).
“Em boa parte dos casos, ela pode ser precedida de uma doença chamada síndrome mielodisplásica. Esclareço que a mielodisplasia é uma doença muito heterogênea. Antigamente, chamada de pré-leucemia e, por vezes, de anemia do idoso. Certamente, nenhum destes nomes é adequado”, ele comenta.
Quando a doença aparece nessa população, ela acontece de forma diferente quando comparada aos adultos e jovens. Isso acontece, principalmente, devido às características citogenéticas e moleculares das células cancerosas.
No caso das leucemias agudas, LMA e leucemia linfoide aguda (LLA), o médico diz que essas alterações atribuem características mais agressivas à evolução do câncer. Além disso, também pode significar uma maior resistência aos tratamentos.
“Outro problema que impacta no resultado do tratamento são as doenças associadas à idade e disfunções orgânicas, comuns nesse grupo. Tornando-os frágil e, por vezes, impedem tratamentos mais intensos necessários para aumentar as chances de cura”, o hematologista explica.
Sintomas da leucemia em idosos
- Fadiga
- Palidez
- Febre
- Cansaço excessivo
- Sangramentos na gengiva e nariz
- Manchas roxas no corpo
- Petéquias (pequenos pontos vermelhos) pelo corpo
- Perda de peso
Todos esses sintomas estão relacionados à diminuição da produção de células sanguíneas saudáveis. Por exemplo, o sangramento, as manchas (hematomas) e petéquias acontecem por conta da baixa quantidade de plaquetas, responsáveis pela coagulação do sangue.
“Exames como um simples hemograma podem ajudar na suspeita diagnóstica. Comumente, encontramos disfunção de duas ou mais séries no hemograma destes pacientes. Ou seja, podem ter anemia (diminuição da contagem de hemácias e hemoglobina) com plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas). Ou também aumento ou diminuição do número de leucócitos (a depender do tipo de leucemia)”, o Dr. Bachour fala.
Ele alerta, entretanto, que quando os sintomas e sinais acontecem de forma isolada, não necessariamente é leucemia. Isso acontece porque eles podem estar associados a diversas doenças benignas.
Qual o tratamento feito para leucemia em idosos?
Há diversos métodos que podem ser utilizados para o tratamento de leucemia nessa população. Nos dias atuais, existem terapias com o objetivo de curar, como a quimioterapia de alta intensidade e terapias-alvo, ou controlar a doença, também feito com terapia-alvo. Essas novas opções têm apresentado melhores respostas e redução das complicações clínicas.
Cada paciente deve ser avaliado para que o onco-hematologista possa identificar qual a melhor escolha de terapia. Para isso, o hematologista revela que existem alguns desafios. O primeiro é a identificação do subtipo da leucemia, feita por meio de exames moleculares. Eles indicam o nome da doença, risco (agressividade da evolução) e também podem apontar terapias-alvo que melhor funcionam como tratamento
“Esses exames nem sempre estão disponíveis, e têm sua cobertura recusada em virtude de um Rol da ANS desatualizado. No sistema público o problema se repete, visto que o acesso ou disponibilidade está restrito a poucos centros no país”, o médico detalha.
O segundo desafio é a análise de performance do paciente. Isto é, se é uma pessoa fragilizada ou que está apta a receber tratamentos convencionais.
De acordo com o Dr. Bachour, “diversos estudos trazem escalas que podem identificar pacientes frágeis ou aqueles que estão aptos para receber tratamentos convencionais. Apesar de não haver um modelo ideal, é muito importante que os centros de Onco-Hematologia e transplante de medula óssea (TMO) apliquem algum critério de avaliação para um melhor planejamento terapêutico. ”
A terceira barreira é o acesso ao tratamento mais adequado. A quimioterapia é o método mais acessível no Brasil e está disponível na maior parte dos centros terapêuticos. Entretanto, nem sempre é a melhor opção para o paciente idoso.
“As terapias-alvo e tratamentos mais modernos não estão disponíveis no SUS, e, em alguns casos, até mesmo para aqueles que estão cobertos pela saúde suplementar”, pontua.
Tratamento da leucemia aguda no idoso
O primeiro passo nos pacientes com LMA e LLA é fazer uma avaliação para identificar se o objetivo é curar, prolongar a sobrevida com qualidade ou apenas suporte clínico. Além disso, também é feita uma análise das condições clínicas da pessoa. Dessa forma, a depender dos dois pareceres, pode se utilizar quimioterapia, terapias-alvo, inibidores de proteína ou hipometilantes.
Vale lembrar que nem sempre os médicos mantêm a primeira opção de terapia escolhida durante todo o tratamento. Os médicos podem alterá-la já que pode haver melhora ou piora da doença. Por isso, é feita uma avaliação a cada ciclo.
“Todos os protocolos de tratamento para adultos jovens, tais como quimioterapia e TMO, podem ser oferecidos para alguns destes pacientes. Contudo, a realidade para a maioria não é essa. São pacientes frágeis e não elegíveis para estes protocolos”, o hematologista informa.
No caso da quimioterapia em idosos, ela só é utilizada caso a pessoa tenha condições clínicas para receber esse tratamento. Esse cuidado acontece devido aos efeitos colaterais e possível maior toxicidade desse tratamento.
Um método que tem apresentado boas respostas nessa população é a utilização de medicamentos hipometilantes. Normalmente, administra-se esses remédios no tratamento da síndrome mielodisplásica. Entretanto, nesses casos, eles são associados às drogas que atuam em uma proteína chamada BCL-2 e gerando resultados animadores.
“Para se ter ideia do impacto, podem, por vezes, multiplicar em 2 ou 3 vezes as chances de resposta ao tratamento”, o Dr. Bachour salienta.
Em outros casos, os pacientes podem se beneficiar mais com o uso de terapias-alvo.
O TMO também pode ser uma opção, desde que o paciente tenha uma boa performance e o condicionamento seja feito com menor intensidade e toxicidade. Para muitos, pode aumentar as chances de cura.
Tratamento de leucemia crônica em idosos
Para a leucemia mieloide crônica (LMC) e leucemia linfoide crônica (LLC) o objetivo da terapia está mais focada no controle da doença. Para ambas, há medicamentos disponíveis com ótimos resultados e, em certos casos, não é preciso realizar tratamento medicamentoso.
De acordo com o hematologista, “a LMC é uma doença que possui tratamento alvo com medicamentos de uso oral, que podem controlar a doença. Esses medicamentos agem na ‘chave’ da doença. Estão disponíveis para todos os pacientes, sendo jovens ou idosos, com resultados extremamente satisfatórios. ”
Já a LLC, muito prevalente em idosos, na maioria das vezes não necessita de tratamento. Os pacientes ficam no chamado “wacth and wait”, que significa observar e aguardar. Isso não quer dizer que a pessoa não precise fazer nada, muito pelo contrário, ela deve realizar as consultas e exames de acordo com a orientação médica.
“Quando a doença começa a causar sintomas, está na hora de agir. Visto que terapias precoces, ou seja, antes do início dos sintomas, não resultam em melhores resultados. Diversos tratamentos estão disponíveis para tratamento dessa entidade. Desde quimioterapias convencionais, até medicamentos de uso oral que podem controlar a doença por anos”, diz o especialista.
Para os casos que necessitam de terapia medicamentosa, é possível utilizar os anticorpos monoclonais anti-CD20, que atuam nos linfócitos B (células de origem da doença). Além disso, também existem drogas que agem inibindo a Bruton Kinase e podem controlar a doença, mesmo em casos refratários.
“Estas novas modalidades de tratamento têm sua limitação no acesso, visto que são terapias de uso contínuo em muitos casos e de custo muito elevado”, o Dr. Philip Bachour finaliza.
CÂNCER BILIAR, LÚPUS, LEUCEMIA
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs.
Carla
https://revista.abrale.org.br/
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