Dr. Mauricio Wajngarten
O paciente chega ao consultório e somos surpreendidos pelo achado de fibrilação atrial (FA) não constatada em avaliação recente. Claro que devemos procurar e corrigir causas eventuais. Mas, devemos propor cardioversão?
Há muito tempo são comparadas as estratégias de controle do ritmo cardíaco versus da frequência cardíaca em pacientes com FA. Os resultados obtidos no mundo real sobre desfechos clínicos em pacientes com FA de início recente são inconclusivos. Assim, conforme esperado, as diretrizes europeias e norte-americanas apoiam ambas as estratégias, mas enfatizam a necessidade de mais pesquisas avaliando a respectiva eficácia e segurança de cada uma. Em contraposição às recomendações das diretrizes, os resultados do estudo EAST-AFNET 4, recém-publicado no periódico NEJM, mostrou vantagens associadas ao controle precoce do ritmo na FA. [1] Agora, um estudo observacional que utilizou dados prospectivos traz novas evidências. [2]
O estudo
O Global Anticoagulant Registry in the Field – Atrial Fibrillation (GARFIELD-AF), um estudo prospectivo que analisou pacientes adultos com diagnóstico recente de FA não valvar, foi realizado em 1.317 centros de 35 países. Os pesquisadores compararam os desfechos clínicos associados às estratégias de controle do ritmo cardíaco versus da frequência cardíaca. Foram incluídos 44.201 pacientes com FA iniciada há no máximo seis semanas. Destes, 6.595 (14,9%) foram submetidos a cardioversão no início do estudo, sendo 2.427 farmacológica e 4.748 elétrica.
O grupo de cardioversão farmacológica era mais jovem e apresentava mais comorbidades, incluindo história de insuficiência cardíaca e doença vascular.
Resultados
A taxa de risco ponderada do escore de propensão para todas as causas de mortalidade no grupo da cardioversão foi de 0,74 no primeiro e 0,77 no segundo ano de acompanhamento. A análise estratificada por insuficiência cardíaca mostrou taxas semelhantes para todas as causas de mortalidade em pacientes com e sem insuficiência cardíaca.
Os autores concluíram que, no grupo de pacientes com FA não valvar de início recente, poucos pacientes receberam cardioversão; a cardioversão elétrica foi duas vezes mais frequente do que a farmacológica; não houve diferença significativa nos desfechos entre as duas modalidades; e o risco de mortalidade foi menor entre os pacientes submetidos à cardioversão precoce versus tardia.
Implicações práticas
A distribuição do tipo de cardioversão por país mostra a heterogeneidade de condutas e, portanto, a importância prática do estudo. A proporção de pacientes tratados com cardioversão farmacológica foi alta na Ucrânia, na China e no México (> 70%) e baixa nos Estados Unidos, em Cingapura, no Reino Unido, na Suécia e na Noruega (< 10%). O Brasil ficou no meio do caminho, com frequência de cardioversão farmacológica de 55%.
Recomendar cardioversão geralmente provoca alguma insegurança e um certo desconforto a pacientes e seus familiares. Principalmente a cardioversão elétrica que, em tese, é prática e segura.
As novidades desse estudo sugerem que, para pacientes com FA não valvar de início recente, devemos preferir a estratégia de cardioversão precoce com controle do ritmo cardíaco à estratégia de controle da frequência cardíaca.
Então, vale a proposta repleta de diminutivos: “Vamos fazer uma internaçãozinha, com uma sedaçãozinha e dar um choquezinho.”
Créditos:
Imagem principal: Maja Coric/Getty Images
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Citar este artigo: Papel da cardioversão na fibrilação atrial não valvar de início recente - Medscape - 25 de novembro de 2021.
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Carla
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