Brandon May
Um novo estudo sugere que o uso de bombas de insulina por crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 pode estar associado a uma menor probabilidade de desenvolver retinopatia diabética, provavelmente como resultado da redução na variabilidade glicêmica e do aumento de tempo em glicemia adequada com esses dispositivos.
"Na prática clínica, devemos incentivar os pacientes jovens com diabetes tipo 1 a utilizar tecnologias para o diabetes, como as bombas de insulina, que podem ajudar a melhorar o controle glicêmico e agora a reduzir o risco de retinopatia", disse ao Medscape por e-mail a autora sênior do estudo, Dra. Roomasa Channa, médica da University of Wisconsin, nos Estados Unidos.
Em um estudo transversal usando dados agrupados de dois centros universitários de pediatria nos EUA, a Dra. Roomasa e colaboradores procuraram identificar os fatores associados à retinopatia diabética em 1.640 crianças, adolescentes e adultos jovens com diabetes tipo 1 (média de idade: 15,7 anos).
Os participantes foram triados no local de atendimento entre 2016 e 2019. Aproximadamente 74,1% dos pacientes tinham diabetes tipo 1 e 25,4% tinham diabetes tipo 2. Para 0,5% dos pacientes, o tipo do diabetes era desconhecido. Quase metade (45,9%) dos 1.216 pacientes com diabetes tipo 1 usaram bomba de insulina.
No total, 3,5% (N = 57) dos pacientes tinham retinopatia diabética. A duração média do diabetes foi significativamente maior entre aqueles com retinopatia do que entre os 1.583 pacientes sem retinopatia (6,6 versus 9,4 anos; P < 0,001). O mesmo ocorreu em relação ao nível médio de hemoglobina glicada (HbA1c): 9,2% e 10,3%, respectivamente (P < 0,001).
No grupo diabetes tipo 1, o uso de bombas de insulina foi associado a uma menor probabilidade de retinopatia diabética em uma análise ajustada para raça e etnia, status da cobertura do seguro de saúde, duração do diabetes e HbA1c (razão de chances ou odds ratio, OR, de 0,43; intervalo de confiança, IC, de 95% de 0,20 a 0,93; P = 0,03).
A Dra. Ana Creo, médica e diretora clínica do ambulatório de diabetes pediátrica do Mayo Clinic Children’s Center, nos EUA, disse em uma entrevista por telefone ao Medscape que os recentes avanços na tecnologia das bombas de insulina podem estar entre os motivos para a redução na probabilidade de retinopatia diabética.
"Tivemos uma grande explosão de entrega de insulina in-loop mais automatizada nos últimos dois anos, então imagino que veremos ainda mais avanços na retinopatia com o passar do tempo, porque não apenas a HbA1c está um pouco melhor, mas a variabilidade glicêmica e as variações extremas de glicose estão menores", explicou a Dra. Ana, que não participou do estudo.
Dra. Roomasa e colaboradores também constataram que a probabilidade de retinopatia diabética foi até duas vezes maior entre jovens negros do que entre jovens brancos na análise univariável (OR de 2,12; IC 95% de 1,12 a 4,01; P = 0,02). Essa associação desapareceu na análise multivariável após o controle para duração do diabetes, status da cobertura do seguro de saúde, uso de bomba de insulina e níveis de HbA1c (OR de 1,79; IC 95% de 0,83 a 3,89; P = 0,14).
"No entanto, houve disparidades no acesso às bombas de insulina, com maior probabilidade de os usuários de bombas de insulina serem brancos e terem cobertura do plano de saúde particular ou empresarial", acrescentou a Dra. Roomasa. Aproximadamente 59% dos jovens brancos no estudo usaram bombas de insulina, em comparação a apenas 27% dos jovens negros. "Isso destaca a importância de garantir que a tecnologia seja acessível a todas as crianças com diabetes, com foco na identificação de barreiras para aumentar a adesão em populações minoritárias", explicou.
As razões para essas disparidades provavelmente são multifatoriais e incluem vieses implícitos e/ou sistêmicos, acrescentou a Dra. Andrea Mucci, endocrinologista pediátrica da Cleveland Clinic, nos EUA, que não participou do estudo. “Espera-se que com uma melhor compreensão e abordagem das causas dessas disparidades, a diferença possa ser reduzida”, disse ela.
As Dras. Roomasa, Ana e Andrea informaram não ter conflitos de interesse.
JAMA Netw Open. Publicado on-line em 27 de setembro de 2021. Texto completo
Brandon May é um jornalista médico freelancer que escreveu mais de 900 artigos para publicações médicas nos Estados Unidos e no Reino Unido. Ele reside no Brooklyn, em Nova York. Twitter: @brandonmilesmay.
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