12 de outubro de 2021
Retirar cirurgicamente os linfonodos aumentados pode parecer uma solução prática para se livrar da doença. Mas, não é bem assim que funciona
A cirurgia para linfoma não é uma opção eficaz para alcançar a remissão e cura desse tipo de câncer. Mas, o procedimento tem papel importante no momento do diagnóstico e pode ajudar a aliviar alguns sintomas causados pelo aumento do linfonodo.
Cirurgia no diagnóstico de linfoma
A biópsia do linfonodo aumentado é parte fundamental para o diagnóstico de linfoma e, para que esse material possa ser retirado para análise, faz-se uso da cirurgia. Isso acontece porque, a classificação do linfoma depende cada vez mais das características imunofenotípicas, genéticas e moleculares do tumor, além da arquitetura do tecido.
“A biópsia aberta ou cirúrgica permite o exame histológico de todo o tecido do linfonodo e isso fornece informações fundamentais para o diagnóstico e classificação de linfomas. Principalmente com relação à arquitetura do linfonodo doente. Diminuindo muito a chance de falsos negativos”, o Dr. Pedro Amoedo Fernandes, onco-hematologista do Hospital Nove de Julho, pontua.
É importante saber que a coleta do material para biópsia não deve ser feita por meio da punção com agulha grossa. Essa técnica “fornece tecido para estudos imunofenotípicos, genéticos e moleculares, mas pode falhar com algumas informações sobre a arquitetura nodal”, alerta o médico.
Dessa forma, o ideal é que seja feita a retirada de um pedaço do linfonodo afetado.
Cirurgia para tratar os linfomas
O Dr. Fernandes afirma e salienta que a cirurgia tem um papel muito restrito no tratamento de linfoma.
“Estudos demonstram que há uma baixa eficácia para induzir a remissão completa no paciente e é alta a taxa de recidiva só com a terapia cirúrgica. E o procedimento agregaria riscos sem grandes benefícios de aumento de remissão se combinado com quimioterapia ou radioterapia”, explica.
A American Cancer Society prevê que a cirurgia para os linfomas, retirando apenas os linfonodos doentes, como uma forma de terapia para remissão, pode ser uma opção em duas situações. A primeira, é quando a doença se inicia em certos órgãos fora do sistema linfático e não se espalha para além desses órgãos. Por exemplo, baço, estômago e tireóide.
O médico esclarece que isso acontece porque a esplenectomia (retirada do baço) é uma alternativa aceitável caso o câncer esteja isolado nesse órgão e o paciente apresente seu aumento, bem como sintomas graves localizados, como dor abdominal e saciedade precoce.
Já no caso da tireóide, a cirurgia se limita a obtenção do material para biópsia. O tratamento em si é feito com quimioterapia e/ou radiação. E, por último, para o linfoma gástrico, na maioria das vezes, o protocolo de terapia utilizado conta com a erradicação da H-pylori e radioterapia.
Assim, apesar de existir a indicação para tratar um linfoma que está completamente restrito a um órgão, geralmente, há uma preferência por realizar a radioterapia em vez do procedimento cirúrgico.
A segunda situação na qual a American Cancer Society prevê a cirurgia é como primeiro tratamento para o linfoma de Burkitt em crianças. Entretanto, somente se ele estiver localizado em uma região, para tentar remover o máximo possível do tumor.
Entretanto, o onco-hematologista ressalta que esse tipo de linfoma é extremamente sensível à quimioterapia. Ou seja, o procedimento invasivo não é uma técnica bastante utilizada nesses casos.
“Com a quimioterapia, crianças com linfoma de Burkitt em estágio inicial (I ou II) têm sobrevida livre de progressão próximo a 98% em quatro anos”, ele informa.
A cirurgia pode ser benéfica para o paciente de linfoma em situações específicas
O Dr. Fernandes enfatiza que o principal momento é quando o linfonodo está comprimindo outros órgãos e gerando sintomas compressivos graves. Por exemplo, uma massa linfonodal com compressão da medula espinhal, resultando em perda de movimento.
Outra circunstância na qual a cirurgia seria uma opção aceitável, entretanto rara, é para pacientes com linfoma em estágios extremamente iniciais. Mas isso somente é válido se a doença foi totalmente retirada no momento da biópsia diagnóstica e se há uma necessidade de evitar radioterapia ou quimioterapia por conta dos efeitos colaterais.
“Essa escolha deve ser individualizada e deve refletir as preocupações e desejos do paciente e /ou família. Então, alguns pacientes poderiam se beneficiar da cirurgia para evitar um tratamento de primeira linha com eventuais toxicidades. Mas são casos muito selecionados e raros”, o Dr. Pedro Amoedo Fernandes reforça.
abs
Carla
https://www.gov.br/inca/pt-br
https://www.abrale.org.br/
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