Powered By Blogger

sábado, 31 de agosto de 2019

A BOA PALAVRA

Os relacionamentos humanos, na atualidade, invariavelmente ocorrem entremeados de queixas e reclamações. Este é um período de descontentamento entre as pessoas com características de pessimismo e amargura.

Os maus exemplos de conduta moral e social de pessoas aparentemente nobres e de destaque na comunidade geraram sucessivas ondas de mal-estar e de agressividade.

Aqueles tipos padrões tombando dos altos postos que exerciam e surpreendidos como delinquentes insanos e perigosos, recolhidos ao cárcere ou não, vêm contribuindo para que não se acredite nos valores éticos, supondo-se que as virtudes são apenas ignorância dos comportamentos daqueles que se apresentam como modelos.

Os escândalos sucessivos nessa área geram insegurança e produzem desconfiança, respondendo pela perda de crédito das pessoas, umas em relação a outras.

Lentamente a ética da convivência cede lugar à indiferença, quando não a uma animosidade discreta ou clara, elegendo o individualismo e o egotismo como formas de sobrevivência, no que se denomina a batalha diária da existência.

Todos nascemos livres na condição de candidatos à felicidade. A educação e a instrução proporcionam os recursos próprios para se conseguir uma jornada rica de bênçãos, em uma sociedade equânime, se forem respeitados os códigos do Evangelho de Jesus. A sua observância constitui uma forma lúcida para o bem-estar de todo aquele que a isso se candidate.

Nunca houve tanto amor na sociedade como nos dias atuais, embora os noticiários da mídia sejam alarmantes, por apresentarem as ocorrências negativas e infelizes geradas por pessoas ainda primárias nas suas realizações com total ausência de ideais de nobreza.

Os princípios normativos da conduta evangélica, segundo Jesus, são todos baseados na excelência do amor e naquilo que desejamos para nós próprios, oferecendo aos demais. Desse modo, nunca te permitas desanimar alguém, usar as palavras de fogo da ofensa, as acusações perversas nascidas na inveja e na inferioridade moral. Todos temos muito a oferecer, que dignifica a vida e proporciona o crescimento espiritual dos seres humanos. Procura sempre estimular para o bem e enunciar palavras de encorajamento e de abnegação em favor do mundo.

As criaturas humanas necessitamos de estímulos edificantes para atender as necessidades do processo evolutivo. Não deixes, pois, que ninguém se afaste de ti, sem que leve algo de bom e especial para servir-lhe de sustentação numa hora difícil ou de levantamento quando se encontre caído.

Os teus bons conceitos e ações caindo nos corações aflitos germinarão como sementes de luz, a fim de que a sociedade se torne plena e o ser humano um hino de louvor e gratidão a Deus.



Por Divaldo Pereira Franco. Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 25 de julho de 2019. Do site: http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=582.

Hemodiálise animal: o tratamento para a insuficiência renal

Cães e gatos também podem se submeter a sessões de hemodiálise para tratar a insuficiência renal

Por Redação M de Mulher
28 out 2016, 07h11 - Publicado em 27 nov 2011, 22h00

A insuficiência renal ocorre quando o órgão deixa de eliminar por completo as substâncias tóxicas que se acumulam no sangue
         
Foto: Dreamstime
O método de filtragem do sangue por meio de um rim artificial não é mais exclusivo dos seres humanos. Cães e gatos também podem se submeter a ele. No Brasil, alguns hospitais veterinários, como o Sena Madureira, que fica em São Paulo, já contam com essa tecnologia para combater a insuficiência renal, que ocorre quando o órgão deixa de eliminar por completo as substâncias tóxicas que se acumulam no sangue. Tanto a forma aguda da doença, que é tratável, como a crônica agudizada, quando os rins não podem ser recuperados, podem se beneficiar com as sessões.

Será que ele tem?
Para saber se o seu bichinho sofre de insuficiência renal, é necessário submetê-lo a uma bateria de exames. Em alguns casos, porém, certos indícios já acendem o sinal de alerta. São eles: vômito, diarreia, perda de peso e apatia. São motivos de sobra para uma visita urgente ao veterinário.
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://saude.abril.com.br

Hipertensão renal: o que é, causas, diagnóstico e tratamento

O problema responde por até 10% dos casos da famosa hipertensão arterial, mas ainda é pouco conhecido pela população


Por Chloé Pinheiro
21 maio 2019, 12h11

         
Quando a pressão sobe nos rins, é uma questão de tempo para repercutir no resto do corpo. (Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)
Você já ouviu falar em hipertensão renal? Pois deveria. A condição é parecida com a hipertensão clássica (a elevação crônica e perigosa da pressão arterial), só que, nesse caso, começa nos rins para só depois repercutir no resto do corpo. Estima-se que até 10% dos hipertensos estejam nessa categoria.
Tudo começa com uma espécie de alarme falso. Explicamos: além de filtrar o sangue, o rim detecta diminuições em seu fluxo. Quando elas ocorrem, trata-se de uma situação de provável emergência, como uma hemorragia, por exemplo. Daí, o órgão passa a secretar renina, um hormônio que leva ao aumento de outro, a angiotensina 2, na circulação.
Nos rins, a tal angiotensina 2 comprime os vasos para reduzir a produção de urina e, assim, poupar o máximo de água possível. Já no sistema nervoso simpático, que controla batimentos cardíacos, respiração e afins, ela contribui para elevar a pressão arterial. É um movimento necessário para garantir o abastecimento de sangue quando ele está ameaçado.
“Só que, na hipertensão renal, isso acontece sem motivo aparente, quando não há uma urgência real”, diferencia Eduardo Colombari, fisiologista da Universidade Estadual Paulista (Unesp). O alarme, emitido de maneira constante pelos rins para o resto do organismo, faz com que a pressão arterial suba cronicamente sem necessidade.
As causas da hipertensão renal
A ativação anormal do sistema renina-angiotensina, nome técnico para essa atuação em conjunto dos hormônios, costuma ocorrer quando há uma obstrução na artéria renal. A maior responsável por isso é a aterosclerose, um entupimento provocado pelo depósito das placas de gordura na parede dos vasos.
O processo está ligado ainda à hipertensão essencial – também chamada de primária, quando não é possível estabelecer uma única causa para a doença. Idade avançada, tabagismo, obesidade, diabetes e colesterol alto são fatores de risco para ambas essas encrencas.
A saúde renal é outro ponto de atenção. “Distúrbios que atacam os rins, como a doença renal crônica ou mesmo cálculos e nefrites que evoluem para uma inflamação permanente no local, podem levar ao quadro”, pontua Colombari.

Sintomas e diagnóstico
A subida constante da pressão é o principal sinal. Por isso, em geral o diagnóstico de hipertensão renal é confirmado durante as investigações para entender o que está fazendo a pressão arterial decolar.
Quando a hipertensão renal ainda não repercutiu nos vasos sanguíneos, é mais difícil flagrá-la, mas não impossível.
“Um ultrassom abdominal de rotina pode detectar o estado das artérias que irrigam o rim e alterações no fluxo sanguíneo para o órgão”, comenta Colombari.
Esse especialista, aliás, estuda mudanças no comportamento que poderiam indicar que o rim está trabalhando em modo de emergência – por meio de incentivos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp.
Em testes com roedores, o grupo de Colombari notou que os animais sentiam mais necessidade de sal quando as artérias renais estavam parcialmente bloqueadas. “Isso pode indicar que, se a pessoa de repente fica com o apetite ‘salgado’ demais, talvez algo esteja errado com seus rins”, teoriza o pesquisador.
Tratamento
É semelhante ao da hipertensão mais famosa. Até mesmo porque, na maior parte dos casos, a doença é tratada com remédios que inibem o sistema renina-angiotensina. Mesmo que ele não seja a única causa da alta na pressão, sempre estará envolvido no seu controle.
Mas é importante fazer essa diferenciação porque, se a origem do problema for uma encrenca nos rins, será preciso combatê-la também. Diante de um quadro de difícil controle, o médico às vezes recorre a uma cirurgia que restaura o fluxo de sangue nesses órgãos.
Melhor do que esperar tudo isso acontecer é prevenir, certo? Então anote as dicas, que também valem para doenças cardiovasculares em geral:
• Não fume
• Adote uma alimentação balanceada
• Evite o excesso de peso
• Pratique exercícios regularmente
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://saude.abril.com.br

Hemodiálise não é a única opção contra doença renal crônica

Além dessa técnica, o SUS disponibiliza a chamada diálise peritoneal, que ganhou destaque em um congresso de nefrologia. Comparamos as duas


Por Theo Ruprecht
14 mar 2019, 10h41 - Publicado em 28 nov 2016, 19h31
         

 (Ilustração: Erika Onodera/)
Não pense que a diálise peritoneal (DP) é recente. Embora tenha evoluído ao longo dos anos, ela foi testada pela primeira vez na década de 1930 — antes da hemodiálise. E o objetivo é o mesmo de sua prima: filtrar o sangue de pessoas com doença renal crônica, um mal caracterizado pelo comprometimento dos rins. Entre as diferenças, a hemodiálise requer três visitas a uma clínica por semana, enquanto a DP costuma ser feita ao menos uma vez por dia, mas em casa. No médio prazo, ambas apresentam taxas de sobrevida parecidas e são custeadas pelo sistema público.
Ainda assim, na maioria dos países cerca de 90% dos pacientes recorrem à hemodiálise”, contextualiza o nefrologista Miguel Carlos Riella, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). No Brasil, somente 7% dos pacientes utiliza a DP, embora o Ministério da Saúde preconize uma taxa de 20%. Essa recomendação ganha força na medida em que o Congresso Americano de Nefrologia, recentemente sediado em Chicago, reservou bastante espaço para debates envolvendo o uso da diálise peritoneal. Ancorados nisso e na conversa com especialistas, explicamos as vantagens e limitações de cada estratégia
Hemodiálise
Por meio de um cateter em geral instalado no braço, o sangue deixa o corpo e é filtrado em uma máquina. Em mais ou menos três horas, ele fica limpinho e o sujeito pode voltar para sua casa — mas vai precisar retornar à clínica outras duas vezes na semana. “A obrigatoriedade de ir a esses locais traz, por si só, boas e más notícias”, pondera a médica Zita Brito, diretora técnica do Centro de Rim e Diabetes do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.

Começando pelo lado positivo, essas idas e vindas promovem um contato frequente com profissionais de saúde, o que facilita o manejo de reações adversas e a detecção de eventuais problemas. Na contramão, tantos deslocamentos bagunçam a rotina mesmo de gente que vive em grandes centros urbanos. Agora imagine uma pessoa que tem de viajar para uma cidade vizinha onde haja um aparelho de hemodiálise. “As ambulâncias passam de madrugada nas casas, percorrem quilômetros na estrada para deixar os pacientes e, no fim do dia, trazem-nos de volta”, diz Riella. “Nesses casos, o desgaste é enorme”, completa.
Além disso, a hemodiálise exige a aplicação de um anticoagulante — caso contrário, há risco de trombos se formarem e provocarem estragos sérios, como um AVC. Acontece que esse tipo de medicamento é contraindicado para indivíduos com suscetibilidade a hemorragias internas ou sangramentos. Aí a diálise peritoneal aparece como uma alternativa.
Diálise peritoneal
Quem recorre a essa técnica primeiro deve instalar um acesso no abdômen — é através dele que uma máquina (a cicladora) infunde um líquido batizado de dialisato. Essa solução, então, entra em contato com o peritônio, uma membrana que recobre os órgãos e serve como uma espécie de filtro, passando para o dialisato as substâncias tóxicas que se acumulam no sangue de quem tem problemas nos rins. De tempos em tempos, a própria cicladora remove o líquido sujo e aplica uma nova dose. O processo costuma ser feito no período noturno, inclusive durante o sono, e dura no máximo dez horas, embora precise ser repetido diariamente.
O conforto de não precisar visitar uma clínica três vezes por semana melhora a qualidade de vida de muita gente — inclusive, as bolsas com aquele líquido são entregues na casa do paciente de graça. “Mesmo assim, essa pessoa necessita ir ao médico pelo menos uma vez por mês, inclusive para realizar exames”, avisa Zita.
Além disso, essa maior liberdade exige responsabilidade para não abandonar o tratamento. É absolutamente fundamental seguir as recomendações médicas quanto à frequência de sessões e de outras particularidades desse método para que ele seja de fato efetivo. “Temos de fazer um treinamento que engloba inclusive a higienização”, destaca Riella. Antes de aplicar o dialisato e ligar a máquina, por exemplo, é mandatório lavar as mãos e até pôr uma máscara para evitar a peritonite, uma infecção no peritônio. “Hoje a incidência desse problema é baixa, da ordem de um evento para cada dois anos e meio de uso mais ou menos”, calcula Riella. Entretanto, sem os devidos cuidados esse número pode subir.
“No fim das contas, a decisão entre uma técnica e outra depende do paciente e de suas condições. O problema é que, atualmente, a opção da diálise peritoneal não é debatida como deveria”, lamenta Riella.
Acompanhamento à distância
Um dos destaques do Congresso Americano de Nefrologia é um software apresentado pela empresa Baxter que facilita o monitoramento de pessoas que se valem da DP. Em resumo, ele coleta informações da própria cicladora e outros dados básicos digitados pelo paciente para, então, disponibilizá-los ao médico. Com isso, fica mais fácil para o doutor notar deslizes nas sessões ou sinais suspeitos de que há algo errado. Esse programa deve chegar em 2017 no Brasil.

Por que nunca ouvi falar da diálise peritoneal antes?
Não pense que esse desconhecimento geral tem a ver com uma eficácia muito maior da hemodiálise. Até se discute que ela poderia ser usada por mais tempo em comparação com a DP, porém o fato é que não há grandes empecilhos em substituir um método por outro no caso de uma eventual necessidade.
Segundo os especialistas entrevistados, o pouco uso da DP no Brasil — e em vários outros países, para falar bem a verdade — se deve a fatores que fogem das características intrínsecas dela e da alternativa. O primeiro envolve a educação do profissional de saúde. A maioria dos médicos brasileiros está acostumada a lidar com a hemodiálise, mas não tem tanta familiaridade com a DP. Nesse contexto, boa parte dos doutores teria até receio de lançar mão de uma tática com a qual não se sente tão preparada para fazer eventuais ajustes ou mesmo contornar complicações.

Fora isso, há um entrave econômico. A maioria das clínicas está baseada na hemodiálise — logo, a popularização da DP culminaria em gastos para adaptá-las e, possivelmente, em um menor ganho, já que a quantidade de atendimentos cairia. Existem ainda custos atrelados à instalação do acesso peritoneal e, se surgir uma infecção, aos antibióticos. “Aqui no Brasil nunca houve uma política de incentivo. No México, em que existia um forte estímulo para a diálise peritoneal, aproximadamente 60% dos pacientes a utilizavam”, exemplifica Zita.
Claro, também não dá para ignorar a necessidade de um maior autocuidado. Se o doente não tem condições ou disposição para fazer a higienização e seguir o protocolo de tratamento da DP, a hemodiálise é mais segura mesmo. Só tenha em mente que você é parte ativa dessa história e pode participar da decisão.

obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://saude.abril.com.br

Dia D da Diálise: um ótimo tratamento que esbarra em desafios nacionais

A diálise salva milhares de brasileiros com doenças renais. Ainda assim, uma especialista revela que ela é negligenciada nos setores público e privado


Por Ana Beatriz Barra, nefrologista* 
 29 ago 2019, 14h52
         

A diálise exige muitos cuidados, mas é um tratamento que muda a vida do paciente. (Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)

Sou médica e em 2020 completarei 30 anos trabalhando com diálise. Muitos me perguntam porque escolhi esse caminho. Respondo: me encantou trabalhar com um tratamento que permite que os pacientes vivam apesar da “ausência” de um órgão vital. A diálise substitui rins muito doentes, filtrando toxinas e equilibrando a concentração de sal e outros eletrólitos, ácidos e, especialmente, líquidos. Uma estratégia assim não existe para qualquer outro órgão essencial à vida.
Essa fantástica terapia pode ser utilizada por breves períodos (como na doença renal aguda) ou pelo resto da vida, para preservar pacientes sem perspectivas de recuperar a função dos rins (doença renal crônica) e que não podem, ainda não conseguiram ou mesmo não desejam receber um novo órgão transplantado. Sim, algumas pessoas estão tão bem em diálise que decidem não fazer essa cirurgia.
Que fique claro: o transplante renal é um excelente tratamento. Ele deve ser estimulado sempre, pois eleva a sobrevida e dá uma maior liberdade de “ir e vir”. No entanto, como na diálise, há necessidade de cuidados e uso regular de medicações.
Além disso, a população precisa ter ciência de que, se tudo correr bem, o rim transplantado usualmente funcionará por um longo período (cerca de dez anos). Mas não para sempre.
Diálise para o resto da vida?
A diálise crônica pode ser assustadora e realmente reduz a liberdade do paciente. Ela também exige uma grande capacidade de adaptação às novas rotinas (inclusive por parte da família), restrições e, principalmente, resiliência em relação a possíveis percalços.
Mas ser feliz, produtivo e realizar sonhos é possível com o tratamento de substituição de função renal. Ao longo dos anos, vi inúmeros pacientes ativos em suas profissões. Também acompanhei casamentos, retomadas de esportes prediletos, sonhos de viagens realizados, mães dando à luz, formaturas… E até observei pessoas que, por causa da diálise, tiveram tempo de reconstruir relações importantes no final de vida.
Para vermos desfechos tão positivos, no entanto, é necessária a assistência de profissionais altamente especializados, muita tecnologia e individualização do tratamento. A personalização precisa considerar não somente as características clínicas do paciente, mas também seus desejos e estilo de vida.
Nesse sentido, um dos princípios mais belos do Sistema Único de Saúde (SUS) deveria ser aplicado também na diálise crônica: a equidade. Ou seja, tratar o diferente de modo diferente, para que cada paciente se adapte à terapia e se reintegre à sociedade da melhor forma possível.
Só que no Brasil, o que temos visto é um trágico sucateamento do setor. O valor do procedimento de hemodiálise crônica é o mais baixo da América Latina. Não se consegue mais atrair profissionais diferenciados nem utilizar as melhores tecnologias.
Com isso, o impacto da diálise na melhoria da qualidade de vida é menor. O Brasil sequer conseguiu reduzir a mortalidade dos pacientes em diálise em meia década: cerca de 20% deles morrem ao ano no país e essas taxas não melhoraram nos últimos cinco anos.
As clínicas especializadas tentam manter a resiliência com um ótimo trabalho multidisciplinar. Elas contam obrigatoriamente com médicos, enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais e psicólogos em um ambiente altamente regulado e vigiado. Mas são ilhas em meio ao descaso e insensibilidade de todo um sistema.
A maioria das fontes financiadoras da terapia dialítica no Brasil na rede pública ou privada permite somente tratamentos restritos, padronizados e de baixo custo. Mais do que fracassar do ponto de vista dos objetivos para cada indivíduo, as fontes financiadoras erram ainda na análise de sustentabilidade do sistema de saúde. Um paciente renal crônico mais saudável e ativo tem um custo global menor e produz mais.
Há inúmeros exemplos dessas distorções. Vou pinçar um emblemático: os remédios que tratam a anemia e os distúrbios ósseos dos pacientes renais são liberados apenas por meio de excessiva documentação e que muitas vezes não atende a casos específicos. As prescrições dos médicos comumente são desrespeitadas.
Além disso, em muitos locais a medicação não é entregue ou não pode ser mantida nas clínicas, onde deveria ser aplicada, o que compromete a aderência e a eficácia. E essa não é uma realidade somente no SUS. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) não obriga os convênios a oferecerem tais medicamentos para a doença renal crônica.
Outra mazela: o acesso vascular. Frequentemente, a confecção de fístulas arteriovenosas (FAV), uma técnica para realizar a diálise por meio de um acesso no braço, é tardia, principalmente por falta de diagnóstico precoce da doença renal grave. Então a maioria dos pacientes acaba necessitando de um cateter em uma veia no pescoço ou na virilha, o que implica em desconforto e risco de infecções e tromboses.
Para piorar, a medicação que desfaz trombos dentro dos cateteres não é garantida nas clínicas de diálise sequer por convênios privados. O doppler, exame que mapeia as melhores veias e artérias para a confecção da FAV, não é assegurado no SUS.
Resultado: sobe o número de internações em instituições públicas ou privadas por infecções complicadas de cateteres e falências crônicas ou agudas de acesso vascular. Isso onera o sistema e torna a jornada da diálise uma tragédia para pacientes e familiares.
Poderia citar inúmeros exemplos, mas quero terminar falando dos meus sonhos. Temos ótimos casos de equidade no sistema de saúde brasileiro, como o programa da aids. Sonho que os pacientes em diálise sejam atendidos da mesma forma. Que tenham suas limitações respeitadas, que possam ter reintegração social e um futuro que valha a pena viver. Que sejam tratados com consideração a todas as suas restrições e diferenças. E deixem de ser tratados com indiferença.
*Ana Beatriz Barra é nefrologista e gerente médica da Fresenius Medical Care

obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://saude.abril.com.br

Entrevista: diferenças do Câncer de Pulmão entre quem fuma e quem não fuma

O tabagismo é a grande causa do tumor de pulmão. Mas a doença também pode surgir em quem nunca pôs um cigarro na boca – e, aí, tem características únicas

Por Theo Ruprecht
 27 ago 2019, 18h59

         

O câncer de pulmão em não fumantes tem características próprias. (Foto: ST/Shutterstock)
O cigarro é responsável por 30% de todas as mortes por câncer — esse índice sobe para 80% especificamente entre os tumores de pulmão. Ainda assim, a doença não é uma exclusividade dos fumantes.
Com a queda nos índices de tabagismo, é natural que a porcentagem de pacientes com câncer de pulmão não relacionado ao cigarro aumente”, raciocina a oncologista Carolina Kawamura, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Um estudo americano divulgado em 2015 dá um exemplo disso. A partir dos dados de 10 593 pacientes com a doença, os cientistas notaram que, entre 1990 e 1995, 8,9% do total nunca havia fumado. Já entre 2011 e 2013, a taxa subiu para 19,5%.
Carolina Kawamura A oncologista Carolina Kawamura segue preocupada com o tabagismo.
         

A oncologista Carolina Kawamura segue preocupada com o tabagismo. (Foto: Divulgação/SAÚDE é Vital)
Essa mudança de cenário é parte da conversa que a SAÚDE teve com Carolina Kawamura. Durante a entrevista, ela revela uma preocupação com o consumo de cigarro entre os adolescentes. Além disso, mostra como o câncer de pulmão de um tabagista é distinto do de um não fumante. Confira:
SAÚDE: O câncer de pulmão ainda é muito causado pelo tabaco?
Carolina Kawamura: sem dúvida. Cerca de 80% dos casos são relacionados com o cigarro. Dependendo do lugar, esse número varia. Na Ásia e na China especialmente, há uma incidência maior de câncer de pulmão em não fumantes.
Mas não é fácil entender as razões por trás disso. A Organização Mundial da Saúde [OMS] estabeleceu a poluição ambiental como fator carcinogênico. E é muito difícil saber quais casos estão relacionados à poluição ambiental e quais ao cigarro. Mas a poluição certamente tem um papel nisso.
Se pegarmos as últimas décadas, o número de casos de câncer de pulmão em não fumantes cresceu?
Temos uma tendência nesse sentido nos últimos anos, mas o que mais me chama atenção é que começou a aumentar o tabagismo nos jovens. Então, se não fizermos nada, podemos voltar a regredir nesse aspecto. Quando o tabagismo aumenta, aumenta o câncer de pulmão e a mortalidade por ele. Os países que conseguem estabelecer boas políticas antitabaco são os que décadas depois tem uma queda nos casos de câncer de pulmão. E isso reflete na mortalidade. Vem tudo no mesmo pacote.
Além da poluição e do tabaco, há outros possíveis causadores de câncer de pulmão?
Com certeza. A gente sabe que o gás radônio é um fator bem estabelecido para câncer de pulmão. É um gás que não tem cheiro e não tem cor. Mas é um fator importante e está espalhado.
A exposição ao asbesto [amianto] é outro risco. Além de causar mesotelioma [um tipo raro de câncer], quando associado ao tabaco, o asbesto aumenta muito o risco de câncer de pulmão.
O fato de a pessoa ter feito alguma radioterapia na região do tórax é outro ponto a considerar. Quem tratou um linfoma ou recebeu radioterapia na adolescência ou infância para alguma doença tem uma maior probabilidade de desenvolver câncer de pulmão décadas depois.
Há pesquisadores tentando estabelecer algumas relações com alimentação, mas isso é superdifícil de documentar. Temos evidências limitadas em relação a carne processada, carne vermelha e bebida alcoólica e o câncer de pulmão. Mas é uma possibilidade. Para o câncer colorretal, as pesquisas são mais sólidas.
E existem evidências bem limitadas de que aumentar consumo de vegetais e fazer atividade física reduz o risco de câncer de pulmão. Mas isso também não está definido.
No mais, podemos falar de uma forte evidência de que a contaminação de água portável com arsênico aumenta o risco de câncer de pulmão. E a suplementação de betacaroteno em doses altas também, mas isso não é uma coisa do dia a dia.
O paciente que não fuma e é diagnosticado com câncer de pulmão se sente injustiçado?
No não tabagista, é uma surpresa total e isso até dificulta o diagnóstico. Às vezes, o paciente até apresenta tosse e cansaço, mas vai para o pronto-socorro e o câncer é a última coisa que os médicos pensam. Eles imaginam que é pneumonia, por exemplo. Infelizmente, sabemos de muitos casos em que a pessoa fica meses recebendo tratamento para uma infecção respiratória quando na verdade tem um câncer de pulmão.
Falta informação até para os próprios médicos desconfiarem do tumor em não fumantes. Infelizmente, isso pode atrasar o diagnóstico, o que faz a doença evoluir e ter uma característica mais agressiva.
Do ponto de vista psicológico, o paciente fica mais perplexo. É uma surpresa para todo mundo. O fumante, por sua vez, carrega um pouco de culpa, o que também não é bom.
Essa pessoa que adota todas as medidas preventivas e mesmo assim tem câncer fica mais descrente no tratamento?
Isso é muito individual. De um lado, o diagnóstico de um câncer de pulmão é um baque, ainda mais em quem não fuma. Mas, como em geral a doença tem características moleculares diferentes nos não tabagistas e isso pode abrir uma frente de tratamento, surge também uma ponta de esperança.
Acho difícil traçar um perfil, mas num primeiro momento vem o baque. Depois, as pessoas levantam a cabeça e vão em frente com o tratamento.
O câncer de pulmão em não fumantes tem particularidades?
Com certeza. E inclusive no diagnóstico, porque o câncer de pulmão em não fumantes tende a acometer os mais jovens. A gente está falando de indivíduos que estão no mercado de trabalho, que ainda não têm filhos. Há, portanto, questões até do ponto de vista de planejamento pessoal.
Em relação à doença em si, não definimos o tratamento só pelo fato de pessoa ser jovem e não fumar. Hoje, todo paciente com um câncer de pulmão de células não pequenas [o subtipo mais comum] deveria passar por uma avaliação molecular para verificar características da própria doença.
Isso faz parte do protocolo de definição do tratamento, mas nos pacientes mais jovens e não fumantes, há uma chance muito maior de o câncer possuir certas alterações que os tornam candidatos à chamada terapia-alvo, um tipo de tratamento moderno.
Exemplo: há uma mutação do gene EGFR na célula tumoral que, quando presente, o tratamento não deveria ser feito com quimio ou imunoterapia, e sim com terapia-alvo. Em geral, são comprimidos que agem nesse EGFR e que são mais eficazes que a quimioterapia, além de menos tóxicos.
Pois bem: em um tabagista pesado, a chance de ter esse tipo de mutação é menor do que 5%. Agora, se eu pego um paciente que nunca fumou, a probabilidade é de quase 50%. É uma mudança muito grande e mostra que são doenças diferentes.
O câncer de pulmão em não fumantes é mais agressivo?
Não necessariamente. O que eu falei antes é que, se você demora para fazer o diagnóstico, a doença vai se espalhando. E se o paciente chega com múltiplas metástases, aí fica mais difícil de tratar mesmo.
Dos tratamentos que falamos, a maioria só está no sistema privado?
Na verdade, o SUS disponibiliza alguma terapias-alvo. Mas o atendimento não é uniforme no Brasil. Existem hospitais públicos com serviços de oncologia que conseguem oferecer algum tipo de terapia-alvo, enquanto outros, não. Para a mutação EGFR, a mais frequente, eu diria que grande parte dos hospitais tem o medicamento. Mas pra mutações no gene ALK ou no ROS, que são menos comuns e que tiveram aprovações de remédios mais recentemente, o acesso é consideravelmente menor.
Agora, é realmente bastante diferente o que temos nos sistemas público e privado. Até o tipo de quimioterapia muda. Porque o SUS cobre quimioterapia, mas nem todas. No câncer de pulmão, há uma químio um pouco mais eficaz e com menos efeitos colaterais, mas que eu sei que não está disponível em todo o setor público. Alguns hospitais têm e outros, não. Do ponto de vista prático, o SUS é muito heterogêneo.
E quando só temos químio, estamos ignorando completamente todos os avanços recentes de tratamento. Os medicamentos mais atuais mudam a história natural da doença. Eles são capazes de fazer a pessoa voltar a ser produtiva e ter uma perspectiva de viver muito mais, ainda que com uma doença incurável.
Infelizmente, a conta entre o custo do tratamento e o valor que ele agrega é complexa. Mas nós, como sociedade, temos a responsabilidade de tentar oferecer mais acesso.
Até porque não adianta saber que o paciente tem tal mutação, se não há como tratar essa mutação. Aí, eu vou tratar igualzinho na década de 1990, quando nem conhecia a mutação do gene ALK, por exemplo. A perspectiva de vida dessa pessoa é da década de 1990, não de 2019.

obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla
https://saude.abril.com.br