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quarta-feira, 30 de abril de 2014

A Equipe Multidisciplinar no Serviço de Radioterapia

A radioterapia é administrada por uma equipe multidisciplinar, composta por diversos especialistas altamente qualificados, cada um responsável por diferentes cuidados e demandas de cada paciente. Alguns dos membros típicos dessa equipe são listados abaixo, mas, dependendo das necessidades de tratamento de cada paciente, outros especialistas podem ser convidados a se juntar à equipe:
  • Médico Oncologista

É o médico que irá ajudá-lo a decidir o rumo de seu tratamento. Ele solicitará os exames necessários para analisar a atual situação da doença, as condições do tratamento e sua resposta e a evolução do seu caso.  Se determinada terapia não se aplicar mais ao seu caso, o oncologista irá discutir com você quais as melhores opções para continuar o tratamento.

É de extrema importância que você informe o seu oncologista se está tendo novos sintomas ou algum efeito colateral em decorrência do tratamento, assim como de todas as medicações, suplementos ou tratamentos complementares que você está recebendo.

Caso você necessite de radioterapia, ele o encaminhará ao radioterapeuta. Mas, você também poderá ser acompanhado pelo oncologista clinico durante o tratamento radioterápico, principalmente, se estiver realizando quimioterapia simultaneamente.

  • Radioterapeuta

É o médico que se especializa no uso da radiação para o tratamento do câncer. O radioterapeuta é quem prescreve, planeja e direciona o tratamento radioterápico.  Ele é o responsável em decidir qual o tipo de feixe de radiação, técnica de tratamento a ser utilizada e dose de radiação a ser administrada a cada paciente.

  • Físico Médico

O físico médico trabalha estreitamente em colaboração com o radioterapeuta no planejamento do tratamento radioterápico de cada paciente. Ele é o responsável pela determinação dos melhores ângulos de incidência dos feixes de radiação, pela exata localização do volume alvo do tumor a ser irradiado, pelas confecção das curvas de distribuição de dose, pela execução dos cálculos da dose determinada pelo radioterapeuta, e pela determinação do tempo de cada tratamento.

É o físico também que  executa as medidas de segurança nos equipamentos e determina a taxa de dose absorvida de cada equipamento radioterápico, bem como todos os parâmetros dosimétricos necessários para o cálculo da dose de cada paciente, assegurando a dose correta no volume alvo do tumor, minimizando os efeitos da radiação sobre os tecidos normais adjacentes.

O físico médico também tem uma relação estreita com o dosimetrista, orientando-o quanto ao posicionamento diário do paciente, bem como o uso de acessórios especiais de cada paciente.

O físico médico também executa verificações diárias de controle de garantia da qualidade de todos os equipamentos disponíveis no serviço de radioterapia, garantindo o bom e correto funcionamento do serviço.

Você nunca terá contato com o físico, pois ele sempre trabalha nos bastidores.

  • Dosimetrista

O dosimetrista trabalha em estreita colaboração com o oncologista e com o físico médico no planejamento do tratamento de cada paciente. Ele é o elo entre o setor de planejamento, a sala de moldes e o técnico que executa o tratamento no dia a dia. O dosimetrista é o responsável por levar tudo que foi cuidadosamente planejado ao técnico, permitindo o sucesso do tratamento.

  • Técnico de Radioterapia

O técnico de radioterapia é aquele que executa o tratamento, orientado pelo dosimetrista. Eles tem papel importante no tratamento radioterápico, pois são eles que operam os equipamentos de radioterapia. Ele que posiciona diariamente o paciente a cada tratamento garantindo o sucesso do tratamento planejado. Semanalmente ele realiza imagens de verificação para confirmar o posicionamento, que são visualizadas pelo radioterapeuta. Sempre que necessário ele conta também com a orientação do físico médico.

  • Enfermeiro Oncológico

O enfermeiro oncológico é um profissional especializado em atendimento de pacientes com câncer. Ele pode ter vários papéis, mas, na maioria das vezes, é o profissional que administra os medicamentos de suporte e cuidado.

Algumas clínicas de radioterapia têm enfermeiros que dão informações sobre os efeitos do tratamento e os possíveis efeitos colaterais. Eles também podem dar conselhos sobre cuidados da pele e medicamentos para controlar os efeitos colaterais .

Assim como você relata ao seu médico, é importante relatar também ao enfermeiro oncológico sobre os novos sintomas e efeitos colaterais das medicações que recebe.

  • Radiologista

O radiologista é o médico especialista na interpretação dos exames de imagem. Eles analisam os scans junto com o oncologista clínico e discutem com o radioterapeuta o planejamento do tratamento.

  • Técnico de Radiologia

Os técnicos de radiologia operam os equipamentos do setor de radiologia e tem um papel importante no tratamento radioterápico, pois trabalham em estreita colaboração com os radiologistas e muitas vezes com o físico médico.

Eles operam as máquinas de diagnóstico por imagem e posicionam os pacientes para os exames de diagnóstico, utilizados no planejamento do tratamento.

  • Pessoal da Sala de Moldes

Estes podem ser técnicos em radiologia especialmente treinados. Eles fazem moldes e máscaras, que às vezes são necessários para ajudar uma pessoa a ficar imobilizada durante o tratamento radioterápico. Os moldes e máscaras são geralmente confeccionados em uma sala de moldes.

  • Nutricionista

A nutrição é um aspecto importante a ser considerado durante o tratamento do câncer. Uma alimentação saudável ajuda a manter uma boa qualidade de vida e alivia os sintomas que o tratamento pode causar em alguns pacientes. É função do nutricionista participar desse processo junto com a equipe multiprofissional para otimizar o tratamento do paciente com câncer.

  • Fonoaudiólogo

Se a radioterapia está sendo administrada na região da boca e/ou pescoço, pode afetar temporariamente a fala. Um fonoaudiólogo estará envolvido na sua recuperação e poderá lhe dar conselhos e apoio, se você tiver problemas de fala ou de deglutição.

  • Assistente Social

Os assistentes sociais podem dar orientações sobre os problemas não médicos, como apoio prático e ajuda financeira. Você pode pedir para ver uma assistente social, se você acha que isso seria útil.

  • Fisioterapeuta

Alguns pacientes podem precisar do acompanhamento de um fisioterapeuta durante o tratamento radioterápico. Às vezes são necessários a realização de exercícios para ajudar a prevenir a rigidez muscular e articular ou mesmo prevenir um linfedema.

  • Psicólogos

Suporte psicológico ajuda muito na recuperação de um paciente de câncer. Tristeza e angústia são reações normais nesse tipo de pacientes, mas, não só os pacientes senão também seus familiares experimentam diferentes níveis de estresse e de perturbação emocional.

O importante é encontrar caminhos que permitam enfrentar o problema da melhor maneira possível, isto é, com segurança, confiança, vontade de vencer e paciência. O psicólogo está preparado para realizar essa função.

  • Odontologista

Os pacientes que receberão tratamento contra o câncer devem visitar o dentista a fim de eliminar possíveis focos de infecção, prevenindo assim complicações durante o tratamento. É muito importante que, além das consultas regulares, você converse com seu dentista caso perceba qualquer alteração em sua boca como, por exemplo, feridas, inchaço, ou qualquer anormalidade, para determinar a real causa do problema e assim poder iniciar tratamento, se necessário.

  • Equipe de Cuidados Paliativos

As equipes de cuidados paliativos muitas vezes apoiam os pacientes que estão em tratamento para controlar o câncer, em vez de curá-lo. Eles podem ajudar a controlar os sintomas, decorrentes dos efeitos colaterais do tratamento ou da doença.
 
 
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abs,
Carla
extraído: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/equipe-multidisciplinar/4618/698/

Você sabe como é realizada a Radioterapia?

O tratamento radioterápico é geralmente administrado como uma série de tratamentos individuais, liberando uma pequena dose de radiação por dia ao longo de várias semanas.

A maioria dos pacientes fazem cinco tratamentos por semana, ou seja, um tratamento por dia , de segunda a sexta-feira, com uma pausa no fim de semana. Entretanto, em alguns casos, o tratamento pode ser administrado mais do que uma vez por dia ou durante o fim de semana. Geralmente, o tratamento dura entre uma e sete semanas.

As doses individuais de radioterapia são frequentemente denominadas de frações. No entanto, o termo sessões pode ser utilizado para indicar o número de vezes que será necessário ir ao serviço de radioterapia para a realização do tratamento. Muitas vezes esse termo é mais utilizado, porque é possível ter várias frações de tratamento numa única ida ao hospital.

O número de frações ou idas ao serviço de radioterapia dependerá do tipo de tumor a ser tratado e do objetivo do tratamento. Se a radioterapia é realizada para aliviar os sintomas, ao invés de curar o câncer, geralmente são necessárias menos sessões.

A radiação é liberada por um equipamento chamado acelerador linear. A maioria dos aceleradores lineares tem um gantry, que é a cabeça do equipamento. Esse gantry tem um dispositivo denominado colimador, que dá forma ao feixe de radiação, de modo que ele se adapte à forma do tumor a partir de um determinado ângulo. Durante o tratamento, o gantry se moverá em torno de você para liberar a dose de radiação prescrita no volume alvo. O feixe de radiação não é visível a olho nu, você não o verá quando ele sair do gantry.

O primeiro tratamento poderá demorar um pouco mais, pois será acompanhado pelo dosimetrista e algumas vezes pelo físico médico, que acompanharão o técnico de radioterapia no seu posicionamento, comparando com imagens realizadas durante o planejamento de tratamento se tudo está exatamente conforme o planejado. No entanto, os tratamentos subsequentes, serão mais rápidos.








 p.s: eu sendo posicionada na mesa para ser irradiada.

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abs,
Carla
extraído: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/o-tratamento/4624/698/

terça-feira, 29 de abril de 2014

EUA: parcerias combatem Alzheimer, Diabetes e Lúpus


Jornal do Brasil
 
Incrementando os seus esforços na descoberta de drogas, o National Institutes of Health (NIH) revelou hoje o que chamaram de um adicional de US$ 230 milhões, em uma parceria de 5 anos sem precedentes, com 10 empresas farmacêuticas com vista a encontrar novos tratamentos para a doença de Alzheimer, diabetes, artrite reumatoide e lúpus, revela uma matéria da revista Science desta semana.

A matéria relata que o diretor do NIH, Francis Collins anunciou para representantes da indústria, grupos de pacientes e funcionários federais, o Acelerar Medicamentos Partnership (AMP). O objetivo é reduzir a taxa de insucesso superior a 95%. Através da combinação de forças, empresas e acadêmicos esperam cortar custos e acelerar o processo, com novos dados genômicos e moleculares sobre a biologia da doença para encontrar os novos alvos de drogas mais promissoras. "Este é um trabalho muito grande para um único grupo", disse Collins.

As 10 empresas, que incluem gigantes como a Glaxo SmithKline, Merck, Eli Lilly e Sanofi, vão colocar cerca de metade dos US$ 230 milhões; NIH está fornecendo a outra metade. AMP, que também envolverá grupos de pacientes, será supervisionado pela Fundação para o NIH. Embora a fundação já supervisione várias parcerias público-privadas semelhantes, esta será mais abrangente, os participantes dizem. Presidente mundial de Pesquisa e Desenvolvimento da Pfizer, Mikael Dolsten, explicou: "O que nós gostaríamos de ter é um... GPS para doenças humanas."
Collins disse que o NIH passou mais de dois anos em "intensas discussões" com empresas para montar a parceria, e isso tem um significado pessoal. Como diretor do Instituto do Genoma do NIH, Collins ajudou a liderar o esforço de sequenciamento massivo que produziu o primeiro rascunho do genoma humano em 2001. O Projeto Genoma Humano já foi criticado por não conseguir melhorar sensivelmente cuidados médicos ou reduzir os custos. Por exemplo, os pesquisadores descobriram mais de 1000 variantes genéticas que apontam para proteínas que predispõem algumas pessoas à doença. Mas apenas cerca de meia dúzia de alvos terapêuticos promissores saíram desse esforço, Collins observa.
O problema, diz Collins, não é uma falta de candidatos, mas o desafio de triagem através AMP vai fazer isso, reunindo cientistas acadêmicos e da indústria para "um dilúvio de informações." Os participantes vão compartilhar dados abertamente. (Em alguns casos, o acesso será restrito a pesquisadores, a fim de proteger a privacidade do paciente.) Para as empresas, a recompensa virá mais tarde, quando eles desenvolverem compostos para bloquear os alvos de drogas recentemente identificados. 
Os projetos incluem:

Doença de Alzheimer- US$ 130 milhões, o projeto receberá a maior parte do financiamento da AMP. Ele vai olhar para novos biomarcadores para a progressão da doença, tais como dados de imagem ou moléculas no sangue e fluido espinhal. Os biomarcadores serão estudados como parte de quatro ensaios clínicos NIH- financiados, que estão testando maneiras de retardar ou impedir a doença. O projeto também vai analisar amostras de tecido cerebrais existentes a partir de pacientes com Alzheimer para validar alvos biológicos, desenvolver modelos de rede para início tardio de Alzheimer, e os compostos de tela contra novos alvos.

Diabetes tipo 2:  esse projeto US$ 58 milhões reunirão dados genéticos e clínicos em até 150 mil pacientes, alguns contribuíram por empresas, e compartilharam essas informações através de um portal web. Um dos objetivos é entender mais detalhadamente as complicações do diabetes, como a insuficiência renal, diz Dolsten. O projeto também vai procurar raros indivíduos com doença invulgarmente grave ou leve que poderia ser estudado para validar alvos.

A artrite reumatoide e lúpus: um dos principais objetivos do projeto de 42 milhões de dólares será analisar células isoladas a partir de amostras recém- colhidas de tecidos, particularmente a partir da membrana sinovial (articulações forro de tecido), para entender melhor essas doenças autoimunes em um nível molecular e buscar novos alvos de drogas.

AMP segue outras iniciativas NIH nos últimos anos para acelerar o desenvolvimento de medicamentos, tais como a criação há 2 anos atrás de um novo Centro Nacional de Promoção da Ciência Translacional ( NCATS ). Por exemplo, a NCATS lançou um projeto em que as empresas trabalham com pesquisadores acadêmicos para encontrar novos usos para drogas abandonadas. A NCATS não está diretamente envolvida com a AMP, em vez disso, três instituto do NIH de doenças específicas irá financiar os projetos, disse Collins.
Ainda este ano, os institutos vão lançar pedidos de propostas para buscar parceiros acadêmicos. Os investigadores que ganham as concessões, então, tornar-se parte de comitês diretores doença articular. Se AMP for bem sucedida, NIH espera que vai se expandir para outras doenças, finaliza a revista.

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fonte:http://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/noticias/2014/02/07/eua-parcerias-combatem-alzheimer-diabetes-e-lupus/


extraído:http://tonymadureira.blogspot.com.br/2014/04/eua-parcerias-combatem-alzheimer.html

Direitos e Deveres do Doente IV

Os seus deveres
O doente tem direitos mas também tem obrigações:  
- Zelar pelo seu estado de saúde
Deve «procurar garantir o mais completo restabelecimento e participar na promoção da própria saúde e da comunidade em que vive», refere a DGS.
- Fornecer as informações necessárias para o diagnóstico e tratamento
«O médico deve negar tratar um doente que deliberadamente oculta informação relevante. O ato médico é um momento de verdade. Não devo ser surpreendido quando estou a operar um coração», exemplifica José Fragata.
- Respeitar os direitos dos outros doentes
«São situações excecionais, mas se um doente se exceder, temos de falar com ele», conta o médico.
- Colaborar com os profissionais de saúde
«Os hospitais e os médicos têm o direito de declinar tratar um doente se este constantemente recusar cumprir as indicações. Não aceito transplantar um doente se sei que ele não vai tomar a medicação», exemplifica.
- Respeitar as regras dos serviços de saúde e colaborar ativamente na redução de gastos desnecessários.
Consulte na íntegra os direitos e deveres dos doentes no site da DGS(http://www.dgs.pt/).


Texto: Cláudia Pinto com José Fragata (diretor do serviço de cirurgia cardiotorácica do Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar de Lisboa Central)
A responsabilidade editorial desta informação é da revista


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extraído:http://saude.sapo.pt/saude-medicina/medicacao-doencas/artigos-gerais/direitos-e-deveres-do-doente-2.html?pagina=4

segunda-feira, 28 de abril de 2014

DIETA PARA PACIENTES EM HEMODIÁLISE

Insuficiência renal é o termo usado para definir a doença na qual os rins já não conseguem mais desempenhar suas funções de forma satisfatória. A insuficiência renal pode ser aguda, quando ocorre subitamente e dura menos de 3 meses, ou crônica quando a perda de função renal é persistente e progressiva. Para mais detalhes, leia:

Neste texto vamos abordar a dieta dos pacientes com insuficiência renal crônica em hemodiálise (leia: O QUE É HEMODIÁLISE?). Posteriormente escreverei um texto para pacientes com insuficiência renal em tratamento conservador, ou seja, que ainda não necessitam de diálise.
Dieta para pacientes com insuficiência renal em hemodiálise
Os rins são órgãos vitais, ou seja, sem eles não conseguimos sobreviver. Os dois rins juntos normalmente são capazes de filtrar 90 a 125 ml de sangue por minuto, o que significa algo entre 130 e 180 litros por dia. Quando esta função cai para menos de 60 ml/min, estamos diante de um quadro de insuficiência renal. Quando a filtração cai abaixo dos 10-15 ml/min, os rins já não são capazes de desempenhar suas funções mínimas e o paciente precisa entrar em hemodiálise sob o risco de falecer por complicações deste mau funcionamento.
O cálculo da função renal é normalmente feito através da dosagem da creatinina (leia: VOCÊ SABE O QUE É CREATININA ?).
Quando os rins não funcionam, todas as toxinas, todo o lixo metabólico produzido pelo funcionamento normal das nossas células e todo o excesso das substâncias que ingerimos, sejam elas sais minerais como fósforo e potássio, ou a própria quantidade de líquidos consumida ao longo do dia, não podem ser eliminadas na urina, acumulando-se inapropriadamente no corpo.
Máquina de hemodiálise
Cinco temas são de elevada importância na dieta do paciente com insuficiência renal em hemodiálise: líquidos, potássio, sal, fósforo e proteínas.
a) Consumo de líquidos
Um dos principais sinais da insuficiência renal terminal é o acúmulo de líquidos, manifestando-se como aumento da pressão arterial e edemas (inchaços) pelo corpo. A imensa maioria dos pacientes que entra em hemodiálise ainda urina, pois a capacidade de excretar água é a última função que o rim perde. Porém, essa excreção é progressivamente menor e em fases terminais não é mais suficiente para eliminar todo o excesso de água consumido ao longo do dia.
Vamos imaginar a seguinte situação: um paciente com insuficiência renal em fase muito avançada consome diariamente 2 litros de água entre líquidos e alimentos (quanto mais pastoso for o alimento, mais água ele contém). Como qualquer pessoa, ele perde naturalmente uma média de 500-600 ml/dia na pele (através da transpiração) e nas fezes.  Devido a doença renal, ele urina apenas 1 litro por dia. Isto pode parecer bastante, mas significa que diariamente ele irá acumular algo próximo de 500 ml de líquidos. Em uma semana serão 3500 ml. Em um mês são 15000 ml ou 15 litros de água.
Por falta de controle no consumo de água, é extremamente comum os doentes entrarem em diálise cheios de edema e com mais de 15 quilos de excesso de líquido (1 litro de água pesa 1 kg).
Conforme passam-se os meses, a tendência é que o paciente em hemodiálise urine cada vez menos, até chegar ao ponto em que mais nenhuma urina é produzida. Neste momento, praticamente todo o líquido consumido permanecerá no corpo até que o mesmo seja retirado pela hemodiálise. Ultrafiltração é o nome que damos a retirada de líquidos durante uma sessão de hemodiálise.
Então como deve ser feito o consumo de água nos pacientes em hemodiálise?
Se o paciente ainda urina, o cálculo do consumo diário deve ser:
- Volume de urina em 24 horas + 500 ml.
Ou seja, o paciente pode consumir a mesma quantidade de líquidos que urina, mais 500 ml, equivalentes as perdas naturais ao longo do dia. Consideramos líquidos: água, chá, refrigerantes, bebidas alcoólicas, sucos, sorvetes, sopa, café, leite, iogurtes etc…
Como todo alimento possui água, ao final do dia ainda haverá sempre um balanço positivo, porém, como a diálise é feita a cada 2 dias, este não é suficiente para causar maiores problemas.
Se o paciente nada urina, o seu consumo ideal deveria ser algo em torno dos 500-600 ml. Na prática isto é muito difícil  porque a dieta ocidental é muito rica em sal, o que desencadeia a sensação de sede e faz com que o paciente procure por água com mais frequência.
No paciente que não urina ou urina muito pouco (menos de 200 ml/dia), todo o líquido que entra, permanece no corpo. Lembre-se: 1 litro de água = 1 kg. Portanto, se o paciente consome 2 litros de água, ele ganhará 2 quilos de peso.
Em geral, indica-se que o paciente não perca mais do que 4% do seu peso em uma sessão de 4 horas de hemodiálise. Isto significa que um paciente de 70 kg não deve ultrafiltrar mais do que 2800 ml. Logo, este é o limite de ganho de peso entre uma sessão e outra.
Sempre sugerimos aos pacientes que tenham um balança em casa para controlar o peso e, consequentemente, o consumo de líquidos.
O excesso de peso e a incapacidade de se atingir o peso seco ao final as sessões de diálise está relacionado a uma maior mortalidade. 90% dos casos de hipertensão em pacientes em hemodiálise estão ligados ao excesso de líquidos (leia: SINTOMAS E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO (PRESSÃO ALTA)).
A água que entra no corpo e não sai, precisa ir para algum lugar. No começo ela fica dentro dos vasos sanguíneos causando hipertensão. Depois, começa a extravasar e vai para as pernas. Por fim, o excesso de líquidos começa a acometer os pulmões levando a congestão pulmonar e, posteriormente, edema agudo do pulmão.
Como então restringir o consumo de líquidos?
O passo mais importante é limitar o consumo de sal, uma vez que este causa sede e leva o paciente a procurar mais água. Vou falar especificamente do sal mais abaixo.
Algumas dicas:
- Use sempre copos pequenos.
- Evite sopas ou outros alimentos líquidos que levem sal.
- Evite refrigerantes ou outras bebidas ricas em açúcar, pois o excesso deste também causa sede.
- Se houver sede, molhe a boca com frequência, mas sem beber a água
- Chupe pequenas pedras de gelo para aliviar a sede.
- Calcule o líquido permitido em 24h e coloque-o em uma única garrafa. Beba esse volume ao longo do dia.
- Pese-se sempre depois de comer e controle o ganho de peso evitando consumo de líquidos fora das refeições

b) Potássio
O potássio é um sal mineral essencial para o funcionamento das células. Porém, quando em excesso, pode levar a complicações graves, principalmente arritmias cardíacas fatais.
O excesso de potássio no sangue é chamado de hipercalemia (ou hipercaliemia em Portugal)
O potássio está presente em uma grande variedade de alimentos e todo o excesso ingerido é rapidamente  eliminado na urina. Deste modo, os rins mantêm os níveis sanguíneos de potássio dentro de uma faixa restrita
que se situa entre 3,5 a 5 mEq/L. Níveis de potássio acima de 6 mEq/L já são considerados perigosos. Valores acima de 7,5 – 8 mEq/L, se não tratados imediatamente, são incompatíveis com a vida.

Nas pessoas com rins funcionantes esse controle do potássio é feito 24 horas por dia, todos os dias. Nos insuficientes renais crônicos terminais, o único modo de se retirar o excesso é durante as 4 horas de hemodiálise realizadas 3x por semana. Como já se pode imaginar, o risco de hipercalemia é muito grande se não houver um controle na dieta.
Nas clínicas de hemodiálise, uma vez por mês se colhem analises antes do início das sessões. Não é incomum encontrar entre doentes que não fazem controle algum do potássio na dieta, níveis de potássio acima de 6 meq/L. Às vezes, encontramos potássio acima de 7 mEq/L. São pacientes que podem a qualquer momento entrar em parada cardíaca e morrerem subitamente.
Os valores do potássio são a explicação do porquê é perigoso faltar às sessões de hemodiálise.
O grande vilão do potássio são normalmente as frutas, porém, vários outros alimentos contêm potássio em grandes quantidades. O principais são:
- Abóbora, amêndoa, ameixa, avelã, bacalhau, banana, batata, beterraba, cacau, café, castanha, cenoura, cerveja, chocolate, coco, cogumelo, damasco, espinafre, ervilhas, farinha de soja, feijão, figo, frutos secos, grão de bico, iogurte, Kiwi, laranja, leite, lentinha, mamão, manga, melado, melão, repolho, sal light, soja, sorvete, tâmara, tomate, uva passa, vagem, verduras e vinho.
A lista acima não está completa. Existem outros alimentos ricos em potássio, como mate e chá preto, por exemplo. Carnes, sejam aves, mamíferos ou peixes, também costumam ter bastante potássio. O ideal é sempre conversar com uma nutricionista experiente em hemodiálise (a maioria das clínicas possui este profissional) para saber a quantidade e a frequência permitida para cada um desses alimentos.
Dicas para se evitar excesso de potássio na dieta:
- Evite comer mais de 2 peças de frutas por dia. Dê preferência àquelas que possuem baixo teor de potássio, como maçã, uva, pêssego, abacaxi, tangerina e morango.
- Como carboidratos, prefira arroz e massas, porque são pobres em potássio.
- Evite batatas fritas, pois estas são riquíssimas em potássio.
- Descasque e corte os legumes em pedaços. Deixe-os de molho por no mínimo 2 horas em água morna. Use bastante água. Depois, despreze a água e lave-os por alguns segundos em água corrente. Agora pode-se cozinhar os vegetais normalmente. Use novamente bastante água. Este processo ajuda a retirar o potássio dos alimentos.
- Não frite e não coza legumes em panela de pressão, a vapor, ou em micro-ondas. Estes processos aumentam a concentração de potássio nos alimentos.
- Frutas cozidas em água perdem aproximadamente metade do seu potássio.

c) Sódio (sal)
O nosso sal de cozinha comum é composto por cloro e sódio, formando o cloreto de sódio. Toda vez que consumimos muito sal, estamos obrigatoriamente consumindo muito sódio.
A dieta ocidental é riquíssima em sódio. Chegamos a consumir quase 3x a quantidade de sal necessária. O nosso paladar está tão adaptado a comidas salgadas que muitas vezes nem damos conta da quantidade de sódio que ingerimos.
O excesso de sódio na nossa dieta normal é principal fator para o surgimento de doenças cardiovasculares, principalmente a hipertensão. para saber mais sobre as doenças relacionadas ao sal, leia: EFEITOS DO SAL NA PRESSÃO ARTERIAL.
Uma das maneiras do corpo controlar a concentração de sódio no sangue é através dos rins, eliminando o excesso na urina. Mais uma vez o doente com insuficiência renal crônica encontra-se em desvantagem. Se o sal é maléfico para pessoas saudáveis, imaginem para os doentes renais.
Uma pessoa saudável mantém seu sódio sanguíneo ao redor dos 140 mEq/L (136 a 145 mEq/L). O rim através da eliminação de sal e água consegue manter esses níveis sempre estáveis. O paciente com insuficiência renal crônica não consegue eliminar o excesso de sal pela urina, e a única maneira que o corpo encontra para diminuir o sódio sanguíneo é através do estimulo da sede. Bebendo bastante água, o corpo consegue diluir o sódio no sangue, trazendo sua concentração de volta para  níveis normais.
Portanto, além de todas as doenças relacionadas ao sal (hipertensão, infartos, insuficiência cardíaca, AVC, etc.), o paciente insuficiente renal crônico que não controla a ingestão de sódio, ainda apresenta extrema dificuldade de controlar seu peso seco, permanecendo sempre com excesso de água e contribuindo ainda mais para as doenças citadas acima.
Quanto menos o paciente urina, menor deve ser seu consumo de sal. A dieta ideal deve ter 2 g de sódio ou 5 g de sal (1 g de sal = 400 mg de sódio) por dia.
Alguns alimentos ricos em sódio:
- Azeitonas
- Bacalhau
- Batata frita
- Beterraba
- Caldos de carne, peixe e legumes
- Comida enlatada
- Enlatados
- Feijão
- Manteigas
- Molhos comerciais (mostarda, ketchup, maionese, molho de tomate, molho shoyo)
- Queijos
- Presuntos
- Salsichas
- Sopas em pacote ou latas.

Praticamente toda comida industrializada é rica em sal, assim como alimentos tipo fast-food.
A alimentação do insuficiente renal deve ser preparada sem sal algum, uma vez que a maioria dos alimentos já possuem sódio naturalmente. Se necessário, depois de pronto, pode-se usar 1 pacotinho de sal (daqueles quadradinhos) que contém 1g de sal por cima da comida.
Existem vários tipos de temperos que podem ser usados para melhorar o gosto dos alimentos sem adição de sal, entre eles, alho, cebolinha, hortelã, orégano, salsa, suco de limão, vinagre, noz-moscada, louro, aipo e outros.
Mais uma vez é importante a orientação da nutricionista para um melhor controle do consumo de sal.
D) Fósforo
A importância do fósforo e do PTH na insuficiência renal crônica é discutida à parte neste texto: INSUFICIÊNCIA RENAL – FÓSFORO, PTH E DOENÇA ÓSSEA
E) Proteínas
Nos pacientes com insuficiência renal crônica em tratamento conservador, ou seja, ainda sem necessidade de diálise, uma dieta rica em proteínas parece estar associado a uma aceleração na perda de função renal. Por isso, indica-se uma restrição no consumo de proteínas por parte deste pacientes.
Naqueles pacientes que já estão em hemodiálise, porém, essa preocupação não faz mais sentido, uma vez que já não há mais função renal para ser perdida. Além disso, este grupo de pacientes é mais propenso a desenvolver desnutrição, o que contra-indica a restrição de proteínas na dieta.
O ideal é dar preferência as proteínas de alto valor biológicos, que são as de origem animal. Proteínas de origem vegetal são de baixo valor biológico, significando que são menos eficazmente utilizadas pelo corpo.
A grande dificuldade em se oferecer as proteínas necessárias para insuficientes renais crônicos está no fato de que, na grande maioria dos casos, alimentos ricos em proteínas também o são em fósforo, cujo consumo deve ser restringido neste grupo.
Mais uma vez, a orientação de um nutricionista é indispensável para um melhor controle do consumo de proteínas.

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abs,
Carla


sábado, 26 de abril de 2014

Dia Mundial de Combate à Hipertensão

No Dia Mundial de Combate à Hipertensão, médico dá dicas para melhorar saúde



Uma das melhores maneiras de
se livrar da hipertensão é a prevenção. No Dia Mundial de Combate à
Hipertensão, comemorado neste sábado (26), o cardiologista Otávio Gebara, do
Hospital Santa Paula, explica que alimentação e hábitos saudáveis, além de
atividades físicas ajudam a reduzir a chance da doença. Veja as dicas a seguir!


*Colaborou: Luiz Guilherme
Sanfins, estagiário do R7

 
 Controle o estresse, o sal e açúcar e fuja da hipertensão

Uma das melhores maneiras de se livrar da hipertensão é a prevenção. No Dia Mundial de Combate à Hipertensão, comemorado neste sábado (26), o cardiologista Otávio Gebara, do Hospital Santa Paula, explica que alimentação e hábitos saudáveis, além de atividades físicas ajudam a reduzir a chance da doença. Veja as dicas a seguir!

Evite o consumo de bebidas alcoólicas

As bebida alcoólicas aumentam a retenção de sal e água, fazendo com que aumente a vasoconstrição dos vasos

Diminua drasticamente o consumo de açucar
O consumo excessivo de açúcar pode levar ao sobrepeso, obesidade e à síndrome metabólica, que promovem aumento da pressão arterial, alerta o médico.

— A gordura abdominal produz substâncias que vão para a circulação e causam vasoconstrição, aumento de noradrenalina, e liberação de insulina. Todos estes mecanismos colaboram para elevar a pressão 

 Não fume

O cigarro colabora para o enrijecimento das artérias (a chamada aterosclerose), e para a vasoconstrição. Os dois mecanismos aumentam a pressão arterial.   

 Pratique atividades físicas

Se exercite pelo menos cinco dias por semana entre 30 e 50 minutos. Faça caminhadas, substitua o elevador pela escada, ande de bicicleta, nade e dance



 Mantenha um peso saudável

Também é importante avaliar a medida da circunferência abdominal (cintura). O homem não deve ultrapassar 102 cm e a mulher 88 cm 

 Controle o estresse

Gebara explica que o estresse pode levar o aumento agudo da pressão arterial.  

— O estresse crônico, por exemplo, pode ativar sistemas reguladores e hormônios levando ao aumento permanente da pressão 

 Reduza a quantidade de sal na comida

Use no máximo uma colher de chá para toda a alimentação diária. Não utilize saleiro à mesa e não acrescente sal no alimento depois de pronto. Dê preferência aos temperos naturais como limão, ervas, alho, cebola, salsa e cebolinha 


*Colaborou: Luiz Guilherme Sanfins, estagiário do R7
Foto: Montagem/ R7 
 
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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Doença Alzheimer



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terça-feira, 22 de abril de 2014

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Direitos e Deveres do Doente III

Direitos e deveres do doente
Proteção da vida privada e possibilidade de reclamar são outros dos direitos consagrados aos doentes:
- Privacidade
«Qualquer ato de diagnóstico ou terapêutica» só pode ser realizado na presença de «profissionais indispensáveis para a sua execução», a não ser que o consinta ou peça a presença de outras pessoas, refere a Direção-Geral da Sáude. Para além disso, a sua vida privada só pode ser abordada caso concorde e seja necessário para se apurar o diagnóstico ou o tratamento. 
- Reclamações
Existem nos serviços de saúde um livro de reclamações. o doente terá sempre de receber resposta às suas sugestões e queixas, em tempo útil. «Normalmente, se tem razão, é apresentado um pedido de desculpa e são comunicadas as alterações que foram introduzidas para que não volte a acontecer», diz José Fragata.
- Igualdade
Os doentes têm direito de «receber cuidados apropriados ao estado de saúde», ao nível da prevenção, terapia, reabilitação e paliativos e não «podem ser objeto de discriminação», divulga a DGS. José Fragata concretiza, afirmando que «os cuidados técnicos são iguais para todos mas têm de ser adequados à pessoa, ao seu nível cultural. não tratamos doenças, tratamos doentes».
- Cuidados continuados
Não deve haver interrupção na prestação de cuidados que «possam ocasionar danos ao doente», refere a DGS. É suposto também ser informada sobre os cuidados que deve receber em casa. Se necessário, serão disponibilizados «cuidados domiciliários ou comunitários».
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sábado, 19 de abril de 2014

Entrar no Mundo da Pessoa que tem Doença de Alzheimer


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Como a Terapia me ajudou a superar o Câncer?





 Andréa Baptista

"O mundo despedaça todas as pessoas, e posteriormente, muitos se tornam fortes nos lugares partidos." Ernest Hemingway

Quando recebi o convite do portal do Einstein pra escrever este texto, confesso que fiquei com receio. Como reunir duas questões tão importantes da minha vida, minha experiência como paciente de câncer e minhas impressões com o estudo da psicologia e da psicossomática psicanalítica? Por mais que eu faça minhas próprias associações, colocar num papel não era uma tarefa muito fácil. Mas aceitei o desafio e então... vamos lá!
Aos 32 anos de idade, recebi um diagnóstico de leucemia mieloide aguda: uma doença agressiva que eu só conhecia de filmes como Love Story e de algumas notícias bem tristes sobre alguns casos. Assim como no filme, os casos que conheci na vida real não tiveram um final feliz. Então, num primeiro momento, leucemia, na minha cabeça, estava associada a algo de fato muito ruim. No entanto, tive a sorte e o privilégio de iniciar este processo amparado por pessoas muito especiais, que me passaram confiança e me fizeram acreditar que eu sairia daquela situação. O grupo de pessoas ao qual me refiro são meus familiares e amigos, meus médicos, e a equipe de enfermagem que cuidou de mim. Além disso, quero dizer que sou uma pessoa de muita, mas muita fé mesmo. Por fé, entendo Deus, a vida e eu mesma.
Imagem declaração
Hoje, passados 11 anos do diagnóstico, e 10 do transplante, tenho uma visão bem particular do meu caso. Juntando peças aqui e outras ali, montando um grande quebra cabeça, formei uma “leitura”de tudo o que me aconteceu. Mas essa é apenas a ideia que formei a meu respeito, num estudo “autobiográfico”, pensando nos contextos que vivi e no meu percurso pessoal. Somos todos personagens de uma história, cada um com a sua. Eu também tenho a minha, e nesse cenário todo a psicologia teve e tem um papel fundamental, seja na minha posição como estudante ou como paciente no consultório de psicanálise ao longo dos últimos 5 anos. Posso dizer que o processo psicoterapêutico me ajudou em muitos aspectos , e continua a ajudar ainda. Algumas questões mais emergenciais foram sanadas, mas para mim esse processo terapêutico era um “processo” e não bastava eliminar alguns conflitos mais gritantes, queria ir mais fundo nessa busca.
Ainda anseio por respostas a tantas perguntas que moram em mim. Mas vale falar também que, mais uma vez, fui premiada ao encontrar uma psicoterapeuta que, acima de tudo, entendeu exatamente o que eu precisava, me acolheu, e respeitou meu ritmo, não ultrapassando nenhum limite. Acompanhou-me no passo que eu podia dar, em cada momento do percurso, com paciência e muito afeto. Ao longo desse processo percebi que era como seu eu tivesse um grande armário para olhar, desarrumar, para só depois voltar a arrumar. Minha terapeuta me pegou pela mão, me levou até o armário, aguardou até o momento que eu quisesse abrir e então abrimos juntas, porta por porta, gaveta por gaveta, e assim, pouco a pouco, as coisas se organizavam na minha vida. A importância da terapia na minha vida é algo impossível de mensurar.
Penso que a terapia é uma forma de rever as maneiras com as quais lidamos com questões difíceis. Mas não é a única. A religião, por exemplo, é um outro caminho que parece alcançar muitos resultados. Percebo constantemente que ainda existe o preconceito contra a psicologia, e ela ainda é vista como algo que pode “atrapalhar mais do que ajudar”. “Para que saber tanto?”, perguntam. Ou ainda, dizem que é coisa de “louco”, de “desequilibrado”. De fato, alguns momentos de um processo terapêutico são difíceis , mas é importante conseguir superá-los com a ajuda de um bom terapeuta.
Hoje eu percebo que há algum tempo eu era uma pessoa mais dependente, que precisava de aprovação dos outros para me sentir segura, e que desconfiava da minha própria capacidade. Penso também que em muitos momentos na vida nos achamos incapazes de cuidarmos de nós mesmos. Mas às vezes o cuidado que desejamos é mais do tipo emocional (com afeto, acolhimento) do que pragmático (organização, objetivos, imposições etc...).
Imagem declaração
A psicologia não considera que o componente emocional esteja presente em 100% dos diagnósticos de uma doença grave, como por exemplo, é a leucemia. Na verdade, o que acontece é que em muitos casos a própria pessoa acaba por relacionar ( “associar” na linguagem psicanalítica) sua doença a fatos de sua própria história. Quando você quebra um osso, da perna ou de um braço, teve um componente psicológico? Talvez sim, talvez não. Para Freud nada é acaso. Isso porque, para a psicanálise, há sempre um significado por detrás das palavras, das ações humanas e até dos acidentes. A questão não está no osso quebrado, mas pode estar no contexto pessoal, histórico e emocional que resultou na fratura . O que sabemos é que se, por um lado, os componentes psicológicos não estão presentes, em muitos casos eles estão presentes, sim. O que acontece é que só conseguimos saber disso se as pessoas estiverem dispostas a falar, a pensar, a associar e relacionar, ou seja, estiverem dispostas a rever suas próprias historias.
Todo organismo vivo está em constante processo de troca com um determinado meio. Isso se dá desde uma pequena célula até o nosso corpo humano. No entanto, as nossas trocas são mais complexas, a interação com o meio é maior e constante. Um exemplo simples, que mostra como nosso corpo reage fisicamente a questões psicológicas, é quando uma pessoa fica vermelha de vergonha logo após ouvir uma piada que a deixou constrangida. Nesse caso parece que fica claro que aconteceu uma interação entre a situação de constrangimento (psicológico) e a irrigação de sangue na pele (físico). Há uma constante interação entre a nossa disposição emocional e o funcionamento da nossa “máquina” bioquímica.
Para alguns autores , essa nossa disposição afetiva está ligada ao ambiente em que vivemos. Desde o nosso nascimento até a nossa morte, o ambiente no qual estamos inseridos terá alguma influencia sobre nós. Donald W. Winnicott , pediatra e psicanalista, verificou em suas observações e estudos que, desde muito cedo, o adoecimento psíquico de uma pessoa e o curso de uma enfermidade seria compreensível como uma expressão das dificuldades próprias da vida, quer sejam nas tendências herdadas, quer seja na influencia do ambiente ou na interação de ambas.
É verdade que parece ser muito mais fácil a realização de estudos objetivos, digamos assim, no corpo. Com certeza, é mais complicado medir a quantidade de medo que determinada pessoa tem, o quanto este medo pode estar prejudicando seu aparato corporal ou até mesmo saber o quanto o seu ambiente influencia tal medo. No entanto, nos últimos 100 anos, a psicanálise vem dando respostas para muitas dessas questões, com inúmeros casos clínicos e dos mais diferentes tipos, descritos.
Por muitas vezes as pessoas podem estar inseridas em ambientes não muito fáceis. Estes “lugares” que as vezes ocupamos , nem sempre foram confortáveis e podemos não saber como lidar com conflitos e situações que estejam presentes em nossas vidas. É importante mencionar que a teoria psicanalítica não se propõe a compreender o adoecer de forma total ou muito menos tratar estes casos isoladamente. Mas o que parece ser de fato importante é o processo de integração da psique no soma (corpo) e o que envolve esta relação entre corpo-emoções-relação com o ambiente.
A doença é, na visão de alguns autores, e eu particularmente acredito nisso, muitas vezes um pedido de “socorro”, uma tentativa de restabelecimento do equilíbrio, e pode surgir como uma forma de solucionar um conflito existente. Muitas vezes, uma insônia, por exemplo, é a forma que a pessoa encontra inconscientemente para não entrar em contato com os sonhos, conteúdos de desejos, com um mundo mais profundo que existe em nós, ou uma necessidade de ficar preso à realidade ou até mesmo um estado de “alerta” contra ameaças reais ou imaginárias.

Ao contrario do que se pensa algumas vezes, a psicossomática (pelo menos a qual venho me dedicando a estudar) considera a partir do referencial psicanalítico acidentes somáticos, situações afetivas, disfunções orgânicas e perturbações psíquicas sem, entretanto, recorrer ao modelo psicogenético, que faz do psiquismo uma espécie de vilão das somatizações .
Enfim, as questões psicológicas podem não ser a causa de uma doença, ou a única causa de uma doença, mas o que parece ser importante é que, uma vez que a doença esteja instalada, o aspecto psicológico pode ser um componente importante do desenvolvimento e do processo de cura do paciente. Pelo menos foi assim no meu caso.
Como citei anteriormente sobre a importância do ambiente para nós seres humanos , faço aqui outro paralelo: a importância da equipe médica e multidisciplinar frente ao paciente e ao seu adoecer.
Considerando que a doença é uma experiência desorganizadora para o paciente, o papel dessas pessoas que cuidam dele é também o de “emprestar” um pouco da sua própria organização para acolhê-lo.
Winnicott fala do papel do “holding” (sustentação da mãe em relação a seu bebê ou de alguém que esteja neste papel), no sentido de que esta deve se moldar, se identificar com suas necessidades emocionais oferecendo a ele, bebê, um ambiente suficientemente bom, facilitador. Esse ambiente ajuda a integrar as “partes desorganizadas”, ajuda a lidar melhor com as emoções e com as fragilidades.
Segundo Winnicott ,o tratamento de uma doença passa pela provisão de um ambiente suficientemente bom por parte do terapeuta e dos cuidadores em geral. Para que os pacientes possamos lidar com toda essa desorganização , com essa revolução que se abate sobre nós num momento desses, é necessária que a equipe terapêutica exerça a “função materna” e por isso o conceito de holding pode ser aplicado a um doente adulto em uma situação de internação, fragilizado e ameaçado pela sua doença.
Alguns profissionais fazem isso de forma intuitiva, oferecendo continência, seja com palavras, gestos ou atitudes. Outros talvez precisassem se preparar mais para desenvolver essa postura ou serem selecionados mais criteriosamente. Esse ambiente facilitador não pode ser ofertado de maneira técnico-instrumental.
Um robô pode ser programado para fazer cirurgias na lua do jeito que a ciência médica caminha. Mas ele, o robô, não parece adequado para cuidar de seres humanos. Para acolher outra pessoa é preciso empatia, uma habilidade humana que permite que uma pessoa possa sintonizar com as emoções da outra.
Mas apesar de tudo, vejo a doença como um grande desafio na minha vida. Não sei se teria vontade e coragem de rever minha historia de forma tão ampla e profunda se algo tão mobilizador não tivesse acontecido comigo. A doença foi um ponto de transformação e acho que colhi coisas positivas desta experiência dolorosa. Hoje sinto que me expresso mais, que amo mais, que me sinto mais livre e mais capaz e que consigo lidar com as minhas questões. Acima de tudo, aprendi a lidar com tais questões sem deixar de ser eu mesma.
Publicado em 18/12/2012

p.s: olá pessoal achei interessante e resolvi postar espero que ajude de alguma forma.

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extraído: http://www.einstein.br/einstein-saude/eu-paciente/Paginas/andrea-batista.aspx