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sexta-feira, 16 de setembro de 2022

15/ -09 DIA CONSCIENTIZAÇÃO LINFOMA- Linfoma do Manto

 

O que é

Linfoma do Manto

 

Fotomicrografia de um linfoma de células do manto
Fotomicrografia de um linfoma de células do manto

O Linfoma do Manto é um subtipo raro de linfoma não-Hodgkin de células B, e que na maioria das vezes pode ser do tipo indolente, o que corresponde a cerca de 4% a 8% do total de casos, porém de modo geral, costuma apresenta-se em estádios avançados (III-IV).

O Linfoma de células do manto tem um predomínio no sexo masculino e a expressão da ciclina D1 está presente na maioria dos casos (90%). A ciclina D1 forma uma ligação com o complexo CDK, que por sua vez, leva à progressão do tumor. A maior faixa de idade para o aparecimento do Linfoma de células do manto é entre 60-65 anos.


O LINFOMA DO MANTO TEM ORIGEM EM UMA MUTAÇÃO

O Linfoma Do Manto é proveniente de uma mutação do IGHV SOX-11 das células B, o que ocorre é que isso desenvolve uma forma leucêmica não nodal (sem nódulos), o que compromete o sangue periférico e, geralmente, é de curso indolente (lento). Porém, quando existe expressão de TP53, o comportamento torna-se agressivo, e necessita-se de tratamento imediato. Portanto, existem dois tipos de comportamentos: um indolente, que é de crescimento lento, e outro agressivo, que apresenta crescimento rápido.

Em geologia, manto significa a camada da estrutura da Terra. Essa camada fica diretamente abaixo da crosta, prolongando-se em profundidade até o limite exterior do núcleo terrestre. Então, o linfoma do manto é chamado assim, porque as células tumorais se originam na “zona do manto”, do nódulo linfático. 


Sinais e sintomas

Linfoma do Manto

 

O linfoma do manto é sintomático, e os pacientes costumam apresentar os seguintes sintomas:

 

 

Aumento do Baço (esplenomegalia)

Perda de peso sem motivo aparente

Febre

Tontura, desmaios e visão turva, quando há envolvimento do Sistema Nervoso Central*

Aumento de linfonodos (gânglios), em especial na região do pescoço, virilha e axila

Suor Noturno

Aumento de pólipos no intestino, que causam mudança na cor das fezes e dor abdominal

 

*Tontura, desmaios e visão turva, são sintomas menos frequente e estão relacionados a um comportamento mais agressivo do linfoma, indicando pior resposta ao tratamento. Neste caso, o tratamento irá requerer a associação de quimioterapia com radioterapia, na região do cérebro.

 

 

Diagnóstico

Linfoma do Manto - LNH

 

 

QUAL EXAME DETECTA LINFOMA DO MANTO?

Quando há a suspeita de um linfoma do manto, alguns exames serão solicitados pelo onco-hematologista, médico especialista neste tipo de câncer. São eles:

Biópsia do linfonodo

O procedimento pode ser realizado com a retirada do linfonodo aumentado. Este é um procedimento cirúrgico. Lembrando que a aspiração do linfonodo por meio de agulha não é o procedimento mais adequado, porque o estudo da arquitetura do gânglio removido é extremamente importante para o diagnóstico.


 PET CT

A tomografia computadorizada de corpo inteiro irá identificar o estadiamento da doença, pois ajuda a determinar o envolvimento do corpo. Ela deve ser feita no momento do diagnóstico.

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Equipamento para Pet CT

Biópsia da medula óssea

Nem sempre será sugerida, mas se houver suspeita de envolvimento deste órgão, por meio de uma agulha um pedacinho do osso da bacia é retirado, para análise em laboratório.


Colonoscopia

Este exame, para análise do intestino, pode ser sugerido, já que o linfoma do manto pode comprometer o órgão.


Imunohistoquímico e FISH (Hibridação Fluorescente In Situ)

Estes exames moleculares conseguirão detectar a presença da ciclina D1 e translocação (t11;14) ou (q13;q32), comuns a este subtipo do LNH.

 

Tratamento

Linfoma do Manto

 

Linfoma de Células do Manto tem cura?

Como vimos, é possível que o linfoma do manto seja indolente, ou seja, que apresente um desenvolvimento lento. Nestes casos, o médico pode não indicar um tratamento com medicamentos, mas somente realize um acompanhamento, com consultas periódicas e exames, o que será fundamental para entender a evolução da doença.

Nos casos em que o linfoma do manto se apresenta de forma mais agressiva, as opções de tratamento são:

 

O que é quimioterapia?

quimioterapia

É um tratamento que utiliza medicamentos extremamente potentes no combate ao câncer, com o objetivo de destruir, controlar ou inibir o crescimento das células doentes.

A quimioterapia pode ser feita via oral ou aplicada direto no sangue, por meio de um cateter. Também pode ser intratecal, mas isso quando há a necessidade de fazer com que o tratamento do linfoma chegue ao sistema nervoso central, diretamente, por meio do líquido espinhal.

Sua administração é feita em ciclos, com um período de tratamento, seguido por um período de descanso, isso porque a pausa permite ao corpo um momento de recuperação.


Efeitos da quimioterapia no organismo

Alguns efeitos colaterais podem surgir, como enjoo, diarreia, obstipação (prisão de ventre), alteração no paladar, boca seca, feridas na boca e dificuldade para engolir. Mas é possível amenizá-los, por meio de medicamentos.


Alguns protocolos de quimioterapia são utilizados no tratamento do linfoma do manto

Para o linfoma do manto, a quimioterapia associada ao Rituximabe é a opção mais utilizada. Os esquemas comuns são:

•Em pacientes mais idosos, a indicação é:

R-CHOP

Bendamustina + Rituximabe

 

•Já em pacientes mais jovens, com o linfoma do manto agressivo, a indicação será:

Hyper-CVAD

R-DHAP (Rituxmab + Dexametasona + Cisplatina + Citarabina)

Protocolo Nórdico (RmaxiCHOP + Citarabina + Ciclofosfamida + Mesna + Doxorrubicina + Vincristina + Prednisona)

 

 

O que é Terapia Alvo?

São medicamentos que visam atacar especificamente as alterações celulares que causam o linfoma. Para pacientes com linfoma do manto recidivados, que passaram por uma linha de tratamento, o Ibrutinibe (inibidor do Bruton Tyrosine Kinase – BTK) é indicado. Ele é bem tolerado pelos pacientes idosos.

Outra terapia alvo, que contém a mesma indicação, é a Acalabrutinibe. O Venetoclax é um inibidor do linfoma da célula B-bcl2. Esta proteína ajuda a célula cancerosa a sobreviver, e o seu bloqueio leva à morte celular do tumor. No entanto, o grande problema com esta droga é o desenvolvimento de síndrome de lise tumoral, o que significa a rápida destruição celular. Por este motivo, existe um gradual aumento da dose ao início de tratamento, a fim de  prevenir este problema.

O Bortezomibe também pode ser utilizado, em combinação com a quimioterapia convencional.

Importante! Ao mudar de inibidores de BTK, deve-se estar atento ao desenvolvimento de flare, o que significa a piora da doença de base

 

Quando o Transplante de Medula é indicado?

Em pacientes jovens, com linfoma do manto agressivo, é possível que o TMO seja indicado. Se a medula óssea não estiver acometida, o próprio paciente será o seu doador, no chamado transplante autólogo.

Ele acontece com as próprias células do paciente. As células-tronco são coletadas por meio de uma veia ou por meio de coleta direta da medula óssea em ambiente de centro cirúrgico, congeladas e armazenadas, este processo é chamado de criopreservação.

Após a coleta e criopreservação, o paciente é submetido ao condicionamento, um regime de quimioterapia em altas doses com o esquema BEAM (Carmustina +  Etoposide + Citarabina + Melfalan). O intuito é eliminar todas as células (cancerígenas e saudáveis).

Esse regime quimioterápico leva, consequentemente, à destruição da medula óssea. Por isso, após a quimioterapia, as células-tronco previamente coletadas e tratadas, são descongeladas e infundidas no próprio paciente.


Pós-Transplante

Esta fase é conhecida como aplasia medular, devido à queda do número de todas as células do sangue. Quando a medula óssea começa a funcionar novamente, o que leva geralmente em torno de 2-4 semanas após a infusão, pode-se dizer que houve a pega da medula. Inicia-se com a pega de glóbulos brancos, em seguida dos glóbulos vermelhos e por último, plaquetas.

Após a pega de medula, o monitoramento médico continua sendo essencial, pois mesmo após um ano de procedimento, o paciente pode vir a apresentar alguma complicação tardia.

A alta só será possível no momento em que a medula óssea estiver funcionando bem, ou seja, quando ela estiver produzindo as células do sangue, que protejem o paciente contra infecções, hemorragias e sem anemia.


TMO e o papel da Doença Residual Mínima (MRD)

Em Oncologia, a Doença Residual Mínima corresponde ao número de células cancerígenas detectáveis durante ou após o tratamento da doença. Um grupo de cientistas norte-americanos, o Intergroup Trial, está avaliando a MRD após a primeira remissão, com aumento de sobrevida livre de progressão. Neste caso, o resultado do estudo poderá indicar quem são os melhores candidatos ao transplante de medula óssea.

 

O tratamento do Linfoma de Células do Manto pode trazer alguns efeitos adversos ao paciente, mas é importante entender que é possível amenizá-los, seja com medicamentos ou até mesmo com a alimentação.

Aqui vão algumas dicas para te ajudar neste momento:

Contra náuseas e vômitos:

  • Prefira alimentos frios ou gelados e diminua ou evite o uso de temperos fortes na preparação dos alimentos
  • Coma pequenas porções várias vezes ao dia

Contra a diarreia:

  • Aumente a ingestão de líquidos, como água, chá, suco
  • Evite alimentos laxativos, como doces concentrados, leite de vaca, creme de leite, manteiga, queijos, verduras, cereais e pães integrais, além de frutas como mamão, laranja, uva e ameixa preta

Contra a obstipação (prisão de ventre):

  • Evite o consumo de cereais refinados (arroz branco, farinha de trigo refinada, fubá, semolina, amido de milho, polvilho)
  • Substitua alimentos pobres em fibras por alimentos ricos nesse nutriente (ex.: feijão, ervilha, lentilha, grão de bico, soja, arroz integral, linhaça, aveia…)
  • Beba muita água

Contra a mucosite

  • Evite alimentos picantes e salgados com temperos fortes e alimentos ácidos (ex.: limão, laranja pera, morango, maracujá, abacaxi e kiwi)
  • Consuma preferencialmente alimentos macios ou pastosos (ex.: creme de espinafre, milho, purês, pães macios, sorvetes, flans, pudins e gelatinas) e também alimentos frios/gelados

Contra a xerostomia (boca seca)

  • Beba líquidos em abundância (ex.: água, chá, suco, sopa)
  • Aumente a ingestão de alimentos ácidos e cítricos
  • Evite alimentos ricos em sal
  • Chupe cubos de gelo ao longo do dia
  • Utilize pomadas industrializadas (“salivas artificiais”) antes das refeições

 

 

Mesmo após a remissão, o acompanhamento médico será fundamental. Siga as orientações médicas e guarde os exames. A documentação pode ajudar o médico a orientar em caso de necessidade de tratamentos futuros.

 

 

COMPORTAMENTO DO LINFOMA DO MANTO

É possível entender a doença com:

1 – Nível molecular

É onde se faz a determinação do p53, gene IgHV mutado e status Ki-67. Ter esses genes mutados indica um comportamento mais agressivo do linfoma.


2 – Análise clínica

Aqui o fator mais indicativo é a idade, pois quanto mais idoso, pior a resposta ao tratamento e à possibilidade de consolidação com TMO. Também será checada a performance do paciente, avaliando se há outros problemas de saúde.


3 – Pós-clínico

Nesta fase deve identificar-se se o paciente é capaz ou não de aceitar os medicamentos Citarabine e Rituximabe e, também, passar por um eventual transplante de medula óssea.


4 – Formas

No paciente com linfoma do manto indolente, deve-se apenas observar o status do gene p53, que corresponde de 5% a 15% dos casos. Neste caso, a doença costuma evoluir mais lentamente e o acompanhamento clínico será o tratamento.


5 – Sintomas

Os sintomas, tem como fatores determinantes a idade e a performance clínica, além do status Ki-67. Quando mais elevado, e aqui estamos falando de um percentual acima de 90%, significa que há maior índice de proliferação da doença e, portanto, um linfoma mais agressivo.


Referência Bibliográfica dos conteúdos de Linfoma do Manto:

1) Ng Yun, Bishton M, Ritchie D, et al. A multi-center retrospective comparison of induction chemoimmunotherapy regimens on outcomes in transplant ineligible patients with previous untreated mante cell ltmphoma Hematol Oncol.2019.doi:10.1002/hon.2618.

2) Wang ML, Rule S, Martin P, et al. Targeting BTK with ibrutinib in relapsed or refractory mantle-cell lymphoma. N Engl J Med.2013;369(6):507-516.doi:10.1056?NEJMoa1306220.)

3) Davis MS, Roberts AW, Wierda WG, et al. Long-term follow-up of patients with mantle lymphoma treated with venetoclax monotherapy. Blood.2018;132:132:2883.doi:10.1182/ blood-2018-99-1172210.)

4) Tam CS, Anderson MA, Pott C, et al. Ibrutinibe plus venetoclax for the treatment of mantlecell lymphoma. N Engl J Med.2018;378(13):1211-1223. Doi:10.1056/NEJMoa1715519.)

5) Geisler CH, Kolstad A, Laurell A, et al. For the Nordic Lymphoma Group (2008). Long-term progression-free survival of mantle-cell lymphoma after intensive front-line immunochemotehrapy witn in vivo-purged stem cell rescue: a nonrandomized phase 2 multicenter study by the Nordic Lymphoma Group. Blood.2008;112:2687-93.

6) Romaguera JE, Fayad L, Rodriguez MA, et al. High rate of durable remissions after treatment of newly diagnosed aggressive mantle-cell lymphoma with rituximab plus hyper-CVAD alternating with rituximab plus high-dose methotrexate and cytarabine. J Clin Oncol.2005;23(8):7013-23.

 

 

 

 

 






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abs

Carla

https://www.gov.br/inca/pt-br

https://www.abrale.org.br/

 

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