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sexta-feira, 9 de abril de 2021

MELHOR IDADE: SINAIS QUE DENUNCIAM


Um dos comprometimentos do Alzheimer é a dificuldade em sinalizar desconfortos. Cabe ao cuidador ficar atento aos sinais que permitem rastrear problemas mais sérios de saúde


Quem acompanha um paciente de Alzheimer conhece bem a dificuldade que ele apresenta para nomear objetos ou para explicar algo que está sentindo. Ele aponta o prato e não consegue dizer o nome. Ou está com sede e não consegue explicar que quer um copo de água. 

Isso é um sintoma comum da doença e tende a aparecer em maior ou menor grau dependendo da evolução do Alzheimer. A dificuldade em se expressar por meio das palavras acontece por causa do comprometimento do cérebro, geralmente provocado pela atrofia nos lobos frontais e no hipocampo, que acomete os idosos com Alzheimer. 

Isso afeta a função executiva de forma geral – daí surgirem os lapsos de memória, a alteração na linguagem, posteriormente a falta de coordenação motora, até chegar à impossibilidade de se alimentar sozinho e de andar. 

Outro fator que pode provocar essa dificuldade é a anosognosia, que é a redução da capacidade de o paciente reconhecer sua própria doença e os impactos e as consequências decorrentes das deficiências. O próprio comprometimento de áreas funcionais do cérebro causa a anosognosia, de acordo com o neurologista Edson Issamu Yokoo, da Rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo (SP). 

A dificuldade em expressar seus desconfortos é mais comum aparecer a partir da fase moderada e tende a piorar com o avanço da doença. “Na fase moderada, o paciente começa a ter um grau de dependência maior e a necessidade de ter alguém do lado dele para auxiliá-lo. 

Nesse período surgem o comprometimento na linguagem, a dificuldade de se expressar e dizer o que sente. Em alguns casos, ele até consegue expressar dor, mas a tendência é que essa função seja cada vez mais afetada”, diz a médica geriatra Luciana Poyatos, especialista em medicina preventiva, de São Paulo. 

Segundo ela, na fase inicial – ou leve – esse problema é menos frequente porque, mesmo com o comprometimento da memória, o paciente está lúcido e consegue dizer o que sente, o que quer e manifestar seus desconfortos. 

Mas, se o paciente não expressa seus sentimentos, como detectar o que ele está sentindo? Quando pensamos em algo mais simples, como fome, basta controlar o horário das refeições e oferecer o alimento. Mas essa situação começa a ser um problema quando esses desconfortos estão ligados a problemas mais sérios de saúde, como uma infecção urinária ou uma insuficiência respiratória. 

Além da observação de sinais mais específicos (veja nas páginas seguintes), cabe ao cuidador sempre ficar atento ao comportamento geral do paciente. Qualquer mudança considerada fora daquilo que lhe é costumeiro, ou seja, uma alteração brusca de comportamento, deve levantar a hipótese de algum problema de saúde. 

Por exemplo, se ele é agitado e, de repente, fica muito quieto. Ou se era tranquilo e está agressivo. Se passa a dormir demais ou deixa de comer. Tudo isso deve ser olhado com atenção pelo cuidador. 

“Como ele tem dificuldade em expressar os sintomas, vai reagir aos desconfortos com irritação, inquietude, agressividade, e assim por diante”, explica o geriatra João Senger, de Novo Hamburgo (RS). Além disso, o médico alerta para outra questão muito importante. 

Como os idosos reagem de forma atípica a algumas enfermidades – devido ao próprio envelhecimento, que altera as respostas do organismo –, essa observação de seu comportamento se torna ainda mais importante.

Por exemplo, é comum um idoso ter uma infecção e não apresentar febre. Ou ter uma pneumonia sem tosse. Portanto, cabe ao cuidador o olhar atento a esse paciente. O que fazer? A mudança repentina de comportamento é o primeiro sinal de que algo pode não estar bem. 

Isso é mais fácil de ser observado quando o cuidador acompanha o paciente desde o diagnóstico. Às vezes, a variação é muito sutil e só quem conhece o dia a dia do paciente a percebe. 

Por isso, conhecer esse idoso, sua rotina e seu comportamento é tão importante. É até recomendado deixar essas observações anotadas em uma espécie de diário. 

Assim, quando for necessário trocar a equipe que cuida diariamente do paciente ou quando um familiar é substituído por outro, o histórico do paciente está registrado e fica mais fácil para o novo cuidador entender esse comportamento. 

Além dos sinais comportamentais, há outros indícios que podem ser observados em determinadas ocasiões. É importante lembrar, porém, que nenhum deles é uma regra, portanto eles podem ou não acontecer. Conheça doenças comuns e como elas podem ser rastreadas pelos cuidadores:


Dicas

PROBLEMAS INTESTINAIS: A constipação intestinal é comum entre os idosos, devido à perda de força muscular da região do abdômen. Como evitar: leve o paciente ao banheiro lembrando-o de evacuar, de preferência, sempre no mesmo horário. Fique de olho também na alimentação, procurando ter um bom equilíbrio nutricional. Como rastrear: o paciente pode apresentar inquietação e agitação caso fique mais de três dias sem evacuar. Tente apalpar seu abdômen para observar se está rígido. Ou aperte o abdômen e verifique se o paciente expressa dor. Observe também a ocorrência de diarreia ou distensão abdominal, que indicam problemas intestinais 


INFECÇÃO URINÁRIA: Mais comum em mulheres, a infecção urinária pode provocar, além de dor, irritações cutâneas no períneo ou algo mais grave como uma pielonefrite, que é a infecção dos rins. Como evitar: ofereça líquidos com frequência ao paciente e lembre-o de ir ao banheiro periodicamente para evitar que ele fique sem urinar por longos períodos. Na hora da higiene íntima, oriente a idosa a fazê-la sempre no sentido vagina-ânus, evitando que bactérias do intestino se alojem no canal genital. Ou oriente que o cuidador faça a limpeza sempre dessa forma. Como rastrear: o paciente fica confuso e agitado. Às vezes, até agressivo. Ou pode ficar mais prostrado, ter sonolência e redução de apetite. Se possível, observe a urina, que fica mais escura, fétida ou purulenta.


INCONTINÊNCIA URINÁRIA: Nas fases leve a moderada, a incontinência urinária em pacientes com Alzheimer é igual à de idosos saudáveis da mesma faixa etária. Porém, tende a se agravar com a progressão da doença pela dificuldade em manejar o desejo de urinar. Ou seja, o paciente não se lembra de ir ao banheiro ou urina em locais inadequados, como no meio da sala ou no quarto. 

Como evitar: leve o paciente ao banheiro sempre nos mesmos horários, lembrando-o de que deve urinar ou evacuar. Caso ele se assuste com sua própria imagem refletida no espelho do banheiro, cubra-o com uma toalha de banho ou retire-o do ambiente. Isso pode ser mais um empecilho para que o idoso entre no espaço. 

O uso de fraldas deve ser postergado o quanto for possível. Como rastrear: observe se o paciente fala sobre vontade de ir ao banheiro e fazer xixi ou se ele, simplesmente, se esquece disso. Observe também os escapes de urina na roupa e na cama. Às vezes, ele nem percebe que está molhado. A presença de alterações cutâneas nas regiões genital ou perineal também pode indicar a incontinência urinária.


DESIDRATAÇÃO: É comum idosos não sentirem sede, portanto, eles acabam fazendo uma ingesta mínima de líquidos, levando à desidratação. Além disso, com o passar da idade, o músculo do corpo se transforma em gordura, num processo natural. Com isso, a composição corporal se altera, fazendo com que fique menos líquido no organismo, o que também provoca mais rapidamente a desidratação nos idosos. 

Como evitar: incentive-o a tomar líquidos periodicamente, mesmo sem sede. Anote em um papel ou em uma lousa ou outro lugar visível quantos copos de água ele toma por dia. Assim é mais fácil ter um controle. Se ele se recusar a tomar água, valem outros líquidos, como sucos ou chás. Como rastrear: observe se há redução da diurese, ou seja, se o paciente está urinando menos. 

Também veja se a coloração da urina está mais escura. O paciente pode ficar sonolento, com pressão baixa e mucosas secas. Observe também o aspecto da saliva, que fica mais espessa, e a língua, se está seca. Outra maneira de detectar a desidratação é fazer uma prega na pele do braço do paciente. Se a pele retornar lentamente, o paciente precisa ser hidratado.


INFECÇÕES NA PELE: Como a pele do idoso tem menos glândulas sebáceas, é comum que fique muito seca. 

Isso provoca coceiras e irritações, o que pode ocasionar infecções. Outro fator que deve ser observado com atenção é a posição em que o paciente normalmente fica. Quando ele permanece muitas horas na mesma posição, esteja acamado ou sentado, podem surgir feridas em alguns locais do corpo. 

O cuidador precisa ficar atento a isso. Como evitar: evite banhos muito quentes e demorados. Passe um hidratante neutro (sem perfume) para peles secas após o banho em todo o corpo. 

No inverno, esse hidratante deve ser aplicado duas vezes ao dia. Já no verão, prefira roupas de algodão, que absorvem melhor a transpiração. Os pacientes acamados devem ser mudados de posição a cada duas horas. 

Como rastrear: é preciso examinar o paciente todos os dias. Caso surjam assaduras ou irritações de pele com coceira, ele pode ficar agitado e apresentar alterações no sono.


DEPRESSÃO: É comum surgir, principalmente nas fases inicial e moderada da doença, quando o paciente se dá conta do seu diagnóstico e das limitações que ele começa a apresentar. Como evitar: o paciente de Alzheimer, por mais que não se lembre do que vive, tem uma história que está presente. Os familiares e cuidadores não podem se esquecer disso nem de que, por mais que não interaja, esse paciente sente o amor e o cuidado que lhe são dados, o respeito e a dignidade com que é tratado. 


Como rastrear: o paciente fica mais quieto e com tendência a se isolar. Também passa a dormir mais e a ficar deitado muito tempo durante o dia. Pode ter insônia e alterações no apetite. Muitas vezes, esses sintomas são confundidos com evolução da doença, mas a existência de um quadro depressivo deve ser levado em consideração.


Fontes: Luciana Poyatos, geriatra e especialista em medicina preventiva, de São Paulo (SP); João Senger, geriatra, de Novo Hamburgo (RS); Edson Issamu Yokoo, neurologista da Rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo (SP).


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abs

Carla

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