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terça-feira, 28 de setembro de 2021

29/09 - DIA MUNDIAL DO CORAÇÃO: PALPITAÇÕES, TAQUICARDIA E ARRITMIAS CARDÍACAS

 Autor: Dr. Pedro Pinheiro


O QUE É PALPITAÇÃO?

Palpitação é o nome que se dá a percepção dos batimentos cardíacos, normalmente com desconforto e sensação de que estes batimentos estão irregulares.

Na maioria dos casos, a palpitação é um quadro benigno e de curta duração, que se resolve sozinho. Porém, se a palpitação for frequente ou prolongada, isso pode ser sinal de doença do coração ou efeito colateral de algum medicamento.

O nosso coração, quando estamos em repouso, realiza entre 60 e 100 batimentos por minuto. São, portanto, em média, 4.800 batimentos por hora e 115.200 batimentos por dia.

Exceto quando nos exercitamos, não sentimos os nossos batimentos cardíacos. Na verdade, nem nos damos conta que temos uma bomba funcionando ininterruptamente dentro do nosso peito, colocando o sangue para circular.

A palpitação é exatamente uma anormal consciência do batimento do coração quando estamos em repouso. Normalmente o paciente se queixa de que o coração está acelerado, que sente os batimentos na garganta, ou ainda, que o coração vai sair pela boca. Essa sensação costuma estar associada a mal estar, cansaço aos pequenos esforços, falta de ar, e às vezes, dor no peito. Se a palpitação ocorrer por uma arritmia, é possível até ocorrer desmaios.

Algumas pessoas quando estão deitadas com o lado esquerdo para baixo, podem sentir os batimentos cardíacos normais sem que isso possa ser chamado de palpitação.

Como foi descrito acima, a frequência cardíaca normal varia entre 60 e 100 batimentos por minutos (bpm). Quando o coração está com mais de 100 bpm chamamos de taquicardia. Quando está abaixo dos 60 bpm, chamamos de bradicardia. As palpitações estão associadas normalmente às taquicardias.

As taquicardias são dividas entre sinusais e taquiarritmias. Vamos descrever rapidamente como funciona a atividade elétrica do coração para melhor entendermos esses dois tipos de taquicardia.

O QUE SÃO TAQUICARDIA SINUSAL E TAQUIARRITMIA?

No ápice do átrio direito, na ponta de cima do coração, encontra-se a fonte elétrica cardíaca, chamada de nodo sinoatrial (também chamado de nó sinusal ou nódulo sinusal). O nodo sinusal é uma espécie de marcapasso natural do coração e produz, em uma frequência regular, descargas elétricas que induzem a contração dos músculos cardíacos. Qualquer batimento cardíaco normal sempre se origina de um impulso elétrico originado neste nodo, por isso, chamamos o ritmo cardíaco normal de ritmo sinusal.

Condução dos impulsos elétricos cardíacos
Condução dos impulsos elétricos cardíacos

O caminho normal desta corrente elétrica segue primeiro para ambos os átrios e, depois, desce para os ventrículos. Esses impulsos elétricos são gerados a uma frequência média de 80 por minuto, podendo variar entre 60 e 100 bpm.

A atividade elétrica gerada pelo nodo sinusal é transmitida para o nodo atrioventricular e posteriormente para todo o músculo cardíaco através do feixe de His e das fibras de Purkinje (veja ilustração

Toda vez que temos uma frequência cardíaca elevada devido a um aumento da frequência destes impulsos gerados no nodo sinusal, estamos diante de uma taquicardia sinusal. É o que ocorre, por exemplo, quando nos exercitamos ou tomamos um susto. É uma resposta normal e esperada do coração. Portanto, a taquicardia sinusal é apenas uma resposta natural do coração ao aumento da demanda de sangue e oxigênio pelos tecidos.

Quando temos impulsos elétricos vindos de outros pontos do coração que não o nodo sinusal, estamos diante de impulsos anômalos, caracterizando uma arritmia cardíaca. Se esses impulsos anômalos forem transmitidos com grande frequência para os ventrículos, levando a uma aceleração dos batimentos cardíacos, o resultado é uma taquiarritmia., ou seja, uma taquicardia causada por uma arritmia. As taquiarritmias podem chegar a 200 batimentos por minuto.


Condução elétrica cardíaca normal
Condução elétrica atrial normal
Arritmia cardíaca
Condução elétrica caótica

Na ilustração acima, podemos ver à esquerda um ritmo sinusal e à direita um tipo de arritmia cardíaca (neste caso uma fibrilação atrial), no qual vários pontos diferentes do átrio geram impulsos elétricos ao mesmo tempo.

Reparem que neste exemplo temos uma arritmia sem taquicardia, pois apesar da grande produção de estímulos elétricos nos átrios, poucos são transmitidos para o ventrículos. Portanto, apesar da arritmia, o paciente mantém a frequência cardíaca entre 60 e 100 bpm.

Vamos fechar os conceitos:

  • Taquicardia: coração com frequência acelerada (maior que 100 bpm).
  • Bradicardia: coração com frequência lentificada (menor que 60 bpm).
  • Ritmo sinusal: é o batimento cardíaco normal. Pode haver taquicardia sinusal ou bradicardia sinusal.
  • Arritmia: ritmo cardíaco anômalo, não gerado pelo nodo sinusal. Pode existir taquiarritmia, bradiarritmia ou até arritmia com frequência normal (entre 60 e 100 bpm)

CAUSAS

Diante de um quadro de palpitação, a primeira coisa a se fazer é tentar definir se trata-se de uma arritmia ou apenas um taquicardia sinusal.

Entra as causas comuns de palpitações por taquicardias sinusais podemos citar:

  • Quadros psiquiátricos como síndrome do pânico, distúrbios de ansiedade e depressão.
  • Anemia.
  • Febre.
  • Desidratação.
  • Exercício físico.
  • Estresse emocional (ex: final de campeonato ou uma apresentação em público).


Alguns fatores podem ser responsáveis por taquicardias sinusais, mas também por desencadear arritmias. São eles:

  • Consumo exagerado de cafeína.
  • Cocaína.
  • Anfetaminas.
  • Hipertireoidismo.
  • Hipoglicemia – queda na taxa de açúcar do sangue.
  • Nicotina.

As arritmias cardíacas podem também ser geradas por defeitos na condução elétrica do coração,  por quadros de isquemia do músculo cardíaco ou por insuficiência cardíaca.

A distinção entre taquicardia sinusal e taquiarritmias é feita através do eletrocardiograma (ECG). O grande problema é que grande parte das palpitações são intermitentes, e no momento do ECG elas podem já não estar mais presentes. Uma opção, então, é o Holter, que nada mais é do que uma máquina que registra o ECG durante 24 horas. Deste modo, consegue-se detectar qualquer arritmia que se manifeste neste período. Mais uma vez, existe o risco de não haver episódios de arritmias durante o período do exame, não sendo possível estabelecer o diagnóstico.

A importância de se determinar a causa das palpitações está no fato de que, apesar deste sintoma ser benigno na sua grande maioria dos casos, existem algumas alterações cardíacas que podem levar arritmias graves com risco de morte.

Existem quatro fatores na história clínica dos pacientes que apontam para etiologia cardíaca:

  • Sexo masculino.
  • Descrição pelo paciente de batimentos irregulares.
  • História prévia de doença cardíaca como insuficiência cardíaca ou infarto.
  • Duração da palpitação maior que 5 minutos.

Se você tem palpitações mas não apresenta nenhum dos fatores acima a chance dos seus sintomas ter origem em problemas cardíacos é muito pequena. Se tem os 4, é quase certo que tenha alguma arritmia cardíaca.

Deve-se salientar que mesmo aqueles que têm palpitações por arritmias cardíacas apresentam prognóstico favorável na maioria dos casos. Palpitações causadas por arritmias malignas são a minoria, mas como são muito graves, devem sempre ser investigadas.

Se você sente palpitações é importante colocar o dedo no próprio pulso e avaliar dois dados. O primeiro é o ritmo cardíaco. O coração normal bate de modo regular, com intervalos de tempo iguais entre os batimentos. Se notar um ritmo irregular, é provável tratar-se de uma arritmia cardíaca. Atenção, porém, que nem toda arritmia se manifesta com um ritmo cardíaco irregular.

Ritmo regular:
tum…..tum…..tum…..tum…..tum…..tum…..tum…..tum…..tum…..tum….tum.

Ritmo irregular:
tum…..tum………tum..tum.tum……..tum…tum………tum……tum…..tum.tum.

Outro dado importante é a frequência cardíaca. Frequências maiores que 150 batimentos em repouso e na ausência de febre são quase sempre indicativas de arritmias, mesmo se houver um ritmo cardíaco regular. Em idosos, frequências maiores que 130 BPM já sugerem arritmias.

Existem vários tipos de arritmias, mas as mais comuns são a fibrilação atrial e a taquicardia supraventricular. A primeira é mais comum em idosos e a segunda em jovens.

TRATAMENTO

O tratamento das palpitações depende da causa. Se a palpitação for causada por um taquicardia sinusal e a sua origem for anemia. Basta corrigi-la. Se for febre, ela desaparecerá quando a temperatura corporal se normalizar. Se a taquicardia ocorre por distúrbios de ansiedade, o tratamento com o ansiolíticos costuma ser eficaz.

No caso de arritmias cardíacas, principalmente naqueles sem doença cardíaca prévia, o tratamento pode ser a ablação (destruição por cauterização) do foco elétrico anômalo. Em outros casos, pode-se lançar mão de alguns medicamentos para o controle da frequência cardíaca como, entre outros, a amiodarona e os beta-bloqueadores, este último, medicamentos também usados no tratamento da hipertensão.

Em casos de taquiarritmias graves que podem levar à parada cardíaca, chamada de arritmias malignas, pode ser necessária a colocação cirúrgica de um desfibrilador implantável, um aparelho que detecta estas arritmias  e imediatamente lança um choque elétrico no coração, restabelecendo o ritmo cardíaco normal e abortando a parada cardíaca.



Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). Títulos reconhecidos pela Universidade do Porto e pelo Colégio da Especialidade de Nefrologia de Portugal



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abs

Carla

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