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domingo, 11 de outubro de 2020

Desvendamos 13 mitos da alimentação saudável

 27/08/2018

 

 

Coma de 3 em 3 horas. Não beba durante as refeições. Evite a qualquer custo as gorduras. Leite animal e glúten fazem mal. Verduras só orgânicas... Somos bombardeados com revelações de alimentos com superpoderes, que vão mudar a nossa vida e auxiliar no emagrecimento, e também pelos vilões, aqueles que devem ser banidos definitivamente do nosso prato. Para desvendar os mitos da alimentação saudável, o portal do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon entrevistou a engenheira agrônoma e nutricionista Sophie Deran, que tem doutorado na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

“Esse terrorismo da nutrição, que demoniza alimentos e vem apoiado em um discurso supostamente científico, mas que muitas vezes não passa de pseudociência, é chamado de ‘nutricionismo’ [termo cunhado por Gyorgy Scrinis, professor de política pública de alimento e nutrição da Universidade de Melbourne, na Austrália, a partir da junção de ‘nutrição’ e ‘cientificismo’, crença em que tudo se explica pela ciência]: lança um olhar reducionista sobre nutrientes bons ou ruins, numa dicotomia que não é saudável”, afirma.

“Nutrição não é uma ciência exata”, ressalta Sophie. “Se você quiser saber com certeza se um alimento é ou não bem aceito pelo seu organismo, faça um teste de tolerância com um especialista: não decida cortá-lo de sua alimentação só porque há uma onda de terror em torno dele”, orienta. Esse tipo de atitude, diz, pode levar à ortorexia, um transtorno alimentar caracterizado pela obsessão por comer saudável. Para a autora de “O Peso das Dietas”, “é importante ter moderação em tudo, sem demonizar nenhum alimento”.

13 mitos da alimentação saudável

  1. Deve-se comer de 3 em 3 horas. “Não deve ser uma obrigação. O metabolismo não é um relógio. Apesar de o nosso corpo gostar de rotina, tudo vai depender do que você comeu no café da manhã, no almoço e/ou no jantar. O certo é comer as refeições principais e não comer sem fome.”
  2. Comer carboidratos após as 18h engorda. “Não tem fundamento científico e pode prejudicar não só o seu organismo como também o seu sono, que pode ficar mais agitado devido à fome. Carboidrato não é o vilão. Excesso de carboidrato, sim.”
  3. Mastigar devagar ajuda a emagrecer. “Quando a gente mastiga, já está acalmando a nossa fome. Mas essa ação isolada não provoca o emagrecimento. Acontece que quem está sempre de dieta acaba comendo rápido.”
  4. Não se deve beber durante as refeições. “Procurei estudos que comprovem isso e o que achei foi um estudo, pequeno, que diz que mulheres que se hidratam durante a refeição comem menos. Quer dizer, é o contrário! Mas atenção: não se entupa de água, porque já ouvi até recomendação de encher a barriga de água para enganar a fome. Não faça isso: ao enganar o seu cérebro, você corre o risco de ter um efeito rebote e ter mais apetite ainda.”
  5.  Néctar e suco são a mesma coisa. “Não! Néctar, por definição, é um suco no qual foi acrescentado açúcar. Geralmente, contém mais do que suco de frutas frescas. E atenção: os sucos 100% naturais não são necessariamente bebidas saudáveis, porque vêm com grande quantidade de açúcar da fruta, em geral, maçã. E uma dica: a melhor bebida para hidratar é água, que pode ser com gás, com limão, saborizada...”
  6. Alimentos light ou diet não engordam. “Para um diabético, faz sentido consumir um alimento diet, porque não tem açúcar. Mas, na maioria dos alimentos light, para diminuir as calorias, retira-se a gordura – parcial ou totalmente –, só que, para que ele fique gostoso, adicionam-se açúcares e farinha. Em resumo, tem menos calorias, mas mais carboidratos. O requeijão light, por exemplo, tem menos calorias, mas tem três vezes mais açúcar!

Há estudos sobre o efeito dos edulcorantes e adoçantes no centro da fome e da procura por alimentos doces. Na dúvida, fique com os alimentos mais in natura possíveis. Em vez de comer um iogurte light ou diet de morango, por exemplo, a opção mais saudável é o iogurte natural acompanhado de morangos e com um pouquinho de açúcar. É um alimento mais verdadeiro [menos processado] e vai conversar de maneira diferente com o seu corpo.”

  1.  Gorduras devem ser evitadas a qualquer custo. “Um dos grandes erros da ciência da nutrição foi a demonização da gordura, nos anos 50, num estudo que a associou a doenças do coração. Hoje sabemos que a gordura boa é essencial para o funcionamento do nosso organismo, na saciedade e no prazer. Mas, como tudo, em excesso, pode prejudicar a saúde.”
  2. Comer ovo faz o colesterol disparar. “Hoje temos estudos que mostram que não. E há um consenso entre os nutricionistas que esse é um dos melhores alimentos – pode comer, e com a gema, por favor.”
  3. Contar calorias dos alimentos ajuda a emagrecer. “Se você vira uma calculadora e fica obcecado em contar calorias, claro que, no começo, você vai emagrecer. Tem Dieta da Caloria, Dieta dos Pontos, Vigilantes do Peso... Mas não é sustentável! Contar calorias tira de você o prazer de comer e muda sua relação com a comida: em vez de comer alimentos, você passa a comer calorias e pode perder o controle, desenvolvendo algum transtorno.”
  4. Leite animal e glúten fazem mal. “São os mitos atuais. O leite animal é um excelente alimento, mas não é obrigatório. Tem pessoas, sim, com dificuldade em digerir a enzima. Mas, quando você come um queijo, uma manteiga ou um iogurte, a lactose já está muito menos presente. Foi um exagero, uma demonização. E, agora, também o pão virou um vilão. É fato que 2% da população tem doença celíaca, que é muito grave, ou intolerância. Mas tirar o glúten para emagrecer virou uma modinha. Você vai emagrecer, sim, porque tem glúten em vários alimentos e deixará de comer muita coisa, principalmente os industrializados. Mas, de novo, não é sustentável. E quem ganha com isso? A indústria de alimentos.”
  5. Cozinhar os alimentos reduz o teor nutricional. “Quando você cozinha, você muda, sim, o teor nutricional, mas não necessariamente reduz. Tem alimentos, como o tomate, que, quando você cozinha, aumenta o valor nutricional: o licopeno fica com maior biodisponibilidade. Assim como a carne, que, cozida, fica mais fácil de digerir. Claro que os legumes, quando ficam muito tempo na água, deixam os nutrientes lá ou diminuem. Mas não é um fato absoluto. Não precisa comer tudo vivo, tudo cru.”
  6. Trocar sal comum pelo sal gourmet baixa a pressão. “Não concordo. O interessante é diminuir o sal e reeducar seu gosto. Uma dica: não coloque sal sem provar e cozinhe com pouco sal! Duas dicas: na salada, use limão, que aumenta o gosto salgado de legumes e verduras; e faça um sal temperado, batendo-o com ervas.”
  7. Alimentos orgânicos são mais nutritivos. “Não há consenso. Há estudos que mostram que sim, outros, que não. Eu penso o seguinte: o alimento orgânico pode ser interessante se vem com um preço interessante. O melhor é comer alimentos da estação: é muito mais sustentável.”

 

 

 

obs. conteúdo meramente informativo 

abs

Carla

https://institutomongeralaegon.org/longevidade

 

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