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domingo, 18 de fevereiro de 2024

MELHOR IDADE: Défice Cognitivo Ligeiro

 

A deterioração ligeira da memória e de outras funções cognitivas (pensamento) é, desde há muito tempo, aceite como uma parte normal do envelhecimento. Recentemente tem havido um crescente reconhecimento de que algumas pessoas experienciam um nível de comprometimento cognitivo maior do que aquele geralmente provocado pelo envelhecimento, mas sem outros sinais de demência associados. Esta situação é denominada – Défice Cognitivo Ligeiro (DCL).

O que é o Défice Cognitivo Ligeiro ?

O Défice Cognitivo Ligeiro é uma condição médica geralmente definida como a perda das capacidades cognitivas (as funções de pensamento do cérebro) numa proporção maior do que é esperado para a idade da pessoa. Esta perda não interfere significativamente com a vida diária e não é grave o suficiente para justificar um diagnóstico de Demência. As pessoas com DCL têm mais problemas de memória ou de pensamento do que seria esperado para a sua idade e manifestam algum declínio nas suas capacidades cognitivas. As pessoas com DCL, apesar de poderem ter uma dificuldade crescente nas atividades diárias, geralmente são capazes de funcionar de forma independente.

Os tipos de dificuldades vivenciadas por alguém com DCL variam de pessoa para pessoa. O DCL pode envolver problemas com a memória, linguagem, atenção, processamento de informações visuais e espaciais, funções do pensamento complexo ou problemas que resultem da combinação destas áreas. No DCL estes problemas são menos graves do que aqueles vividos por pessoas com Demência.

O termo ?ligeiro? é utilizado no DCL por comparação ao comprometimento cognitivo mais grave da Demência. Isto não significa que a pessoa com DCL experimente apenas problemas ligeiros. Na verdade, os seus sintomas podem ser muito preocupantes para si próprio e/ou para a sua família.

Os seguintes critérios são utilizados pelos médicos para determinar se uma pessoa tem DCL:

  • Relato de problemas cognitivos, de preferência confirmados por outra pessoa;
  • Função cognitiva anormal, avaliada com instrumentos padronizados;
  • Evidência de declínio de uma ou mais capacidades cognitivas;
  • Capacidade essencialmente normal para realizar as atividades diárias;
  • Ausência de Demência

Por vezes pode ser complicado determinar se uma pessoa tem DCL. O comprometimento cognitivo pode ter muitas causas, tornando o DCL num termo amplo que pode incluir um grande número de doenças ou lesões subjacentes. O prognóstico para um indivíduo depende muito da causa subjacente ao DCL.

Como tal, existe alguma controvérsia sobre a utilidade da categoria clínica de DCL. Alguns especialistas sugerem que deveria ser retirado dos manuais de diagnóstico. No entanto, uma investigação realizada por médicos australianos descobriu que a maioria dos clínicos diagnosticava DCL, pelo que sentiram que era importante distingui-lo da Demência e do envelhecimento normal. Atualmente estão a ser desenvolvidos grandes esforços na investigação para uma melhor compreensão do DCL.

Como é que o DCL é detetado?

O DCL normalmente é detetado através da utilização de vários testes e avaliações. Este processo tem início com a conversa entre o médico, a pessoa e, se possível, com um amigo ou membro da família, de modo a obter uma compreensão aprofundada dos problemas cognitivos que a pessoa está a experienciar, da sua história clínica, dos medicamentos que está a tomar e de qualquer outra informação relevante.

Um exame físico e análises ao sangue podem ser realizados para excluir outras causas do comprometimento cognitivo, tais como depressão, problemas com a medicação ou uma deficiência nutricional. As pessoas suspeitas de terem DCL também serão avaliadas com testes gerais à função cognitiva, para medir a sua memória, linguagem, atenção e outras capacidades.

Cada vez mais, a neuroimagiologia está a ser utilizada no processo de diagnóstico do DCL. A Tomografia Axial Computorizada (TAC) e a Ressonância Magnética (RM) são utilizadas para avaliar as alterações na estrutura do cérebro e a Tomografia por Emissão de Positrões (PET) é utilizada para avaliar as alterações no metabolismo da glucose ou dos níveis de proteínas e de outras substâncias químicas no cérebro. Estes exames podem fornecer informações adicionais sobre a provável causa subjacente à disfunção cognitiva. Por vezes, pode realizar-se uma avaliação dos níveis de proteína no líquido cefalorraquidiano (LCR). Esta avaliação exige a realização de uma punção lombar.

Os testes utilizados para detetar o DCL são praticamente os mesmos que se utilizam para o diagnóstico de Demência.

O DCL pode levar à Demência?

A investigação demonstra que as pessoas com DCL são mais propensas a desenvolver Demência, especialmente a Doença de Alzheimer. Na verdade, o DCL é frequentemente considerado como um estado de transição entre o envelhecimento normal e a Demência Precoce. Alguns investigadores sugerem que o melhor seria eliminar a categoria de DCL e concentrar esforços no diagnóstico precoce de Demência.

No entanto, o DCL nem sempre progride para a Demência e quando progride poderá levar muitos anos a fazê-lo. Uma proporção substancial de pessoas diagnosticadas com o DCL não progride e mantém uma função cognitiva estável ou denota uma melhoria desta quando são avaliados novamente.

Vários estudos demonstram resultados diferentes nas suas estimativas de quantas pessoas com DCL progridem para a Demência, mas normalmente é relatado que cerca de 10% a 15% das pessoas com DCL progridem, por ano, para a Demência. Na população em geral, apenas cerca de 1% a 2% das pessoas idosas evoluem, por ano, para a Demência. Deste modo, ter DCL aumenta consideravelmente a probabilidade de desenvolver subsequentemente Demência.

Continua a decorrer investigação sobre o porquê de algumas pessoas com DCL progredirem para a Demência e outras não, e sobre como prever se um indivíduo com DCL vai desenvolver Demência. Atualmente, não existe maneira de saber ao certo quais são as pessoas que vão progredir ou ficar na mesma e quais as que vão ficar melhores. Contudo, o médico que avalia a pessoa irá juntar os resultados de todos os testes realizados para fazer um prognóstico, caso seja possível. Existem alguns fatores, que atualmente são reconhecidos por aumentarem o risco de a pessoa com DCL evoluir para a Demência. Estes incluem a idade avançada, a maior a gravidade do comprometimento cognitivo e certos biomarcadores na imagiologia cerebral e em outros testes.

Tipos de DCL

Existem dois tipos principais de DCL – amnésico e não-amnésico.

No DCL amnésico, a diminuição da memória é o sintoma mais proeminente. Esta é a forma mais comum de DCL. As pessoas com DCL amnésico podem progredir ao longo do tempo para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer.

No DCL não-amnésico, uma outra capacidade cognitiva, que não a memória, tal como a linguagem ou a atenção, será mais comprometida. Este tipo de DCL pode evoluir para outras formas de Demência, tais como: Demência de Corpos de Lewy; Demência Frontotemporal; Demência Vascular; ou Doença de Alzheimer atípica.

O DCL pode ser tratado?

Atualmente, não existe tratamento específico para o DCL. Até ao momento, nenhuma terapêutica farmacológica para o DCL se mostrou eficaz, mas continuam a decorrer estudos clínicos em todo o mundo.

Existem algumas evidências preliminares de que os fármacos inibidores da colinesterase, utilizados para tratar a Doença de Alzheimer podem retardar a progressão do DCL para a Demência. Contudo, outros estudos não comprovaram esta situação, sendo necessária mais investigação.

O treino cognitivo (exercitar a memória e outras capacidades cognitivas) tem sido sugerido como potencialmente útil para o DCL. Alguns estudos têm demonstrado melhorias na memória, atenção, humor e qualidade de vida. Permanece por esclarecer durante quanto tempo estes efeitos se mantêm, quão significativos são na vida quotidiana, e se a progressão para Demência pode ser atrasada. Outros investigadores estão a desenvolver programas que podem ajudar as pessoas com DCL a aproveitar o máximo das suas capacidades cognitivas restantes e ensinar-lhes estratégias para compensar os problemas cognitivos existentes. Vários estudos têm demonstrado que a participação frequente em atividades cerebrais estimulantes está associada a um menor risco de declínio cognitivo, pelo que isto pode ser benéfico para as pessoas com DCL.

A investigação também demonstrou a importância do exercício físico regular para manter o cérebro saudável, à medida que envelhecemos. Alguns estudos sugerem que existe uma redução do declínio cognitivo nas pessoas com DCL que praticam exercício físico regular, como por exemplo caminhar.

Manter uma dieta saudável também é importante para a função cerebral. A adesão à dieta mediterrânea foi associada a um menor risco de progressão do DCL para a Demência. Esta dieta inclui muitas frutas, verduras, legumes, peixes, nozes e azeite. Os seus efeitos saudáveis são atribuídos aos antioxidantes e às gorduras insaturadas presentes nestes alimentos.

Os fatores de risco vascular, tais como a diabetes, a tensão arterial alta e o colesterol elevado podem contribuir para o declínio cognitivo. O tratamento eficaz destas condições é muito importante para a prevenção de qualquer aumento do declínio cognitivo no DCL. A obesidade e o tabagismo também aumentam o risco de declínio cognitivo e, se necessário, devem ser abordados.

É necessária mais investigação para entender melhor as relações entre estes estilos de vida e fatores de saúde e a progressão do DCL. Na maioria dos casos, uma pessoa diagnosticada com DCL não será objeto de qualquer tratamento médico, mas serão monitorizadas regularmente para quaisquer alterações das suas capacidades cognitivas. O aconselhamento pode ajudar as pessoas com DCL e as suas famílias a encontrarem formas de se adaptarem às alterações que estão a experienciar e a aprenderem maneiras de compensarem as suas dificuldades cognitivas.

As implicações do DCL

As implicações da deteção do DCL podem ser vistas como maioritariamente positivas. A maioria das pessoas com DCL está muito consciente e preocupada com os seus problemas cognitivos. Tomarem conhecimento de que têm DCL confirma que as suas preocupações são válidas e que não existe uma razão médica para os seus sintomas. Desta forma, podem colocar em ação estratégias para gerir os problemas que têm e acederem a serviços de apoio que os podem ajudar.

Ter conhecimento que apresentam um risco aumentado de desenvolver Demência permite às pessoas com DCL planear a possibilidade de sofrerem uma deterioração no futuro, avaliar os seus sistemas de apoio e tomar decisões legais, financeiras e pessoais importantes, tais como a fazer uma procuração. Podem, também, tomar medidas para estabelecer e manter um estilo de vida ativo e saudável, o que pode ajudar a retardar o declínio cognitivo.

As pessoas com DCL são mais propensas a desenvolver problemas psiquiátricos, como a depressão e a ansiedade, e perturbações do sono. Estas pessoas podem sofrer de elevado stress e manifestar alterações de personalidade e do comportamento. Apesar de estas situações não acontecerem a todas as pessoas com DCL, é importante tratá-las de forma adequada caso ocorram.

O acompanhamento regular é crucial, pois o curso das alterações cognitivas do DCL pode variar de indivíduo para indivíduo. A deteção e a monitorização permitem que a Demência seja identificada numa fase inicial, caso se desenvolva. Esta identificação é importante, dado que os tratamentos atuais para a Demência são mais eficazes nas fases iniciais da doença. As pessoas poderão também ser assistidas com informação e serviços de apoio, para ajudá-las a viver com Demência e a planear as suas necessidades futuras.

À medida que os novos tratamentos para a Demência se tornam disponíveis, é provável que a deteção do DCL se torne ainda mais importante. Além disso, pode esperar-se que as abordagens para prevenir a Demência sejam potencialmente úteis para as pessoas com DCL.

Esta página tem apenas um caráter informativo e não representa a recomendação de qualquer avaliação ou tratamento por parte da Alzheimer Portugal. Os indivíduos devem procurar aconselhamento médico sobre a sua situação.

 

Referências

Dubois B et al. Research criteria for the diagnosis of Alzheimer’s disease: revising the NINCDSADRDA criteria. The Lancet Neurology, 2007, 6:734-746.
Lautenschlager NT, Kurz AF. Managing the patient with mild cognitive impairment. Chapter 45 in Ames D, Burns A, O’Brien J (eds). Dementia, Fourth Edition, 2010, Hodder Arnold: London.
Mitchell T, Woodward M, Hirose Y. A survey of attitudes of clinicians towards the diagnosis and treatment of mild cognitive impairment in Australia and New Zealand. International Psychogeriatrics, 2008, 20:77-85.
Nelson AP, O’Connor MG. Mild cognitive impairment: a neuropsychological perspective. CNS Spectrums, 2008, 13:56-64.
Petersen RC, Negash S. Mild cognitive impairment: an overview. CNS Spectrums, 2008, 13:45-53.

Adaptado de Alzheimer Australia

 

 

 

 

FONTE: https://alzheimerportugal.org/defice-cognitivo-ligeiro/




    


 

 

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abs

Carla

 

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