Com as mudanças, será possível prevenir complicações crônicas do diabetes e melhorar de qualidade de vida dos pacientes
Momento Diabetes | 07/10/2024
Por Priscila Horvat*
Recentemente, o Brasil se destacou com uma importante atualização nos critérios de diagnóstico de diabetes. Isso porque, por meio da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o país é o primeiro, em todo o mundo, a aplicar novos parâmetros para o rastreamento da doença, que atinge cerca de 10% da população brasileira.
As medidas adotadas vão diagnosticar o diabetes mais cedo, permitindo maior controle da glicose e prevenindo complicações da doença. “Com isso, poderemos planejar estratégias de prevenção de diabetes mais efetivas e acompanhar mais de perto as pessoas em risco, evitando complicações a longo prazo”, explica a endocrinologista Dra. Melanie Rodacki, professora associada do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre e doutora em Clínica Médica (Nutrologia-Diabetes) e membro do Comitê de Diretriz da SBD.
Os novos critérios para o diagnóstico do diabetes:
- Teste de tolerância oral à glicose (TOTG) com uma hora de duração, em vez de duas horas;
- Glicemia medida no TOTG com uma hora de duração e resultado maior ou igual a 209 mg/dL;
- Valores maiores ou iguais a 155 mg/dL correspondem a pré-diabetes;
- Fluxograma com uma sequência de exames recomendados para o rastreamento de diabetes tipo 2 (DM2), iniciando com glicemia de jejum e/ou hemoglobina glicada;
- Recomendação de rastreamento de DM2 em todas as pessoas a partir de 35 anos. Abaixo dessa idade, apenas para pessoas com obesidade ou sobrepeso;
- Dosagem de autoanticorpos para rastreio de diabetes tipo 1 (DM1) para familiares de primeiro grau de pessoas acometidas pela doença.
A atualização da forma de rastreamento foi indicada pela Federação Internacional de Diabetes (IDF). “Dentre todos os países, fomos a primeira sociedade médica a apoiar a decisão. A Associação Americana de Diabetes recomenda o rastreamento de DM2 nos mesmos critérios que introduzimos agora”, ressalta a Dra. Melanie.
O diagnóstico de qualquer tipo de diabetes é baseado nos estudos que mostram frequência de retinopatia para cada nível de glicose. De acordo com a endocrinologista, a partir dessa mudança, para o médico conseguir fazer esse rastreamento, “o paciente precisa ingerir pelo menos 150 gramas de carboidratos por dia nos três dias antecedentes ao exame e evitar exercícios físicos intensos”.
Além disso, é importante lembrar quais os sintomas que podem levantar suspeita de diabetes:
- vontade frequente de urinar (uma forma natural que o organismo trabalha para eliminar o excesso de açúcar);
- desidratação;
- fome intensa;
- perda de peso.
Esses sintomas podem até ser ignorados e, por muitas vezes, ser encarados como algo que a pessoa esteja sentindo sem “motivo aparente”, mas são um sinal de alerta para o diabetes.
Os novos parâmetros para o diagnóstico ajudarão a diagnosticar a doença mais cedo do que está ocorrendo atualmente. “Ainda não foram feitos estudos especificamente para estimar o impacto dessa mudança, mas há muitos dados que mostram que o diagnóstico precoce e o maior controle da glicemia reduzem o risco de complicações crônicas do diabetes”, explica a médica da SBD. A recomendação é que os exames de glicemia de jejum e de hemoglobina glicada sejam refeitos anualmente.
Por isso, as mudanças representam um verdadeiro avanço no manejo do diabetes. Assim como tudo, a saúde também se encaixa em um processo de ‘cadeia’. Ou seja, uma etapa leva à outra: se a pessoa descobre o fato mais cedo, pode começar a se cuidar e mudar o estilo de vida com antecedência, incluindo a prática de atividade física. Isso garante, no mínimo, melhoria no quadro clínico geral, contribui para a longevidade, e assim por diante. São benefícios em efeito-dominó.
“Ainda há muitos casos não diagnosticados no país. Precisamos investir na identificação desses casos para evitar mau controle de glicose e complicações da doença. Além disso, a detecção precoce permite introduzir medidas de estilo de vida altamente eficazes em atrasar ou prevenir a DM2. Essas medidas podem reduzir o custo em saúde e a necessidade de medicações para diabetes”, finaliza Dra. Melanie Rodacki.
*Priscila Horvat é jornalista com foco em saúde e integra a equipe da Momento Diabetes.
FONTE:https://www.momentodiabetes.com.br
https://bvsms.saude.gov.br/
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abs
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