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sexta-feira, 19 de setembro de 2025

MELHOR IDADE: Exame de sangue para Alzheimer entra em fase de validação no Brasil com apoio do Ministério da Saúde

 Federação Brasileira das Associações de Alzheimer

 

   


Por Christina Mattos

A Iniciativa Brasileira de Biomarcadores em Doenças Neurodegenerativas (IB-BioNeuro) dá início, em agosto, a uma nova etapa para validar exames de sangue de alta precisão no apoio ao diagnóstico da Doença de Alzheimer no Brasil. O estudo é conduzido pelo neurocientista Eduardo Zimmer, com o suporte da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul e do Ministério da Saúde.

“Nós começamos a desenhar esse projeto em 2018. Conseguimos, por meio da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, um equipamento essencial para desenvolver esses exames ultrassensíveis. No início de 2025, recebemos também o apoio do Ministério da Saúde. O estudo foi recentemente aprovado nos quesitos éticos e está pronto para começar”, resume Zimmer.

 

A nova fase começa com um treinamento presencial, na terceira semana de agosto, em Porto Alegre, reunindo profissionais de saúde de dez cidades gaúchas envolvidas no projeto.

Por que validar no Brasil?

A maioria das pesquisas sobre exames de sangue para diagnóstico de demências foi feita com populações da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá. Já o Brasil, como outros países do Sul Global, apresenta fatores que podem influenciar o desempenho dos testes: níveis educacionais variados, acesso desigual aos serviços de saúde e grande diversidade clínica.

Na prática, isso significa que os pacientes chegam aos serviços com condições de saúde distintas, em estágios diferentes da doença e, muitas vezes, com outras enfermidades associadas — fatores que podem interferir nos resultados. Testar essas tecnologias no nosso contexto é, portanto, fundamental para garantir que sejam confiáveis, seguras e eficazes para a população brasileira.

Para investigar essa questão, a equipe de Zimmer realizou um estudo piloto comparando o exame de sangue com outro teste já aprovado pela Anvisa: a análise do líquor, considerado padrão ouro no diagnóstico.

O piloto envolveu 59 pessoas atendidas em uma clínica de memória, entre elas indivíduos sem alterações cognitivas, com demência de Alzheimer e com demência vascular. Entre os biomarcadores avaliados — como amiloide-β, GFAP e NfL —, o p-tau217 teve o melhor desempenho, com alta precisão para identificar a Doença Alzheimer. Mesmo assim, os pesquisadores destacam a importância de ampliar o número de participantes e regiões para consolidar os achados.

“Já realizamos mais de 2 mil análises com esse equipamento em outros projetos. O piloto, que compara o desempenho do exame de sangue ao do líquor, foi recentemente aceito para publicação. Os resultados são muito promissores”, afirma Zimmer.

Diagnóstico oportuno e SUS: os impactos esperados

O objetivo é transformar os exames de biomarcadores sanguíneos em uma ferramenta acessível, com potencial de uso em larga escala no Sistema Único de Saúde.

“Queremos validar esses exames e criar uma plataforma de baixo custo que possa ser incorporada ao SUS. A performance diagnóstica é altíssima e isso pode acelerar a identificação de doenças neurológicas e o encaminhamento para atenção especializada.”

Com a possibilidade de identificar alterações nas fases iniciais, torna-se viável adotar estratégias de cuidado mais cedo, aproveitando recursos já disponíveis na rede pública.

“Estratégias não farmacológicas e farmacológicas que atuem sobre fatores de risco podem ser implementadas. Um indivíduo com resultado positivo para Alzheimer, por exemplo, precisa controlar diabetes e hipertensão — algo que pode ser feito por programas que já existem no SUS.”

Evidências internacionais

Na Conferência Internacional da Alzheimer’s Association (AAIC 2025), realizada no fim de julho em Toronto, Canadá, novas diretrizes sobre o uso de biomarcadores sanguíneos reforçaram o potencial do p-tau217.

Estudos apresentados no evento propuseram que, se o exame alcançar acurácia acima de 90%, poderá ser utilizado para fechar o diagnóstico clínico, e não apenas como triagem. Abaixo desse índice, seguirá sendo necessário confirmar com exames como PET amiloide ou líquor.

Brasil tem baixa taxa de diagnóstico

Hoje, cerca de 80% das pessoas que vivem com demência no país ainda não têm diagnóstico formal. A disponibilidade de um exame de sangue confiável, de baixo custo e integrado ao SUS pode mudar esse cenário. O estudo liderado por Zimmer é um passo concreto nessa direção.

A Febraz segue acompanhando os avanços científicos e as decisões que fortaleçam o direito ao diagnóstico em tempo oportuno, aos tratamentos medicamentosos e não farmacológicos e ao cuidado digno de todas as pessoas que vivem com Alzheimer e outras demências no Brasil.

Febraz 13 de agosto de 2025

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

FONTE :https://febraz.org.br/

 


 


 

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abs
Carla

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