O estresse é uma reação natural do corpo a situações de perigo ou de grande pressão. Para muitas pessoas, a tensão do dia a dia é um fator constante que, além de afetar o bem-estar mental, pode ter um impacto direto e inesperado na saúde física. O que poucos sabem é que a conexão entre o estresse e a glicemia é real, e pode ser um dos grandes desafios para quem vive com diabetes.
“Quando eu tenho um dia muito estressante, um dia de muita tensão… mesmo eu não comendo nada, a minha glicose sobe. Sobe muito. A ponto de que às vezes eu nem consigo medir,” relata Felipe Damas, designer gráfico de 33 anos, que convive com a condição. Ele complementa que, nesses momentos, “eu tenho que esperar o meu corpo se acalmar para que a glicose comece a descer“.
Na verdade, existe uma conexão fisiológica entre o estresse e a glicemia. Por isto, entender como a gestão do emocional é tão importante e aprender estratégias práticas para manter o equilíbrio, é fundamental.
A conexão fisiológica: por que o estresse aumenta a glicose?
Quando nos sentimos estressados, o corpo entra em um modo de “luta ou fuga”. Para se preparar para o perigo, ele libera hormônios como o cortisol e a adrenalina. Esses hormônios agem rapidamente para fornecer energia, sinalizando ao fígado que libere o açúcar (glicose) que estava armazenado na corrente sanguínea.
Em uma pessoa sem diabetes, o pâncreas libera insulina para neutralizar esse aumento de glicose. No entanto, em quem tem diabetes, esse mecanismo não funciona de forma eficiente, e o resultado é uma elevação brusca e prolongada da glicemia. Ou seja, o estresse, mesmo que psicológico, cria uma reação química que desregula o controle do açúcar no sangue.
O estresse do dia a dia e seus efeitos
Não são apenas os momentos de grande perigo que causam essa reação. O estresse crônico — aquele provocado pela rotina de trabalho, preocupações financeiras, problemas familiares ou até mesmo a falta de sono — mantém os níveis de cortisol elevados por longos períodos. Essa exposição contínua aos hormônios do estresse dificulta o controle da glicose, mesmo quando a dieta e a medicação são seguidas à risca.
Por isso, o gerenciamento do estresse não é um acessório, mas uma parte integrante e crucial do tratamento do diabetes.
Gerenciando o estresse e a glicose: dicas práticas
O primeiro passo para controlar o impacto do estresse é reconhecê-lo e, em seguida, adotar estratégias para reduzi-lo.
- Atividade física: O exercício é uma das formas mais eficazes de queimar o excesso de adrenalina e cortisol. Além de ajudar a reduzir o estresse, ele melhora a sensibilidade à insulina.
- Técnicas de relaxamento: Práticas como meditação, respiração profunda ou “mindfulness” podem acalmar o sistema nervoso e diminuir a produção de hormônios do estresse.
- Rotina de sono: A privação do sono é um grande estressor para o corpo. Manter uma rotina de sono regular ajuda a equilibrar os hormônios e a melhorar o controle glicêmico.
- Converse com seu médico: É fundamental incluir o gerenciamento do estresse nas conversas com sua equipe de saúde. Eles podem oferecer orientações e, se necessário, encaminhá-lo para profissionais de saúde mental.
Controlar o estresse faz parte do tratamento do diabetes
A psicóloga Priscila F. G. Pecoli explica como a gestão do estresse deve ser integrada ao tratamento do diabetes, e qual a sua importância para a estabilidade da glicemia a longo prazo.
“Primeiramente, é importante deixar claro que quando falamos em integrar a gestão do estresse ao tratamento do diabetes, não estamos falando apenas de acrescentar uma lista de técnicas para aplicar em momentos de tensão. Estamos falando de olhar para o estresse como parte da vida, com causas e efeitos que são diferentes para cada pessoa“.
Ela complementa que, na prática clínica, isso significa “entender
quais são os gatilhos mais frequentes, como ele percebe o próprio corpo
nesses momentos e quais estratégias realmente funcionam no caso a caso“.
A psicóloga reforça que o uso de sensores de glicose demonstrou que, em pessoas sem diabetes, os picos de glicemia em situações de estresse são temporários. “Só que no diabetes o que verificamos é que esse efeito é mais duradouro e exige atenção constante“. Por isso, “lidar com o estresse não é um complemento do tratamento: é parte fundamental dele, tão importante quanto ajustar a alimentação ou a medicação“.
Entender a conexão entre mente e corpo é um passo fundamental para quem convive com o diabetes. Gerenciar o estresse não é apenas uma questão de bem-estar emocional, mas uma poderosa ferramenta de autocuidado que pode fazer toda a diferença no controle da sua saúde.
Fundador & CEO | Jornalista e Criador de Conteúdo - Tom é jornalista experiente, com mais de 17 anos de carreira em televisão, tendo atuado como repórter e apresentador nas principais emissoras do país. Diagnosticado com diabetes tipo 1 aos 22 anos, transformou sua trajetória pessoal em uma missão profissional. Além de liderar o Um Diabético, também realiza documentários e curtas com foco em saúde e impacto social. É reconhecido como um dos principais porta-vozes do diabetes no Brasil, dando voz e visibilidade a milhares de pessoas que convivem com a condição.
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abs
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