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quarta-feira, 16 de junho de 2021

SÍNDROME CARDIORRENAL – DEFINIÇÕES E CAUSAS III


REVISÃO:19/02/2021


Mecanismo da lesão cardíaca na SCR tipo 3

A lesão renal aguda é acompanhada de alterações quase instantâneas em outros órgãos, inclusive o coração.

Já foram identificados vários mecanismos diretos responsáveis pelo atingimento cardíaco no caso da lesão renal aguda, chamados de conectores cardíacos. Entretanto, existem poucos estudos experimentais dedicados a avaliar especificamente esta interação, de forma que temos menos dados do que no caso da SCR-1.

Sabemos que a inflamação que ocorre nos estados de isquemia renal leva à ativação do sistema imunológico e pode provocar redução aguda da função cardíaca através da liberação de diversas substâncias conhecidas como citocinas. Além disso, o acúmulo de toxinas urêmicas (relacionadas à insuficiência renal), a ativação neuroendócrina através do sistema nervoso simpático e a liberação de hormônios (semelhante ao que ocorre na SCR1) parecem exercer um papel significativo na SRC-3.

Indiretamente, muitas alterações provocadas pela lesão renal aguda podem provocar insuficiência cardíaca. As principais são:

Sobrecarga de volume: a perda aguda da função renal acaba por reduzir a capacidade dos rins de eliminar o líquido em excesso no nosso organismo. O volume de líquidos que fica retido no corpo provoca sobrecarga de vários órgãos, como o coração e os pulmões, predispõe a arritmias cardíacas, a fibrose pulmonar e a edema pulmonar além de provocar distensão das veias e agravar ainda mais a função renal pelo mecanismo de pressão venosa renal aumentada já descrito acima.

Hipertensão Arterial: muitos pacientes com lesão renal aguda apresentam pressão arterial baixa, porque a causa da lesão renal provoca também redução da pressão arterial, como grandes perdas sanguíneas, infecção generalizada ou pós-operatório de grandes cirurgias.

No entanto, alguns pacientes apresentam hipertensão arterial quando têm lesão renal aguda, seja por sobrecarga de volume ou por ativação neuro-hormonal com liberação de adrenalina e outros hormônios que contribuem para a elevação da pressão. A pressão alta neste contexto aumenta o risco de isquemia, arritmias e disfunção cardíaca.

Acidemia: chamamos de acidemia quando existe acúmulo de substâncias ácidas no sangue.

Uma das funções dos rins é eliminar o excesso de ácidos do nosso organismo, uma vez que a produção deste tipo de substância ocorre diariamente como resultado do metabolismo das proteínas que consumimos.

A acidemia é uma complicação bastante frequente da lesão renal aguda e contribui diretamente para a redução da contratilidade do miocárdio, provocando redução da função cardíaca.

Alterações dos eletrólitos: variações dos níveis de potássio, cálcio, fósforo e magnésio no sangue podem ter consequências cardíacas.

Da mesma forma que o controle dos ácidos, o rim exerce um papel fundamental no controle dos níveis sanguíneos destes elementos, sendo o órgão responsável pela sua excreção.

A hipercalemia e a hipermagnesemia, quando há elevação respectivamente do potássio e do magnésio sanguíneo, é uma complicação potencialmente fatal que pode ocorrer nos casos de lesão renal aguda e está associada a toxicidade cardíaca e a arritmias.

Variações do cálcio provocam alterações da contratilidade e do relaxamento cardíaco. Já no caso do fósforo, a redução dos níveis de fósforo no sangue está associada ao tratamento da lesão renal aguda com diálise intensiva e pode provocar fraqueza muscular incluindo os músculos respiratórios, além de alterar a performance cardíaca.

MECANISMOS DE LESÃO NAS FORMAS CRÔNICAS DA SCR

Como já foi mencionado, no caso das formas crônicas da síndrome cardiorrenal é muitas vezes difícil determinar qual órgão foi afetado primeiro, porque frequentemente quando o paciente procura o médico já possui as duas doenças há muito tempo e não consegue discernir qual foi a primeira a aparecer.

A doença renal crônica está associada a alterações do metabolismo do cálcio e do fósforo, que ocasionam deposição de cálcio nas válvulas cardíacas e nas paredes dos vasos e contribuem para a redução do fluxo sanguíneo não só no coração, mas também nas extremidades e no cérebro.

Por isso, verifica-se aumento da incidência tanto de amputação dos membros inferiores e de AVC como de angina e infarto do miocárdio nos doentes renais crônicos.

A diminuição da capacidade de eliminar líquidos, em conjunto com o aumento da pressão arterial acabam por provocar sobrecarga cardíaca, que com o tempo induz a um aumento e espessamento das paredes do ventrículo esquerdo, conhecida como hipertrofia ventricular esquerda, HVE.

Outro fator que contribui para a disfunção cardíaca é a presença de anemia que frequentemente surge nas fases mais avançadas da DRC.

À medida que a função renal cai, ocorre um acúmulo gradual de uma série de toxinas que levam a substituição do tecido cardíaco normal por fibrose e consequentemente à disfunção cardíaca.

No caso da insuficiência cardíaca crônica, alguns dos mesmos processos que contribuem para o desenvolvimento da lesão renal na SCR1 também estão presentes, tais como a redução da perfusão renal, a ativação da resposta neuro-humoral e o aumento da pressão venosa.

Todavia, da mesma forma que na DRC, a estes mecanismos somam-se a produção de substâncias que levam a um estado de inflamação crônica, contribuindo para a substituição de tecido renal funcionante por fibrose.

TRATAMENTO

O objetivo do tratamento da SCR é compensar a disfunção do órgão primariamente envolvido.

Por exemplo, quando se trata de uma insuficiência cardíaca aguda descompensada levando à lesão renal aguda (SCR-1), o objetivo principal será o tratamento do coração, geralmente com diuréticos, para redução da retenção de líquidos e melhora da contratilidade cardíaca. Uma vez que a função cardíaca esteja restabelecida, a disfunção renal melhorará.

Além do tratamento direcionado ao órgão afetado primariamente, neste exemplo o coração, pode ser necessário fornecer tratamento de suporte para o órgão afetado de forma secundária, como iniciar diálise para a insuficiência renal.

No caso das formas crônicas da síndrome cardiorrenal, a terapêutica é a mesma utilizada habitualmente para a insuficiência cardíaca crônica e para a doença renal crônica.

Finalmente, no caso da SCR-5, o tratamento é individualizado de acordo com a situação que levou ao comprometimento renal e cardíaco: uma infecção bacteriana deve ser tratada com antibióticos, a doença autoimune com imunossupressão, etc.




REFERÊNCIAS


Médica graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico

abs

Carla

https://www.mdsaude.com/

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