De cada mil bebês, nove nascem com alguma doença cardíaca, segundo dados da American Heart Association. Cientificamente, recebem o nome de cardiopatas congênitos. De acordo com a nutróloga Daniela Gomes, da SBNPE (Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral), estima-se que 50% das crianças com cardiopatia congênita possam ter comprometimento nutricional, explicado por vários fatores.



A criança com cardiopatia congênita normalmente apresenta dificuldades para se alimentar desde a primeira amamentação. Isso porque o bebê precisa fazer bastante esforço para conseguir mamar, causando cansaço devido à má formação do coração. “O leite materno é sempre fundamental, mas em alguns casos recomendamos que a mãe coloque o leite do peito na mamadeira para facilitar a alimentação do nenê”, explica a nutróloga.

Segundo Daniela, a mãe precisa estar atenta às condições físicas da criança, principalmente aos indícios de baixo peso. O baixo peso infantil não é um estágio normal e pode prejudicar a evolução da cardiopatia, principalmente em crianças que vão passar por procedimento cirúrgico. Evitar alimentos ricos em sódio e excesso de líquido são fundamentais para a qualidade de vida desses pacientes. “O exagero de líquido para as crianças com cardiopatia congênita pode resultar em insuficiência cardíaca — quando o coração apresenta dificuldade em bombear sangue para o corpo todo. Com isso, pode ocorrer retenção de sangue no organismo.”

As crianças com doença no coração precisam ingerir diversos medicamentos, o que atrapalha bastante o apetite e também favorece as crises de enjoo. Apenas um profissional especializado pode orientar devidamente a nutrição dessas crianças.

A dieta de pacientes nessas condições precisa ser com alto valor nutritivo e bastante concentrada, do contrário pode levar à deficiência de nutrientes importantes como ferro, zinco e vitaminas do complexo B. “A criança precisa estar com o peso saudável e bem nutrida, uma vez que muitas delas passam entre um e dois procedimentos cirúrgicos no coração. A dieta adequada também é importante após cada cirurgia para a boa recuperação do paciente”, finaliza a nutróloga.

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