- Quinta, 04 Setembro 2014
A
nutrição adequada desempenha papel expressivo na saúde de todas as
mulheres durante a gestação, pois a quantidade e qualidade nutricional
impactam também sobre o crescimento e desenvolvimento do feto. Está bem
documentado a associação entre estado nutricional materno e ganho de
peso durante este período, com prevalência de situações como diabetes,
anemia e alteração da pressão arterial.
As
mulheres que desenvolvem diabetes durante a gestação (DMG) apresentam
risco elevado para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 posteriormente,
sendo imperativo gerenciar este período através da mudança do estilo de
vida.
A
atenção global à gestante com diagnóstico de DMG é essencial para
reduzir as possíveis complicações advindas desta condição clínica. Este
cuidado deve ser composto por orientação nutricional, prática de
atividade física, controle metabólico, assistência pré-natal e avaliação
do bem estar fetal, bem como avaliação da necessidade de insulinização
ao longo do período.
Embora
haja relativamente pouca informação disponível sobre recomendações
nutricionais específicas para DMG, baseadas em evidências científicas, o
estudo HAPO, demonstrou claramente que alterações metabólicas, mesmo
que mínimas, se refletem negativamente e de forma contínua no bem-estar
fetal e nas complicações maternas. Sendo assim, a intervenção
nutricional no Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) tem sido identificada
como um ponto forte do tratamento, em todos os consensos
internacionais, sendo considerada terapia de primeira escolha para
30-90% das mulheres diagnosticadas.
O
cuidado nutricional no DMG tem como principal desafio equilibrar as
necessidades de uma gravidez saudável e o excelente controle glicêmico.
Para tanto deve contemplar os objetivos para prover adequada nutrição
materno-fetal e ganho ponderal recomendado, assim como atingir e manter o
controle glicêmico, perfil lipídico e níveis pressóricos adequados.
Deve ainda prover energia e nutrientes suficientes, evitar a produção de
cetonas, e prevenir o desenvolvimento de DM tipo 2 pós-parto.
O
estado nutricional da mulher, antes e durante a gestação, é decisivo
para um resultado obstétrico favorável. A avaliação antropométrica deve
ser realizada, inicialmente, pela determinação do Índice de Massa
Corporal (IMC) pré-gestacional, que permite classificar o estado
nutricional da gestante antes da concepção e identificar o ganho de peso
adequado, segundo cada categoria de estado pré-gestacional. (tabela 1)
De
acordo com o Institute of medicine (IOM), a determinação energética para
gestantes com DMG, pode ser realizada através do cálculo de energia por
quilograma de peso, considerando a avaliação antropométrica.
O total
de energia deve cobrir os requisitos de nutrientes adequados ao período
gestacional e para atingir as metas glicêmicas sem induzir a perda de
peso ou ganho excessivo. Para as mulheres em sobrepeso e obesas com DMG,
a modesta restrição de energia e carboidratos parece contribuir para
melhora do controle metabólico, entretanto deve-se considerar o risco
para cetonemia, monitorando-as frequentemente.
O
equilíbrio, estabelecido a partir da adequada prescrição de
macronutrientes e micronutrientes, deve ser personalizado e se
fundamentar nos objetivos do tratamento. O Food and Nutrition Board,
Institute of Medicine recomenda que os carboidratos devam contribuir com
45-65% do valor energético total (VET) e reforça que não devem ser
prescritas quantidades inferiores a 175 g de carboidratos por dia, por
assegurar o desenvolvimento cerebral do feto.
Em
relação às fibras as gestantes com DMG, devem ser incentivadas a optar
por uma variedade de alimentos, tais como hortaliças, cereais integrais,
frutas e grãos inteiros, pois também fornecem vitaminas, minerais,
substâncias importantes para uma boa saúde. A recomendação é semelhante a
população geral, de 20-35g/dia ou 14g/1000 kcal.
Quanto
aos edulcorantes após rigorosa análise, o FDA aprovou o consumo de
Acessulfame K, Aspartame, Sacarina Sódica, Sucralose e Neotame,
considerando seu consumo seguro para o público em geral, incluindo
pessoas com diabetes e mulheres durante a gestação, quando a ingestão
diária aceitável (IDA) é respeitada.
A
recomendação de proteínas, gorduras, vitaminas e minerais para DMG é
similar aquela indicada para as mulheres durante o período gestacional
que não foram acometidas pelo diabetes. O plano alimentar deve ser
fracionado, mantendo intervalos regulares, em torno de 5-6 refeições por
dia, com objetivo de evitar hiperglicemias, hipoglicemias e cetose.
O plano
de cuidado nutricional deve ser individualizado, buscando atingir
metas de tratamento e para tal deve considerar as necessidades
nutricionais, ritmo de vida, hábitos e práticas alimentares, atividade
física e medicamentos, quando necessários. O uso do gráfico de peso para
gestante é uma excelente ferramenta para monitoramento do peso. Vale
ressaltar a necessidade de avaliação contínua do plano de cuidado
durante toda a gestação.
O
Cuidado nutricional durante o DMG deve enfatizar escolhas alimentares
saudáveis, aliadas ao incentivo de práticas alimentares que devem ser
continuadas no pós-parto, contribuindo potencialmente para prevenção do
DM 2.
obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs,
Carla
extraído: http://www.diabetes.org.br/home-nutricao
Referências bibliográficas:
1. Metzer BD et al Summary and recommendations of the Fith International Workshop-Conference on Gestational Diabetes Mellitus. DIABETES CARE, VOLUME 30, SUPPLEMENT 2, JULY 2007
2. The HAPO Study Cooperative Research Group. Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcome. N Engl J Med. 2008;358:1991-2002
3. Diane M. Reader. Medical Nutrition Therapy and Lifestyle Interventions . Diabetes Care July 2007 vol. 30 no. Supplement 2 S188-S193
4. Scotland NE, Haas JS, Brawarsky P, Jackson RA. Body mass index, provider advice, and target gestational weight gain. Obstet Gynecol. 2005; 105(3):633-8.
5. Institute of Medicine. Weight gain during pregnancy: Reexamining the guidelines. May 2009
6. World Health Organization. Promoting optimal fetal development: report of a technical consultation. Geneva: WHO; 2006.
7. Ministério da Saúde. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada. Manual técnico. Brasília, 2006 Disponível em: http://www.saude.gov.br/
8. Food and Nutrition Board, Institute of Medicine: U.S. Dietary Reference Intakes: Energy, Carbohydrates, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids. Washington, DC, National Academies Press, 2002
9. Sociedade Brasileira de Diabetes. Princípios para orientação nutricional a pacientes com Diabetes Mellitus. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, AC Farmacêutica, Itapevi. SP 18-40, 2013/2014
10. American Diabetes Association. Nutrition recommendations and interventions for diabetes. Gestational diabetes mellitus. Diabetes Care. 2004; 27(Suppl 1):S88-90. doi: 10.2337/diacare. 27.2007.S88.
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Dra. Gisele Rossi Goveia
• Nutricionista Clínica diretora da Preventa Consultoria e Ação em Saúde - SP
• Membro do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2016
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