Powered By Blogger

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Filhos cuidadores também sofrem impacto do Alzheimer

ALZHEIMER
Apoio. O coach Rafael Freitas relata como os cuidados com a mãe, Giselda, o fizeram repensar a vida
  • INTERESSA - PERSONAGEM
    Ana Heloísa (esq.) revelou dedicação total à mãe, Anna Izabel

  •          
     Divisão de tarefas e até troca de emprego são alternativas, orienta coach
    PUBLICADO EM 27/01/16 - 04h00
     

    Durante os 13 anos em que a professora Anna Izabel Arnaut conviveu com o Alzheimer, a funcionária pública Ana Heloísa, 57, se dedicou totalmente à mãe. “Deixei a vida social e tudo de lado. Não sabia o que era shopping, cinema, viajar”, diz. Todo empenho, apesar de gratificante, não escondia, porém, o quão cruel a doença pode ser. “A medida em que a doença vai progredindo, você vai vendo a pessoa morrer em vida. A primeira coisa que choca é quando ela não te reconhece mais”, conta.
    É inegável o impacto emocional para familiares e pacientes com a doença, que já acomete, pelo menos, 1,2 milhão de pessoas no país, sendo cerca de 100 mil novos casos por ano, segundo o Instituto Alzheimer Brasil (IAB). Mas parentes que cuidam de familiares podem ainda ter a carreira prejudicada pelas inúmeras faltas, licenças e, muitas vezes, até o abandono da profissão.
    Pesquisa do Families and Work Institute estima que cerca de 34 milhões de norte-americanos empregados cuidaram de alguém com mais de 50 anos em 2014. Desses, metade informou alguma influência ruim na carreira, conforme dados da associação dos aposentados e a National Alliance for Caregiving.
     

    Mesmo contando com o apoio de uma pessoa para as tarefas de casa, Ana Heloísa se desdobrava para ficar com a mãe. “Não pude pensar em parar de trabalhar, porque não teria de onde tirar o nosso sustento, mas tive que me mudar para perto do meu trabalho e, juntando muitas férias, consegui ficar quase um ano com ela”, lembra.
    Soluções. Para minimizar os impactos, a coach pessoal e profissional Raquel Furtado afirma que o primeiro passo é avaliar a situação com racionalidade e, em seguida, negociar. “É comum que uma ou duas pessoas fiquem com a carga mais pesada dos cuidados, mas a família precisa resolver como o acompanhamento do idoso será feito e por quem, de preferência, com uma escala de cuidados”, orienta.
    Já quando o doente entra em um estágio que não consegue ficar sozinho, o ideal, segundo Raquel, é contar com o apoio de cuidadores profissionais ou optar pela internação especializada. Como nem todos têm acesso a esse tipo de alternativa, a coach reconhece que, em casos de familiares que trabalham com um alto nível de exigência de resultados e com horários rígidos, é preferível tentar trocar de emprego.
    “Outra alternativa é tentar trabalhar de casa ou buscar trabalhos de meio período. Se realmente não houver outra opção, recomendo que o familiar tente se manter atualizado o máximo possível, seja lendo, pesquisando e fazendo cursos online. Mesmo que a pessoa não volte a se reinserir no mercado de trabalho, esse processo vai ajudá-la a não ficar de fora das conversas e a minimizar o impacto emocional”, afirma.
    Os tratamentos mais promissores contra a doença
    Cirurgia 
    No fim do ano passado, foi realizada, no Brasil, uma cirurgia que pode combater a doença. O procedimento, chamado de estimulação cerebral profunda, funciona como um marca-passo cerebral – microcorrentes elétricas são descarregadas no cérebro, estimulando seu funcionamento.

    Medicamento
    Resultados apresentados em julho do ano passado pelo laboratório farmacêutico Eli Lilly, nos EUA, indicam que um novo tipo de droga teve efeitos promissores em pacientes em estágio inicial da doença.

    - Segundo o laboratório, pacientes que começaram a receber o chamado “Solanezumab” de forma precoce se beneficiaram mais do que aqueles que só passaram a ingeri-lo 18 meses mais tarde.
    Técnica
    Cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, desenvolveram uma técnica de ultrassonografia que pode ajudar a clarear e limpar as placas beta-amiloides (depósito anormal de fragmentos de proteínas) no cérebro, restaurando a memória.

    - O resultado dos experimentos com cobaias foi publicado em março do ano passado.

    Depoimento
     
    “Minha mãe, de 72 anos, descobriu, aos 67, que tinha a doença de Alzheimer. (Nesses casos), os parentes também precisam de ajuda, pois têm que desenvolver a habilidade da paciência para lidar com alguém que vive num mundo de fantasias, acredita ter compromissos que não tem mais, precisa ser vigiada o tempo todo, não pode sair sozinha. O gás da cozinha precisa de uma chave especial, e a geladeira também, porque, às vezes, (o paciente) resolve jogar toda a comida no lixo. Para quem enfrenta esse problema, a pergunta é: ‘Quem você quer ser no momento em que estiver lidando com a pessoa afetada pelo Alzheimer?’. É preciso confrontar a resposta com outra questão: ‘Quem você tem sido nesses momentos?’. Alguém que não aceita que as coisas mudaram, com pouca paciência? É difícil encarar que a mãe deixa de ser o exemplo e passa exigir cuidados. Não podemos alterar os fatos, mas podemos mudar a forma como os encaramos. É preciso se relacionar melhor com o sofrimento. ‘Dolorir’: colorir a dor, encontrar um sentido, uma missão maior para essa angústia de reconhecer que as coisas mudaram. A tristeza de perceber a decadência em quem amamos precisa nos ensinar sobre nós e a nossa fragilidade. É um choque ver um indivíduo ficar totalmente dependente. Enquanto dentro da gente existir a imagem da pessoa de antes do Alzheimer, fica difícil aceitar a nova pessoa que surge depois da doença. Na velhice, todos esperamos mesmo que os papéis se invertam e que nos tornemos pais de nossos pais, mas, no caso de minha mãe, o Alzheimer antecipou essa expectativa em dez anos e me mostrou que o envelhecer será muito pior do que eu imaginava”.
    Rafael Freitas Gonzaga (Coach e filho)
     
    Associação reativada investe em grupos

    Seja pela internet ou presencialmente, a troca de experiências entre cuidadores e parentes é de fundamental importância para saber lidar com os difíceis sintomas da doença de Alzheimer e melhorar a convivência e a qualidade de vida da família como um todo.

    “O primeiro a sofrer o impacto da doença é o familiar. É o primeiro a começar a ter contato com as mudanças que o paciente passa”, explica Victor Neves, diretor de comunicação da Associação Brasileira de Alzheimer – regional Minas Gerais (Abraz-MG).

    Reativada em dezembro de 2015, a criação de grupos de apoio será um dos principais pilares do trabalho que será desenvolvido pela Abraz, a partir deste ano. Os primeiros encontros devem ser realizados com a assistência de igrejas e associações locais, e a proposta deve expandir-se. “A ideia é ter, pelo menos, um grupo de cuidadores e familiares em cada uma das nove regionais de Belo Horizonte, para que possamos dividir o trabalho até mesmo levando em conta os interesses de cada localidade”, diz.

    Bairros. A região Norte da capital deve ser a primeira a receber um dos grupos. O encontro será realizado na igreja Nossa Senhora do Parto, no bairro São Bernardo, em fevereiro. O bairro Grajaú e a cidade de Contagem também estão na programação da Abraz. “Vamos lutar por políticas públicas para que os idosos tenham um futuro melhor. Estamos legislando em causa própria, porque daqui a 30 anos seremos idosos”, afirma.

    Para informações sobre a Abraz, o contato é abrasregionalminasgerais@gmail.com
     
    p.s: foram 09 anos de aprendizado todos os dias, sofrimento e perguntas quase sempre sem respostas. A troca de experiência é muito importante porque além de aprender você percebe que tem outras pessoas passando o mesmo ou/e até pior como me ajudaram os grupos que participo.  
     
    obs.conteúdo meramente informativo procure seu médico
    abs.
    Carla
    extraído:http://www.otempo.com.br/interessa/filhos-cuidadores-tamb%C3%A9m-sofrem-impacto-do-alzheimer-1.1220273

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário

    Vc é muito importante para mim, gostaria muito de saber quem é vc, e sua opinião sobre o meu blog,
    bjs, Carla