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sexta-feira, 20 de março de 2015

HEMODIÁLISE NOTURNA AUMENTA EM PORTUGAL

O serviço de hemodiálise noturna em clínicas está em expansão em Portugal, seguindo a tendência europeia. Vários centros de diálise no país mantêm as portas abertas durante a noite aos hemodialisados que não querem perder pitada do dia de trabalho, do estudo e ou convívio familiar. Saiba quais os benefícios e os inconvenientes desta opção de tratamento da insuficiência renal e o que os investigadores descobriram sobre esta modalidade.

Hemodiálise Noturna Aumenta em Portugal

Liberdade. Independência. Privacidade. Tranquilidade. Qualidade de vida. São estas as palavras de Maria Correia, uma recente utente da chamada Diálise Autónoma Longa Noturna, para caracterizar o que mudou na sua rotina depois de experimentar esta modalidade numa clínica de diálise que dispõe deste serviço em Portugal [Nota: o Serviço Nacional de Saúde não o contempla]. Conciliar o tratamento da doença com a dedicação à família é uma das virtudes que valorizou neste serviço.




A ideia de ser hemodialisado durante o período noturno – seis a oito horas, enquanto se dorme – não é nova. Uma outra alternativa, embora residual em Portugal, é a hemodiálise noturna domiciliária.


Há fatores a considerar antes de optar pela hemodiálise noturna fora de casa e de longa duração: a disponibilidade e a motivação do paciente. E há desvantagens já identificadas: os horários não são para todos, especialmente para quem tem dificuldades com os transportes. Uma sessão noturna chega a ser duas vezes mais longa do que uma sessão diurna – o que no entanto deve ser encarado como uma vantagem, dado que se traduz num aumento significativo do bem-estar físico e psíquico, bem como na redução da mortalidade e morbilidade. Esta opção pode, porém, ser um problema para quem não consegue dormir durante o tratamento. As próprias rotinas, como a verificação das tensões arteriais dos doentes pelos enfermeiros em serviço, podem destabilizar o sono dos mais sensíveis.



Cada vez mais estudos sustentam que a taxa de mortalidade dos insuficientes renais, por exemplo, diminui com esta escolha. O exemplo-charneira até há pouco tempo vinha de França. Este regime intensivo de hemodiálise noturna é uma realidade por aqueles lados desde os anos 1970. Mais de 1400 pacientes foram acompanhados e monitorizados ali nos últimos quarenta anos. A mortalidade média registada neste período é 55% menor do que a mortalidade esperada nos Estados Unidos junto de uma população semelhante de pacientes.



Hoje existem mais referências, por exemplo vindas da Turquia. De acordo com um estudo apresentado no Encontro Anual e Exposição Científica da Sociedade Americana de Nefrologia, em 2008, em Filadélfia, a sujeição ao tratamento de diálise durante oito horas, pela noite dentro, três vezes por semana, reduz o risco de morte em cerca de 80% comparado ao tratamento convencional – quatro horas de diálise, três vezes por semana.



Para o estudo, realizado no âmbito de uma bolsa concedida pela European Nephrology Dialisys Institution, e liderado por Ercan Ok, da Ege University em Izmir, Turquia, 224 pacientes de diálise foram transferidos da hemodiálise diurna para a noturna. Durante um ano, numa clínica turca, os pacientes passaram três noites por semana num centro de diálise onde se encontravam oito horas sob um tratamento de hemodiálise contínuo. “Depois de um mês de adaptação, todos os pacientes dormiram durante a noite sem qualquer queixa”, refere o coordenador do estudo. Os efeitos foram comparados com os de um grupo semelhante de pacientes que continuaram a fazer diálise convencional, quatro horas por dia, três dias da semana.



“Os nossos resultados confirmaram que a diálise mais longa produz resultados significativamente melhores, com uma redução em 78% da taxa de mortalidade”, lembra Ercan Ok.



Um melhor controlo da tensão arterial, nesta experiência, conduziu a uma redução em dois terços de medicação para a hipertensão arterial. Também a doença mineral óssea, característica desta população, melhorou significativamente face ao habitual. Por consequência, registou-se uma redução de 72% na medicação usada para reduzir a absorção de fósforo.


Segundo a mesma investigação, grande parte dos hemodialisados noturnos referiram um aumento no apetite. Muitos deles ficaram aptos para regressar ao trabalho, reportando uma melhoria na performance laboral e uma melhor destreza física e mental.



Porém, o estudo não escapa a certas debilidades: os pacientes não foram distribuídos aleatoriamente pelos dois métodos de diálise. Com uma média de idade de 45 anos, os pacientes eram mais jovens do que a população-tipo de pacientes da hemodiálise. Poucos pacientes mais velhos quiseram mudar da hemodiálise diurna para a noturna.



Para o coordenador do estudo, as previsões são otimistas: “Esperamos que estes dados venham a convencer toda a sociedade – incluindo médicos, pacientes, autoridades de saúde e instituições de segurança social – para a necessidade de uma hemodiálise mais longa, de modo a reduzir as altas taxas de mortalidade e morbilidade”.



Outro estudo preliminar, com origem no Departamento de Medicina da Universidade de Calgary, de Alberta, Canadá, publicado no ano anterior, chamava a atenção para a melhoria da qualidade de vida resultante da escolha de uma hemodiálise noturna regular. O objetivo dessa investigação era comparar os efeitos deste tipo de hemodiálise, face ao método convencional, na hipertrofia ventricular esquerda e na qualidade de vida relacionada com a saúde dos pacientes. Durante seis meses, 52 insuficientes renais foram controlados em dois centros universitários canadianos. Um grupo receberia hemodiálise noturna seis vezes por semana e outro grupo receberia hemodiálise diurna convencional três vezes por semana.



Conclusões da investigação: Se por um lado, a hemodiálise noturna regular não melhorou significativamente a qualidade de vida dos pacientes, esta modalidade foi associada a melhorias significativas em domínios específicos – nomeadamente das alterações hidroeletrolíticas, doença mineral óssea e controle da tensão arterial dos pacientes analisados. A redução ou a descontinuação de medicação para a hipertensão foi uma das consequências deste estudo nos pacientes que experimentaram a hemodiálise noturna.



Outras vantagens desta modalidade têm sendo apontadas pelos pacientes e pelos especialistas da nefrologia. Sendo a diálise mais longa, a depuração do sangue é realizada com maior eficácia do que na hemodiálise convencional e, por isso, mais toxinas são removidas. O tratamento torna-se mais suave, relaxado e menos cansativo. Com o recurso a esta modalidade, aumenta a longevidade do acesso vascular e há uma menor preocupação com as dietas ricas em fósforo e sódio. A longo prazo, há menos complicações com doenças cardiovasculares.


Um problema inerente a esta técnica prende-se, nestes tempos de crise, com os custos que lhe estão associados, sendo que o Estado não financia de forma diferente as modalidades noturnas.


p.s: será que seria bom para nós... 



obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs,
Carla
extraído:http://www.portaldadialise.com/articles/hemodialise-noturna-aumenta-em-portugal-

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