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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Professores criam jogo que ajuda médico a tratar pacientes diabéticos

23/4/2013 - G1
 
O endocrinologista Leandro Arthur Diehl e mais três médicos paranaenses desenvolveram um jogo de computador para aprimorar a habilidade dos profissionais que precisam prescrever insulina para pacientes diabéticos. O “InsuOnline” reproduz um atendimento em uma unidade básica de saúde. O médico precisa fazer perguntas para o paciente e analisar exames para, então, prescrever a dose correta e o horário de aplicação da insulina.

 O game é dividido em fases. “Cada fase é um paciente e a obrigação dele [médico] é atender corretamente. Quanto mais avança, mais complicado. Um dia ele resolve prescrever uma injeção por dia, depois precisa de duas aplicações. O tratamento vai ficando mais complexo, precisando de mais ajustes. Nossa ideia é ter uma situação mais próxima da realidade possível”, explicou Diehl.

Durante o jogo, o médico precisa fazer perguntas para os pacientes e solicitar exames para chegar a um diagnóstico. O endocrinologista citou que a diabetes já pode ser considerada uma epidemia. Segundo ele, são 370 milhões de diabéticos no mundo e 12 milhões no Brasil.

 A nutricionista Bruna Rauen Cerqueira, de 29 anos, faz parte destes 12 milhões mencionados por Diehl. Ela descobriu a doença quando tinha 11 anos, graças ao olhar atento do tio, que é pediatra. “Em uma festa de família, até foi em um jogo da Copa de 1994, ele viu que eu apresentava os sintomas. Eu ia muito ao banheiro, sentia muita fome, muita sede, perdendo peso, e ele pediu para eu fazer alguns exames”, contou.

A notícia repercutiu diretamente na vida da então pré-adolescente, que precisou controlar a alimentação, principalmente a quantidade de açúcar ingerida. “Eu não podia comer doce nem nada. Isso, no começo, foi bem difícil porque eu era criança e estava no colégio”, lembrou a nutricionista.

 Hoje, com aplicações diárias de insulina, Bruna pode ceder um pouco à tentação dos doces e ser mais flexível na dieta. Ela usa dois tipos de insulina. Uma que ela chama de  basal, com duas doses diárias, e outra que é aplicada conforme a alimentação. “Eu faço a minha glicemia e vejo quanto está. Conforme estiver a minha glicemia, eu tenho que tomar mais ou menos insulina e dependendo do carboidrato que eu vou consumir naquela refeição eu tenho que consumir mais ou menos insulina também”, explicou.

Bruna aprendeu a aplicar a injeção de insulina quando tinha 15 anos. “Eu aprendi a aplicar para a viagem de formatura com o colégio. De lá para cá sempre eu que aplico”, disse. Desde que soube da doença, a nutricionista vai ao mesmo médico, que é um endocrinologista. Ela conta que, ano a ano, a quantidade de insulina aumenta um pouco e que o cuidado com a prescrição foi ainda maior quando ficou grávida. “Na gestação alterou bastante. Eu tive que ter um contato direto com o meu médico porque, no começo, eu tive que diminuir a quantidade e, no final, aumentar. Quase dobrou a quantidade de insulina”.

Para Diehl, que também é professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), nem sempre o acompanhamento do diabético deve passar por um endocrinologista. Inclusive, este foi um dos pontos que o motivou para o desenvolvimento do game. Segundo ele, existe uma deficiência na formação dos médicos quanto ao tratamento da diabetes. “Eu vejo que muitos clínicos gerais encaminham o paciente para o endocrinologista para coisas simples em relação à insulina. Na faculdade, ainda se passa a visão errada de tratamento pelo endocrinologista. Não é mais. A educação que a gente dá hoje para o clínico geral ou para o aluno de medicina não está sendo suficiente. É fundamental uma forma de ensino diferente para complementar”, explicou Diehl.

Ele lembrou que normalmente os doentes são tratados por clínicos gerais, uma vez que não existe uma especialidade voltada para a diabetes. São esses médicos, especialmente, os que atuam nas unidades de atendimento primário, o principal alvo do “InsuOnline”.

“Muitas vezes, o médico percebe que o paciente precisa de insulina, mas não sabe como prescrever ou não tem segurança e o paciente acaba ficando sem. Ele não prescreve”, acrescentou. O professor explica que, se ministrada na quantidade errada, o quadro do paciente diabético pode complicar causando comprometimentos, algumas vezes fatais.  “A ideia é que, com o game, o clinico geral tenha uma noção melhor para usar a insulina”, disse Diehl.

Agora, por que apostar em um jogo de computador para diversificar o ensino na medicina? “É uma mídia que está crescendo muito. É tendência o uso de games, de simuladores seja para administração, para economia, seja para qualquer área”, argumentou.

Diehl não desenvolveu o jogo sozinho. A ideia original, aliás, foi do também professor da UEL Pedro Gordan. Após dois anos e meio, o trabalho está em fase de conclusão graças ao esforço de uma equipe composta pelo também endocrinologista Roberto Esteves, professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e Izabel Coelho, da Faculdade Pequeno Príncipe de Curitiba.

Como nenhum dos médicos entende de programação, foi estabelecida uma parceria com a empresa Oniria Softwares. “Eu estava presente em todos os momentos de decisão do designer, tomamos decisões juntos. Só assim pode funcionar um projeto deste, todos contribuem. Tem que ser um trabalho interdisciplinar”, enfatizou. (Veja como funciona o jogo)

Doutorado vai indicar eficiência do jogo

Até por ter uma empresa privada como parceira no desenvolvimento do "InsuOnline", existe uma perspectiva de comercializar o game. Antes, porém, Diehl vai verificar a eficácia do jogo como ferramenta de ensino. “Será o foco da minha tese de doutorado, da minha pesquisa”, explicou.

Segundo Diehl, haverá dois grupos de médicos: um vai jogar o “InsuOnline” e o outro terá a formação tradicional, com aulas e treinamento. A eficácia do game será confirmada se os médicos do primeiro grupo adquirirem mais conhecimento, mais confiança e segurança na hora de prescrever a insulina. “Essa é uma coisa importante. Tem muita gente que faz game, mas não sabe se é efetivo. A gente espera que funcione, a gente não sabe o resultado” comentou.

Se a pesquisa de doutorado de Diehl comprovar que o jogo é eficaz, a ideia é vendê-lo para médicos, instituições médicas, prefeituras e universidades.

“InsuOnline” vence Imagine Cup 2013

O game desenvolvido por Diehl e equipe foi o campeão da edição brasileira da Imagine Cup 2013, competição de tecnologia da Microsoft, na categoria Cidadania Mundial. O "InsuOnline" vai representar o Brasil na final mundial que será realizada entre os dias 8 e 11 de junho, na Rússia.  “Para a gente foi uma surpresa. O projeto nem está pronto, em desenvolvimento, e com certeza vai ajudar muita gente. Agora, vamos defender o Brasil. Estamos com esperança”, disse Diehl.

Para ele, o prêmio é um motivador para a equipe chegar ao fim do projeto, que está próximo. “A gente está mais empolgado para deixar projeto redondinho. Agora, a gente que ir lá mostrar trabalho”, finalizou.
 
fonte: http://www.diabetenet.com.br/conteudocompleto.asp?idconteudo=7522

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