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sexta-feira, 28 de abril de 2017

A importância de se medir as cetonas. Mas, afinal, o que é isso?

Quando devo monitorar as cetonas?

Dra. Renata Noronha*

question mark on a sticky note against grained wood

Um estudo publicado no início do ano pela Revista Diabetes Care e replicado pela agência de notícias Reuters (http://uk.reuters.com/article/us-health-diabetes-ketone-testing-idUKKBN15B275) mostra que as pessoas com diabetes tipo 1 deveriam monitorar a cetona, pois do contrário pode ocasionar complicações. Mas afinal o que cetona?

Ela pode ser um indicativo de que um quadro chamado cetoacidose, pode estar por aparecer, e surge na pessoa quando esta apresenta falta da ação de insulina. A cetoacidose por sua vez, se não tratada, pode levar ao coma. Na maioria dos casos, trata-se de uma pessoa com diabetes tipo 1, que não apresenta mais produção de insulina no corpo, necessitando portanto de sua aplicação exclusivamente para controle da glicemia. Mas será que todos os pacientes com diabetes tipo 1 precisam monitorar?

A cetona deve ser verificada quando a pessoa com diabetes estiver com hiperglicemia por períodos prolongados, geralmente com taxas acima de 250 mg/dl, onde a falta de insulina e/ou da sua ação pode levá-lo ao quadro de cetoacidose.

As situações onde mais comumente o paciente com diabetes tipo 1 pode estar suscetível à ausência da insulina ou de sua ação são: falta de adesão ao tratamento, principalmente falha nas aplicações de insulina associada ao abuso alimentar; infecções ou uso de medicações, que aumentem a resistência à insulina como glicocorticoide; pacientes muito jovens, que fazem uso de baixas doses de basal, quando falham na aplicação dos bolus nas refeições; problemas na infusão de insulina em pessoas com diabetes, que estejam utilizando de sistema de infusão contínua; e por fim, a possibilidade de má conservação do hormônio e problemas com dispositivos de aplicação como canetas e bombas de infusão, que podem diminuir a ação do hormônio ou fazer com que o mesmo não seja administrado adequadamente.

Estas situações podem acontecer também em pessoas com diabetes gestacional e em alguns casos mais raros nas pessoas com diabetes tipo 2. Neste último caso, especialmente em ocasiões onde a resistência à insulina pode estar aumentada, fazendo com que a pessoa permaneça com hiperglicemias por tempo prolongado. No caso específico de pacientes com tipo 2, quando a terapêutica com inibidores do SGLT2 está associada ao esquema de tratamento, a  chance de incidência de cetoacidose aumenta ainda mais.

Para realização da medida de cetona domiciliar, existem: o glicosímetro, que possibilita a medida da cetona, através de uma gota de sangue, exatamente como se faz para ver a glicemia (dextro) e as tiras reagentes de urina, onde se pode medir a cetonúria, por meio da presença de cetonas na urina.

Se a pessoa não verificar a cetona e estiver evoluindo para quadro de cetoacidose, isto ocorre porque, devido à falta de insulina, o corpo não consegue aproveitar o açúcar do sangue nas células (a insulina é como se fosse um caminhãozinho que joga o açúcar do sangue para dentro das células). O corpo, apesar de estar com a glicemia alta, entende que há falta de açúcar e vai buscar o mesmo, metabolizando glicogênio armazenado no fígado. Este processo é que joga cetonas e ácidos no sangue, além de aumentar mais a glicemia, culminando, portanto, com quadro de cetoacidose. 

Clinicamente o paciente vai apresentar sintomas como aumento do volume de urina  e de da ingesta de água, levando o mesmo a evoluir com desidratação, dor abdominal e muitas vezes náuseas e vômitos. Aliás, o vômito pode piorar rapidamente o quadro de desidratação. A hiperglicemia prolongada, sem insulina circulante no corpo, torna este processo um quadro progressivo, podendo levar o paciente inclusive ao que se chama de coma hiperglicêmico.

A recomendação é de que ao primeiro sinal de um quadro de hiperglicemia prolongado, ou à interrupção da infusão da insulina, que a pessoa realize a medida da cetona. Se detectar a presença da mesma, é importante se manter hidratado e ir tentando corrigir a hiperglicemia com uso da insulina de ação rápida ou ultrarrápida. Se possível entrar em contato com seu médico para que ele oriente as medidas necessárias. 

Caso os níveis de cetona estejam muito altos e o paciente já não esteja conseguindo nem ingerir líquidos para se hidratar, o mais prudente é procurar um pronto atendimento.

Por isso, ressalto, que no paciente com diabetes tipo 1, a ocorrência da cetoacidose é mais comum, contudo, aquele ele faz adequadamente sua automonitorização, tem boa adesão ao tratamento e às recomendações alimentares, a chance de apresentar este quadro é muito menor. O paciente bem controlado, em geral, vai notar glicemias altas e tomar providências antes de chegar a um quadro mais grave, muitas vezes inclusive nem chegando à necessidade de checar a cetona. 

A cetoacidose pode em geral ser evitada com a boa adesão ao tratamento e planejamento alimentar.

*Endocrinopediatra e Médica Assistente do Ambulatório de Diabetes Infantil – Depto Puericultura e Pediatria da Santa Casa de São Paulo

obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs
Carla

https://www.debemcomavida.com.br/a-importancia-de-se-medir-as-cetonas-mas-afinal-o-que-e-isso/

Vanessa Pirolo
Jornalista, criadora do blog convivência com diabetes, tem diabetes desde o seus 18 anos, e redatora do Portal DBCV

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