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terça-feira, 11 de agosto de 2015

O Curso do Estresse do Cuidador na Doença de Alzheimer

 


 
Não. Não entrei na onda de colorir para aliviar meu estresse. Aliás, peguei a caixa de lápis de cor emprestada da minha filha justamente para ilustrar um ideia para orientar cuidadores, familiares e profissionais da saúde a lidar justamente com o estresse… de cuidar de alguém com Alzheimer. Entenda o porquê.
 
O gráfico acima parece um mal sucedido amontado de rabiscos – impressão essa reforçada pela minha disforme caligrafia. No entanto, essa imagem antecipa um gratificante projeto que está em fase de finalização. Como enfrentar o estresse do cuidador na doença de Alzheimer? Por incrível que pareça, os riscos acima dão o caminho.
 
A curva descendente no gráfico aponta o curso habitual da doença de Alzheimer. De maneira didática, pontuei 10 marcos representativos nessa jornada e que foram escolhidos justamente por causarem picos nos níveis de estresse do cuidador. São eles:
 
1) momento do diagnóstico definitivo; 2) dependência para atividades instrumentais da vida diária; 3) alterações de comportamento; 4) acentuação nas perdas cognitivas; 5) novas alterações de comportamento; 6) hospitalização por qualquer doença; 7) dependência para atividades básicas da vida diária; 8 ) dúvida quanto a institucionalizar o familiar; 9) terminalidade – restrição ao leito – sinais de morte iminente ou de não haver o que se fazer; 10) falecimento.
 
Perceba que cada um desses 10 marcos representa uma oscilação para cima, um pico, no nível de estresse de quem cuida. Inicialmente, temos o choque da divulgação do diagnóstico. Mesmo quando se desconfia que o familiar pode estar com problemas sérios de memória, a afirmação do especialista sempre desnorteia a dinâmica familiar. Em seguida, quando o paciente passa a demandar mais ajuda para realizar atividades que costumava fazer com facilidade, o mecanismo de defesa habitual chamado negação começa a perder sua força e todo aquele discurso proferido pelo médico e pelo senso comum sobre o que é Alzheimer cai como uma fixa no orelhão.
 
Acompanhando o gráfico, percebe-se que há um crescimento nos níveis de estresse com o passar dos anos e com o aumento na dependência e no surgimento de alterações de comportamento. Os três momentos que antecedem o falecimento são extremamente estressantes: conviver com uma pessoa que apresenta dependência para atividades básicas da vida diária (como banho e alimentação), a dúvida quanto a institucionalizar ou não e a fase da terminalidade. É de se esperar, por mais equilibrados e resilientes que sejam a família e o cuidador direto, que o estresse do cuidador se manifestará nessas situações.
 
Por fim, perceba que há um estresse residual após o falecimento da pessoa com Alzheimer. Mas se o cuidado terminou, por que há esse tipo de estresse? Acontece que o cuidador viveu anos à luz da sobrecarga, muitas vezes mergulhado em sentimentos de culpa e de impotência. Quando o cônjuge ou pai falece, pode no cuidador reascender esses dois sentimentos, além do de vazio, que o obriga a resgatar sua identidade e relações.
 
Entender esse gráfico é fundamental para profissionais da saúde. Com ele, pode-se antecipar os marcos de estresse através da psicoeducação, da maior frequência de consultas e, principalmente, do olhar mais cuidadoso aos sutis sinais de desajuste no cuidador.
 
No próximo post explico melhor esse gráfico e quais medidas psicoeducativas podem ser adotadas em cada um dos marcos.
Grande abraço,
Leandro Minozzo – Médico CREMERS 32053
 
obs.conteúdo meramente informativo procure seu médico. Assim que o Dr. Leandro postar as medidas psicoeducativas posto aqui.
 
abs;
Carla
extraído:http://www.leandrominozzo.com.br/blog/
 

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