Quando o coração para de receber oxigênio e nutrientes por conta da ausência de irrigação sanguínea, começa a ocorrer a morte de células do tecido cardíaco: significa que ele está sofrendo um infarto. Durante esse processo, dependendo do tamanho, da localização e do tempo que a artéria está alterada, o indivíduo pode sentir diversos sintomas que muitas vezes são pequenos, se comparados à conhecida dor no peito que automaticamente associamos ao problema.

Muita gente já deve ter sentido pelo menos uma vez na vida falta de ar, palidez, azia ou ânsia de vômito. Pois esses sintomas podem estar por trás de um infarto. Segundo o doutor Marcelo Sampaio, cardiologista do Hospital Dante Pazzanese, há duas explicações para a ocorrência desses sintomas chamados “atípicos”. “Quando o músculo cardíaco sofre isquemia (falta de suprimento sanguíneo), o próprio corpo humano ter um mecanismo de compensação pelos danos que está sofrendo. Quando o cérebro percebe que o coração está funcionando de forma anormal, lança mão de mecanismos, como a liberação de hormônios, para tentar ‘resolver’ o que está acontecendo.”

Um exemplo dessa tentativa de compensar explica o rubor no rosto da pessoa que está infartando. “Como alguma artéria está fechada, o cérebro manda substâncias vasodilatadoras para o organismo, o que pode atingir os vasos faciais”, explica o doutor Sampaio. Assim, mais sangue chega ao rosto e a pessoa fica “vermelha”.

A falta de ar também é um bom exemplo: como o coração com artérias obstruídas não consegue bombear sangue para o corpo, o líquido acaba “voltando” e acaba atingindo os pulmões.

O doutor Ricardo Pavanello, cardiologista do HCor, alerta para o fato de que cada área irrigada do músculo cardíaco tem ligação com uma função do corpo humano. “Dependendo da artéria obstruída, pode acontecer uma falência ou uma perda de função de órgãos relacionados. Quando há um entupimento da artéria coronária direita, por exemplo, ligada à área que é fonte de estímulos eletrônicos do coração, a pessoa sente náuseas, vômitos, tontura, desmaio, síncopes – uma espécie de ‘apagão’. Já do lado esquerdo, que é responsável pela irrigação do músculo cardíaco, os sintomas são cansaço, falta de ar, edema pulmonar”, explica.


Quando procurar ajuda em casos de sintomas leves?

É por isso que é tão importante estar atento a qualquer sinal que o corpo manda. Diabéticos, em especial, podem sofrer perda da sensibilidade à dor. Idosos e mulheres, que em geral subestimam as dores, também. Qualquer pessoa que tenha antecedente familiar com doenças cardíacas também entra no grupo de risco dos que não devem menosprezar mesmo os sintomas mais leves e aparentemente insignificantes.

Mas mesmo que você não se enquadre em nenhum dos casos anteriores, fique alerta: “Qualquer mal estar, como vômitos e náuseas que durem mais de 30 minutos, devem ser avaliados por um médico”, explica o doutor Sampaio. “60% dos casos de morte acontecem uma hora após o inicio do infarto. É fundamental o atendimento rápido”.