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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A MORTE COMO REFLEXÃO PARA A FAMÍLIA

Dr. Márcio Borges - Médico Geriatra
Editor de conteúdo - Facebook Cuidar de Idosos

A MORTE COMO REFLEXÃO PARA A FAMÍLIA

Nossa sociedade consumista e digital vem tratando a morte como evento estranho e desprovido de realidade. Morrer é fracassar. A morte são os outros. Morre-se nas catástrofes, nas tragédias, nas guerras. Morre-se longe do lar. Lugar de morte é nas UTI’s dos hospitais. 

Faço a seguinte reflexão sobre o finitude: “A reflexão sobre a morte, sobre a nossa própria morte e de nossos familiares e amigos, pode demonstrar que temos uma boa noção de realidade e de que somos finitos. Com isso, poderemos conviver e aceitar melhor as perdas que a vida irá nos infligir. Como dizem os psicólogos, refletir sobre a morte, procurando entendê-la e aceitá-la, faz bem para nossa saúde mental. Não é errado chorar uma perda, ficar por algum tempo deprimido e triste pelo falecimento de uma pessoa querida. O luto também faz parte de nossas vidas. No início, custamos a acreditar que a vida da pessoa possa ter acabado, sentimos um vazio muito grande, uma tristeza muito grande. Achamos que nunca mais iremos recuperar. Porém, o tempo será um grande amigo e conselheiro, e nossas feridas, aos poucos, irão cicatrizando. Nossa tristeza profunda tornará uma lembrança mais amena e menos sofrida, de uma pessoa que amamos e que, de alguma forma, ainda está conosco.”

Padre Leo Pessini, da Congregação de São Camilo, grande estudioso do assunto, escreve: “Hoje vemos o deslocamento da morte. Já não se morre mais em casa, em meio aos seus. Morre-se sozinho nos hospitais. Ali, a morte não é mais uma ocasião de cerimônia ritualística, presidida pelo moribundo. A morte é um fenômeno médico, causada pela parada de cuidados, declarada por decisão do médico. Hoje, a iniciativa de como morrer e qual a hora da morte, passou dos familiares para os médicos. São eles os donos da morte, do seu momento e de suas circunstâncias”.
Ele continua dizendo: “É preciso evitar a emoção, tanto no hospital como em sua casa. Só se tem direito à emoção e luto particular, às es- condidas. É importante que os amigos, os vizinhos e, principalmente, as crianças não percebam que a morte ocorreu. Não se usam mais sinais de luto, não se usam mais roupas escuras.”

O paciente idoso em fase avançada de qualquer doença grave (câncer, Alzheimer, enfisema), provavelmente pode apresentar como evento final (o que causará diretamente a morte) uma pneumonia, uma infecção generalizada, problema cardíaco ou derrame. Conhecemos vários idosos que, acometidos por problemas cardíacos ou respiratórios graves, foram levados para o hospital (se já não estavam internados) e de lá para a UTI. Imaginemos a cena: seu familiar em fase final de doença severa, com pneumonia grave, com poucas chances de sobreviver, sendo levado para a UTI. 

Os médicos colocarão um tubo na garganta do idoso, que será ligado a uma máquina que irá respirar por ele. Serão administrados antibióticos ainda mais potentes e caros. Irá ser alimentado por uma sonda gástrica. A urina também sairá por outra sonda colocada na uretra até à bexiga. Nestas condições, o idoso poderá ficar “vivo” durante dias ou até semanas. Se perguntarmos aos médicos quais as chances de sobrevivência, eles dirão que são remotas, mas que estão fazendo tudo que está ao alcance de suas possibilidades!

Este paciente certamente irá a óbito sem a presença de sua família, sem o carinho de seus amados. Morrerá como um número (paciente do leito tal), na hora que a medicina “fracassar”. Muito triste, não?

Temos, sim, condições de escolher o que será melhor para nós e para os nossos familiares. O que será mais humano. Um velho ditado sobre o cuidado com o paciente diz que devemos cuidar sempre, curar quando possível e jamais abandonar! Levar a pessoa idosa, em condição de terminalidade, para a UTI, certamente irá parecer abandono. Só se prolonga a vida (é vida?), tentando afastar a morte inevitável. Não seria melhor o idoso ter uma morte mais natural, mais humana?

Por exemplo, dissemos que a doença de Alzheimer é uma doença familiar, onde todos os familiares convivem e compartilham o sofrimento de ter seu amado nessas condições. Se a família não é incluída nas decisões de tratamento e na escolha de sua partida, tudo que foi investido em cuidado poderá se perder. Damos um longo adeus nos anos finais de sua vida, e no momento derradeiro, ficamos ausentes.

Converse com todos os familiares e com o médico a respeito deste texto. Não deixe para a última hora a decisão de como se deve agir nas emergências, na piora da doença. Pense em qual poderia ser a vontade da pessoa idosa. Empregar todos os recursos médicos disponíveis para prolongar a vida, ou não usá-los e ter uma morte mais digna ao lado de seus familiares? Será que a pessoa idosa já se manifestou sobre o assunto? Qual foi seu desejo?

Para finalizar, mais uma reflexão. Vem de Marie de Hennezel, no livro A MORTE ÍNTIMA:
“... o tempo de morrer tem um valor... acompanhar esse tempo exige de todos, uma aceitação diante do inelutável, do inevitável, que é a morte. Isso implica o reconhecimento de nossos limites humanos. Seja qual for o amor que sintamos por alguém, não podemos impedi-lo de morrer, se tal é o seu destino. Também não podemos evitar um certo sofrimento objetivo e espiritual que faz parte do processo de morrer de cada um. Podemos somente impedir que essa parte de sofrimento seja vivida na solidão e no abandono, podemos envolvê-la de humanidade”.

p.s: hoje fazem 61 dias que minha amada mãe está hospitalizada com alzheimer terminal eu e minha irmã não queremos tratamentos evasivos e foi bastante complicada por que suas irmãs queriam que nós esgotasse todos os procedimentos da medicina só que infeliz a doença dela é degenerativa a tendência é só de piora.Mas, não queremos que nossa mãe morra por falta de cuidados médicos o que estão querendo nós negar ela tem um prognóstico e evolução da doença muito avançado somente do dia 13/11 foram 13 tentativas para conseguir um acesso para tomar soro...:( vamos até as últimas consequência para dar um conforto para o seu descanso eterno. 

abs.
Carla
extraído:https://www.facebook.com/cuidardeidosos/?fref=photo

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