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terça-feira, 27 de outubro de 2015

Entendendo o Laudo de Patologia para o Câncer de Mama Avançado


O tecido mamário pode desenvolver anomalias que às vezes são malignas. Normalmente o câncer de mama começa nas células dos lobos (glândulas produtoras de leite) ou dos ductos (passagens que drenam o leite dos lobos para o mamilo). Os cânceres de mama têm muitas características que ajudam a determinar o melhor tratamento.

Anormalidades na Mama 

Um nódulo ou mancha na mama pode ser de células normais ou células cancerosas. Também podem ser células atípicas (entre as normais e as malignas). 

As células cancerosas são células que crescem de forma descontrolada. Elas podem permanecer localizadas ou crescerem no tecido normal ao redor do pequeno tumor original. As células cancerosas também podem se espalhar além da mama. 

O nódulo ou mancha anormal pode ser encontrado numa mamografia ou em outros métodos de diagnóstico. Na biópsia é retirada uma amostra de tecido do nódulo ou da mancha anormal para  verificar a presença (ou não) de células cancerosas. 

O laudo de patologia apontará que tipos de células estão presentes na amostra.

Câncer de Mama Invasivo 

Se o câncer de mama é diagnosticado, é importante saber se a doença se espalhou para fora dos ductos ou dos lobos da mama. 

Os cânceres não invasivos permanecem dentro dos dutos ou lobos na mama. Eles não invadem os tecidos normais dentro ou fora da mama. Os cânceres não invasivos são, às vezes, denominados, in situou pré-cânceres. Eles não têm a capacidade de se espalhar pelo corpo, e não são letais.

Se o tumor atravessa a chamada membrana basal (e portanto passa a invadir tecidos normais e a se disseminar), é denominado invasivo. A maioria dos cânceres de mama são invasivos. Às vezes, as células cancerígenas se espalham para outras partes do corpo através do sistema sanguíneo ou linfático. Quando as células cancerígenas se espalham para outras partes do corpo, é denominado câncer de mama metastático. 

Em alguns casos, um câncer de mama pode ter dois componentes: uma área de tumor invasivo outra com lesão não invasiva. 

O laudo pode conter descrições do tipo de células cancerosas, como: 


  • Carcinoma Ductal in situ - É um tumor não invasivo, que permanece no interior dos dutos mamários.

  • Carcinoma Lobular in situ - É um crescimento excessivo de células que permanecem no interior dos lobos. O carcinoma lobular in situ não é propriamente um câncer, mas, sim um alerta de risco aumentado para o desenvolvimento de um câncer invasivo no futuro.

  • Carcinoma Ductal Invasivo - É um câncer que começa no duto mamário, mas se desenvolve no tecido normal adjacente dentro da mama. Este é o tipo mais comum de câncer de mama.

  • Carcinoma Lobular Invasivo  - É um tumor que começa no interior dos lobos, mas cresce no tecido normal circundante dentro da mama.


Células Cancerosas versus Células Normais

Grau é o quanto as células cancerosas apresentam sinais de agressividade, o quanto elas são diferentes das células normais. A aparência das células cancerosas é comparada com a das células normais da mama, e com base nessas comparações, são atribuídos aos tumores diferentes graus: 


  • Grau 1 (de baixa qualidade ou bem diferenciado) - As células cancerosas de grau 1 parecem um pouco diferentes das células normais. Geralmente, elas tem crescimento lento, são pouco agressivas, se dividem mais lentamente.

  • Grau 2 (nível médio/moderado ou moderadamente diferenciado) - As células cancerosas de grau 2 não se parecem com as células normais. Elas crescem um pouco mais rápido e mais agressivamente que as de Grau 1.

  • Grau 3 (alto grau ou pouco diferenciado) - As células cancerosas de grau 3 são muito diferentes das células normais. Elas são de crescimento rápido, extremamente agressivo.


Crescimento das Células Cancerígenas

O laudo de patologia pode incluir informações sobre a taxa de crescimento da célula, a proporção que as células cancerígenas do tumor estão crescendo e se dividindo para formar novas células cancerosas. Uma porcentagem alta sugere um tumor mais agressivo (crescimento rápido), em vez de um tumor de crescimento lento (menos agressivo). 

Os exames que podem medir a taxa de crescimento celular incluem: 


  • Ki-67 - É uma proteína das células que aumenta à medida que elas se preparam para se dividir em novas células. Um processo de coloração pode determinar a porcentagem de células tumorais, que são positivas para o Ki-67. Quanto mais células positivas houver, mais rapidamente elas estão se dividindo e formando novas células. No câncer de mama, um resultado inferior a 10% é considerado baixo, de 10 a 20% intermédio/limítrofe e mais do que 20% é considerado alto.


Tamanho do Tumor

O tamanho do tumor, em centímetros, é um dos fatores que determina o estágio da doença e o tipo de tratamento do câncer de mama. 

Mas, não basta apenas o tamanho do tumor, todas as características são importantes. Um tumor  pequeno pode ter um crescimento rápido, enquanto um tumor maior pode ser de crescimento lento, e vice-versa. 

Retirada de todo o Tumor

Quando a cirurgia é feita para retirar todo o tumor, o cirurgião procura remover não só o tumor, mas também uma área extra, ou margem, de tecido normal em torno dele, para ter certeza de que todo o câncer é removido. 

A borda externa do tecido removido é denominada margem de ressecção. Ela é analisada com muito cuidado para ver se está livre de células cancerígenas. O patologista também determina a distância entre as células cancerígenas e a margem. 

As margens em torno do tumor são descritas de três maneiras: 


  • Negativa - Não existem células cancerígenas visíveis na borda exterior. Normalmente, não é necessária mais cirurgia.

  • Positiva - Existem células cancerígenas até a borda do tecido retirado. Cirurgia geralmente é necessária para remover as células cancerígenas remanescentes.

  • Próxima - Existem células cancerígenas próximas à borda do tecido, mas não ultrapassaram esta borda. Pode ser necessária mais uma cirurgia.


Gânglios Linfáticos e Vasos Sanguíneos

A mama tem uma rede de canais linfáticos e vasos sanguíneos que drenam líquidos e sangue do tecido mamário de volta à circulação do corpo. Estas vias removem sangue e resíduos.  

Existe um risco aumentado de recidiva quando células cancerígenas são encontradas nos gânglios linfáticos da mama. Nestes casos, o médico pode personalizar o tratamento para reduzir este risco. 

Se for encontrada invasão linfática ou vascular, será descrito no laudo. Se não houver invasão, o laudo apontará como ausente. 

Importante: Invasão linfática ou vascular é diferente de comprometimento dos linfonodos.

Células Cancerígenas nos Gânglios Linfáticos

O médico examinará os linfonodos da paciente para verificar se contêm câncer. A presença de células cancerígenas nos gânglios linfáticos axilares está associada a um risco aumentado de metástase. 

Os linfonodos são como filtros ao longo da cadeia linfática. A linfa deixa a mama e, eventualmente, volta à corrente sanguínea. Os linfonodos tentam capturar as células cancerígenas antes que elas atinjam outras partes do corpo. 

Quando os linfonodos estão livres de doença o resultado dos exames é denominado negativo. Se os linfonodos contêm células cancerígenas, são chamados de positivo.

Envolvimento dos Linfonodos

Quanto mais gânglios linfáticos contenham células cancerosas, mais alto o grau de comprometimento da doença. Dessa forma, o número de linfonodos envolvidos é importante para uma tomada de decisão sobre o tipo de tratamento. 

Comprometimento dos Linfonodos

O laudo pode também informar a intensidade de doença em cada linfonodo: 


  • Microscópica - O linfonodo contêm apenas algumas células cancerígenas ou foco menor que 2mm, às vezes só visíveis ao microscópio.
  • Macroscópica - Existe uma quantidade de doença no linfonodo maior que 2 mm, visíveis a olho nu.
  • Extensão Extracapsular - O tumor se espalhou além dos linfonodos.


Tumores de Mama e Receptores Hormonais

Um tumor é chamado de ER-positivo (Receptor de Estrógeno positivo) se tem receptores para o hormônio estrogênio. E PR-positivo se tem receptores para o hormônio progesterona. As células da mama que não tem receptores são negativas (ER e PR negativos). 

Os tumores de mama que são ER-positivo, PR-positivo ou ambos tendem a responder à terapia hormonal. A hormonioterapia é a administração de medicamentos que reduzem a quantidade de estrogênio no corpo ou que bloqueia os receptores de estrogênio. 

Se o tumor não tem receptores hormonais, ainda existem tratamentos disponíveis. 

Os resultados de um receptor hormonal podem ser apresentados como: 


  • Número de células com receptores, de 100 células testadas - Um número entre 0% (nenhuma tem receptor) e 100% (todas têm receptores).

  • Contagem Allred entre 0 e 8 - Este sistema de pontuação analisa qual a porcentagem de células receptoras de hormônio positiva e a forma como esses receptores aparecem após coloração, denominado intensidade. Essas informações são combinadas e mostradas numa escala de 0 a 8. Quanto maior a pontuação, mais receptores foram encontrados na amostra.

  • Positivo ou negativo.


Nota: Mesmo que seu laudo mostre apenas "positivo" ou "negativo", solicite ao seu médico ou ao laboratório o número de células (porcentuais) que possuem receptores. Isso é importante, pois às vezes um valor baixo pode ser considerado negativo. Mas, mesmo os tumores com pequenas quantidade de receptores hormonais podem responder à hormonioterapia. E um resultado positivo elevado é importante porque prevê uma boa resposta à terapia hormonal.

Genes que afetam a Forma de Tratamento do Câncer de Mama Avançado

Os genes contêm fórmulas para as várias proteínas que uma célula necessita para se manter saudável e funcionar normalmente. Alguns genes e as proteínas produzidas podem influenciar o comportamento de câncer de mama e como ele pode responder a um determinado tratamento. As células cancerígenas de uma amostra de tecido podem ser testadas para se saber quais genes são normais ou anormais. As proteínas produzidas também podem ser testadas. 

Se a sequência genética contém um erro, o laudo apontará como mutação genética ou anomalia genética. Um exemplo é uma das anormalidades genéticas hereditárias que predispõe ao câncer de mama, as denominadas mutações de BRCA1 ou BRCA2. O teste para BRCA1 e BRCA2 não faz parte do estudo histopatológico padrão, devendo ser solicitado em amostra de sangue da paciente em questão.

Em determinadas situações, um gene pode ser amplificado. Amplificação genética acontece quando a instrução ou sequência do gene é repetida  de maneira anormal, frequentemente levando à produção excessiva da proteína por ele codificada. 
 
HER2 - O laudo de patologia geralmente inclui o estado de HER2 do tumor. O gene HER2 é responsável pela produção de proteínas HER2. Estas proteínas são receptores nas células de mama. Em circunstâncias normais, os receptores HER2 controlam a forma como uma célula mamária cresce, divide e se repara. Mas, em cerca de 20% dos tumores de mama, o gene HER2 pode se tornar anormal e fazer muitas cópias de si próprio (amplificação do gene HER2). Os genes HER2 amplificados ordenam às células mamárias a produzir muitos receptores (hiperexpressão da proteína HER2). Quando isso acontece, os receptores HER2 hiperexpressos fazem com que as células da mama cresçam e se dividam de forma descontrolada, o que pode levar ao desenvolvimento do câncer de mama bastante agressivo. 

Os tumores de mama que têm os genes HER2 amplificados ou que hiperexpressam a proteína HER2 são descritos no laudo de patologia como positivo para HER2. Os tumores de mama HER2 positivos tendem a crescer mais rapidamente e são mais propensos a se espalhar e recidivar quando comparados com tumores de mama HER2 negativos. Mas, os tumores de mama HER2 positivos podem responder a terapias alvo projetados contra as células cancerígenas HER2-positivo. 

Existem quatro exames para avaliar HER2: 

Exame imunohistoquímico:

  • O exame imunohistoquímico mostra se existe muita proteína receptora de HER2 nas células cancerígenas.
  • Os resultados do exame imunohistoquímico podem ser de 0 (negativo), 1+ (também negativo), 2+ (limítrofe), ou 3+ (positivo, a proteína HER2 é hiperexpressa). 


Hibridização Fluorescente in situ (FISH):

  • O FISH mostra se existem muitas cópias do gene HER2 nas células cancerígenas.
  • Os resultados do FISH podem ser positivo (cópias do gene HER2 amplificação extra) ou negativo (número normal de cópias do gene HER2-não amplificado). 


Exame Ponto-Light HER2 CISH (Subtração Probe Tecnologia Cromogênica Hibridização In Situ): 

  • O teste CISH mostra se existe muitas cópias do gene HER2 nas células cancerígenas.
  • Os resultados desse teste podem ser positivo (cópias com amplificação extra) ou negativo (número normal de cópias não amplificadas). 


Exame HER2 dupla Hibridização In Situ: 

  • O laudo HER2 dupla hibridização in situ mostra se existe muitas cópias do gene HER2 nas células cancerígenas.
  • Os resultados desse teste podem ser positivo (cópias amplificadas extras) ou negativo (número normal de cópias não amplificadas). 


As pesquisas mostraram que alguns resultados dos testes de status HER2 podem estar errados. Isto é provavelmente devido a que diferentes laboratórios têm testes, além de existir um componente de interpretação dependente do patologista. Cada patologista também pode interpretar o que está vendo com critérios ligeiramente diferentes. 

Ensaios de Genômica - Ao contrário dos exames individuais dos genes, como HER2, os ensaios genômicos analisam a atividade do grupo de genes normais e anormais que podem aumentar o risco da recidiva após o tratamento. Esta análise ajuda a decidir se um paciente é susceptível de se beneficiar de quimioterapia para reduzir o risco da recidiva. Uma série de testes genômicos para o câncer de mama estão atualmente disponíveis, incluindo Oncotype DX, MammaPrint e PAM50. 

Os resultados da análise genômica são reportados separadamente do laudo de patologia. Os resultados do teste indicam a probabilidade de uma recidiva com base no padrão geral de atividade do gene encontrado nas células do câncer de mama. O médico pode usar essas informações para decidir se a quimioterapia para reduzir o risco da recidiva faz sentido em determinado esquema de tratamento. 

Atualmente o maior uso destes testes como Oncotype e MammaPrint reside no fato de que com base na informação por eles gerada se pode muitas vezes deixar de administrar quimioterapia, seja porque o teste indica que ela não seria necessária, seja porque o teste sugere que ela não seria eficaz.

obs. conteúdo meramente informativo procure seu médico
abs.
Carla
extraído:http://www.oncoguia.org.br/conteudo/entendendo-o-laudo-de-patologia/6295/806/

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